Editando O Montanhês

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Se na oposição estava a '''A Montanha''', na situação tinha '''A Gazeta''', dirigida pelo advogado Haley Lopes Bello e tendo como tipógrafo Pedro Nogueira, que obviamente  passou a ser conhecido como ''Pedro Gazeta''. E é sobre um escorregão deste jornal, que o ''Montanhês'' satiriza pela primeira vez em 5 de dezembro de 1948.  Um certo réu teria sido “absorvido" pelo advogado Bello.
 
Se na oposição estava a '''A Montanha''', na situação tinha '''A Gazeta''', dirigida pelo advogado Haley Lopes Bello e tendo como tipógrafo Pedro Nogueira, que obviamente  passou a ser conhecido como ''Pedro Gazeta''. E é sobre um escorregão deste jornal, que o ''Montanhês'' satiriza pela primeira vez em 5 de dezembro de 1948.  Um certo réu teria sido “absorvido" pelo advogado Bello.
 
 
''Eis um ‘belo’ advogado''  
+
''Eis um ‘belo’ advogado   
''Que põe alma na defesa'' 
+
''E o homem - tento contado -''
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''Vai pra rua com certeza...''
+
''Pois manejando o Direito'' 
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''Vejam só, meu Deus do céu –''
+
''É preciso ser perfeito'' 
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''Para ‘absorver’ o réu!...''
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(Numa nota no pé do poema, o ''Montanhês'' avisa que "absorvido" quer dizer "engolido, consumido, recolhido em si").
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''Que põe alma na defesa''
  
No poema seguinte ('''A Montanha''', nº 34, 121248), o ''Montanhês'' satiriza a ordem do prefeito do PSD, João Batista Lopes, para que o Posto de Saúde só funcionasse do meio-dia às 16 horas. Há no poema uma notável atualidade sobre a saúde pública.
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''E o homem - tento contado -''  
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''Vai pra rua com certeza...''  
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''Pois manejando o Direito'' 
  
''Muito bem, Senhor Prefeito!''
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''Vejam só, meu Deus do céu –''  
''Tudo tem que ser bem feito'' 
+
   
''Ordem em tudo, isto sim!'' 
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''É preciso ser perfeito''   
''Somente o que não tem hora'' 
+
''E que entra noite afora'' 
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''É bilhar ou botequim'' 
+
''Se é pobre, cambuiense''
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''O Posto é teu, te pertence'' 
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''Respeita, porém, o trato:'' 
+
''Se tu ficares doente'' 
+
''Assim, sem mais, de repente'' 
+
''‘Tem que ser’ das doze às quatro!'' 
+
''Se tiveres congestão'' 
+
''Ou mesmo intoxicação'' 
+
''Dor de calo, ou outra dor'' 
+
''Podes ficar sossegado'' 
+
''Serás logo medicado'' 
+
''No Posto pelo doutor'' 
+
''Mas, por Deus, tenhas juízo!'' 
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''Lembras-te sempre do aviso''
+
''Esquecê-lo é fatal!''  
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''Se chegares adoecer'' 
+
''É preciso, ‘tem que ser''  
+
''das doze às quatro! Que tal?!..."''
+
  
Em 19 de dezembro de 1948, a sátira do ''Montanhês'' ataca o prefeito naquilo que é matéria-prima de todas as sátiras: a moralidade pública. Caminhões do prefeito estariam sendo pagos por serviços prestados à Prefeitura sem concorrência. No meio da sátira, os trocadilhos com a palavra "sal" se referem ao contrabando do produto feito durante a Segunda Guerra.  
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''Para ‘absorver’ o réu!...''
  
''"A Gazeta" domingo vinha'' 
+
Numa nota no pé do poema, o ''Montanhês'' avisa que "absorvido" quer dizer "engoli¬do, consumido, recolhido em si".  
''Distribuindo louvaminha''
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''Ao nosso "caro" prefeito:'' 
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''"No começo foi ferreiro..''. 
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''Em ser honesto, o primeiro:''
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''Homem limpo e é direito!...''
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''Depois num grande salseiro'' 
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''Quem ganhou muito dinheiro'' 
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''Com a guerra, aos montões?'' 
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''Salvando esse salvatério'' 
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''Do comentário, o critério'' 
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''Do caso dos caminhões!'' 
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''Co'esse recurso confuso'', 
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''De guerra... caminho escuso...'' 
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''Câmbio negro... (Que embrulhões!)'' 
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''"A Gazeta" deu resposta'' 
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''À história (sem proposta)'' 
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''Do caso dos caminhões!...''
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''Vale à salvante embrulhada'' 
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''(Lenga-lenga salmodiada)'' 
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''Que "inocenta" os chefões!'' 
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''Salvaguarda da aparência'' 
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''(Salário sem concorrência)'' 
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''Do caso dos caminhões!...''
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''Que o Prefeito foi ferreiro''
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''Teve...e tem dinheiro...''
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''De acordo, sem senões!...''
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''Mas — que diabo! — em que ficou'' 
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''("A Montanha" publicou)'' 
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''O caso dos caminhões?..."''
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No número seguinte, de 26 de dezembro de 1948, o ''Montanhês'' volta a pegar um besterol publicado na '''A Gazeta'''. O jornal do PSD, através do seu colunista "Mutuca" (Não se sabe até hoje a identidade correta do "Mutuca", entretanto as suspeitas recaem sobre Antônio Anastácio de Moraes, o "Tonho do Nico", funcionário publico), deseja que o número de placas colocadas em Cambuí pelo prefeito João Lopes seja bem maior do que as colo¬cadas pelo ex-prefeito, também do PSD, José Nascimento.
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No poema seguinte ('''A Montanha''', nº 34, 121248), o "Montanhês" satiriza a ordem do prefeito do PSD, João Batista Lopes, para que o Posto de Saúde só funcionasse do meio-dia às 16 horas. Há no poema uma notável atualidade sobre a saúde pública.
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''Muito bem, Senhor Prefeito!''
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''Tudo tem que ser bem feito'' 
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''E que entra noite afora'' 
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''Se é pobre, cambuiense''
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''O Posto é teu, te pertence'' 
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''Respeita, porém, o trato:'' 
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''Se tu ficares doente'' 
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''Assim, sem mais, de repente'' 
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''‘Tem que ser’ das doze às quatro!'' 
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''Se tiveres congestão'' 
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''Ou mesmo intoxicação'' 
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''Dor de calo, ou outra dor'' 
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''Serás logo medicado'' 
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''No Posto pelo doutor'' 
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''Mas, por Deus, tenhas juízo!'' 
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''Se chegares adoecer'' 
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''das doze às quatro! Que tal?!..."''
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Em 19 de dezembro de 1948, a sátira do '''Montanhês''' ataca o prefeito naquilo que é matéria-prima de todas as sátiras: a moralidade pública. Caminhões do prefeito estariam sendo pagos por serviços prestados à Prefeitura sem concorrência. No meio da sátira, os trocadilhos com a palavra "sal" se referem ao contrabando do produto feito durante a Segunda Guerra.
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Ao nosso "caro" prefeito:'' 
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''Quem ganhou muito dinheiro'' 
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''("A Montanha" publicou)'' 
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''O caso dos caminhões?..."''
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No número seguinte, de 26 de dezembro de 1948, o '''Montanhês''' volta a pegar um besterol publicado na '''A Gazeta'''. O jornal do PSD, através do seu colunista "Mutuca" (Não se sabe até hoje a identidade correta do "Mutuca", entretanto as suspeitas recaem sobre Antônio Anastácio de Moraes, o "Tonho do Nico", funcionário publico), deseja que o número de placas colocadas em Cambuí pelo prefeito João Lopes seja bem maior do que as colo¬cadas pelo ex-prefeito, também do PSD, José Nascimento.
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''De São Paulo, o Mutuca'' 
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''Em carta, agora, cutuca'' 
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''O prefeito a emplacamento'' 
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''Placas e placas sem fim:'' 
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''‘Placas em tudo! Vá por mim'' 
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''Siga o José Nascimento’'' 
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''Quanto a isso, não contesto'' 
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''E a favor me manifesto'' 
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''Do tal da placamania!'' 
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''Meteu placa em todo o lado'' 
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''Da cadeia ao mercado...'' 
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''Salve o ‘ex’ da placaria!...''
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''E aqueles que inda virão'' 
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''É certo, lembrar-se-ão'' 
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''Desse governo a...placável'' 
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''Que com placa...bilidade'' 
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''Governou nossa cidade'' 
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''Fazendo tudo notável'' 
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''Segui-lo deve o Prefeito'' 
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''Emplaque todo o seu feito'' 
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''Eis uma ideia aplicável''
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''E não quero implicar:'' 
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''Tente com a placa aplacar'' 
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''O murmúrio im...placável.''
  
''De São Paulo, o Mutuca'' 
 
''Em carta, agora, cutuca'' 
 
''O prefeito a emplacamento'' 
 
''Placas e placas sem fim:'' 
 
''‘Placas em tudo! Vá por mim'' 
 
''Siga o José Nascimento’'' 
 
''Quanto a isso, não contesto'' 
 
''E a favor me manifesto'' 
 
''Do tal da placamania!'' 
 
''Meteu placa em todo o lado'' 
 
''Da cadeia ao mercado...'' 
 
''Salve o ‘ex’ da placaria!...''
 
''E aqueles que inda virão'' 
 
''É certo, lembrar-se-ão'' 
 
''Desse governo a...placável'' 
 
''Que com placa...bilidade'' 
 
''Governou nossa cidade'' 
 
''Fazendo tudo notável'' 
 
''Segui-lo deve o Prefeito'' 
 
''Emplaque todo o seu feito'' 
 
''Eis uma ideia aplicável''
 
''E não quero implicar:'' 
 
''Tente com a placa aplacar'' 
 
''O murmúrio im...placável.''
 
  
 
O último poema do "Montanhês" apareceu no número 37 de '''A Montanha''', de 2 de janeiro de 1949. Um surpreendente defeito mecânico num gramofone revela o político.
 
O último poema do "Montanhês" apareceu no número 37 de '''A Montanha''', de 2 de janeiro de 1949. Um surpreendente defeito mecânico num gramofone revela o político.
  
''Possuía meu conhecido''   
+
''Possuía meu conhecido''   
''Alguns discos e um gramofone'' 
+
''E ao sentir-se aborrecido'' 
+
''Entediado ou mesmo insone'' 
+
''Infalível ser ouvido'' 
+
''Para as mágoas espantar'' 
+
''Polcas e valsas chorosas'' 
+
''Dessas próprias pra ninar...''
+
''E o que mais me divertia'' 
+
''(Ficando ele atrapalhado)'' 
+
''Era um disco em qual se ouvia'' 
+
''Um discurso tão gozado'' 
+
''Dum político que existia'' 
+
''Numa vila, o Sô Leutério'' 
+
''Nele o tal se elogiava'' 
+
''E num rompante exclamava'' 
+
''- Eu sou um homem muito sério!'' 
+
''É que tanto ele tocava'' 
+
''O disco veio a estragar.''
+
''A agulha não avançava'' 
+
''E o pobre do Só Leutério'' 
+
''Começando a discursar'' 
+
''Exclamava sem cessar'' 
+
"''Sério... sério... sério..."''
+
''Assim é o caso presente'' 
+
''Da Gazeta com o Prefeito'' 
+
''"Homem honesto e direito?"'' 
+
''Ele somente! Ele só...mente"''
+
  
O último número, 129, de '''A Montanha''' circulou em 10 de dezembro de 1950.  Com a chamada ''A quebra da luz'', o jornal ficou sem energia elétrica para ser impresso. ''Zé Montanha'' mudou-se com família para São Paulo.  
+
''Alguns discos e um gramofone''   
  
 +
''E ao sentir-se aborrecido'' 
  
''Luís Carlos Silva Eiras''
+
''Entediado ou mesmo insone''
  
== Referências ==
+
''Infalível ser ouvido'' 
  
[[A Montanha, jornal]]
+
''Para as mágoas espantar'' 
  
[[A Gazeta, jornal]]
+
''Polcas e valsas chorosas'' 
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''Dessas próprias pra ninar...''
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''E o que mais me divertia'' 
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''(Ficando ele atrapalhado)'' 
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''Era um disco em qual se ouvia'' 
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''Um discurso tão gozado'' 
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''Dum político que existia'' 
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''Numa vila, o Sô Leutério'' 
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''Nele o tal se elogiava'' 
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''E num rompante esclamava'' 
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''- Eu sou um homem muito sério!'' 
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''É que tanto ele tocava'' 
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''O disco veio a estragar.''
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''A agulha não avançava'' 
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''E o pobre do Só Leutério'' 
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''Começando a discursar'' 
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''Exclamava sem cessar'' 
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"''Sério... sério... sério..."''
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''Assim é o caso presente'' 
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''Da Gazeta com o Prefeito'' 
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''"Homem honesto e direito?"'' 
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''Ele somente! Ele só...mente"''
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''Luís Carlos Silva Eiras''

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