Editando João Belisário, sua vida e seus crimes

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'''José dos Reis''', patrono da ACLAC
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'''José dos Reis'''
 
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== Prefácio ==
 
== Prefácio ==
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Apaixonado pela música, ganhou um concurso musical, tendo seu maxixe “Maluco” incluído no disco “Mozart e sua bandinha: onde canta o sabiá”, gravado pela RCA Victor no ano de 1958.  
 
Apaixonado pela música, ganhou um concurso musical, tendo seu maxixe “Maluco” incluído no disco “Mozart e sua bandinha: onde canta o sabiá”, gravado pela RCA Victor no ano de 1958.  
  
Em meados de março de 1958 fundou o ''Nosso Jornal'', um dos melhores órgãos de imprensa de toda história joanopolense, exímio jornalista, cuidadoso revisor, bom redator e grande cronista. Ao ''Nosso Jornal'' devemos muito da divulgação e perpetuação da nossa história. Apesar de toda dificuldade financeira conseguiu manter este importante órgão da imprensa até o ano de 1963. No jornalismo ainda foi colaborador do ''O Piracaieanse'' e a ''A Gazeta de Cambuí'', com crônicas, reportagens, contos e poesia.  
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Em meados de março de 1958 fundou o ''Nosso Jornal'', um dos melhores órgãos de imprensa de toda história joanopolense, exímio jornalista, cuidadoso revisor, bom redator e grande cronista. Ao “Nosso Jornal” devemos muito da divulgação e perpetuação da nossa história. Apesar de toda dificuldade financeira conseguiu manter este importante órgão da imprensa até o ano de 1963. No jornalismo ainda foi colaborador do ''O Piracaieanse'' e a ''A Gazeta de Cambuí'', com crônicas, reportagens, contos e poesia.  
  
 
Ainda nas letras escreveu o livro '''João Belisário, sua vida e seus crimes''', publicado em 1955, contando a saga deste matador de aluguel da primeira metade do século passado, na região sul-mineira e zona Bragantina, bem como o conto “Desafortunados” - livreto publicado em 1950 - e o livro “Miscelânea” que, infelizmente, não teve a oportunidade de publicar.  
 
Ainda nas letras escreveu o livro '''João Belisário, sua vida e seus crimes''', publicado em 1955, contando a saga deste matador de aluguel da primeira metade do século passado, na região sul-mineira e zona Bragantina, bem como o conto “Desafortunados” - livreto publicado em 1950 - e o livro “Miscelânea” que, infelizmente, não teve a oportunidade de publicar.  
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Esse grande mestre e profundo colaborador - em todos os sentidos - do município de Joanópolis casou-se em 26 de novembro de 1921, em Cambuí, Minas Gerais, com D. Maria Amélia dos Santos (depois conhecida por Maria dos Santos Reis), com quem teve nove filhos: Jabes, Nadir, Jercy, Jessé, Naide, Nereide, Antônia, Jader e Nilza, sendo estes dois últimos naturais de Joanópolis e os demais da cidade de Cambuí, onde residia. Faleceu em 15 de abril de 1969, aos setenta anos de idade, sendo até hoje lembrado com carinho e admiração pelo nosso povo.  
 
Esse grande mestre e profundo colaborador - em todos os sentidos - do município de Joanópolis casou-se em 26 de novembro de 1921, em Cambuí, Minas Gerais, com D. Maria Amélia dos Santos (depois conhecida por Maria dos Santos Reis), com quem teve nove filhos: Jabes, Nadir, Jercy, Jessé, Naide, Nereide, Antônia, Jader e Nilza, sendo estes dois últimos naturais de Joanópolis e os demais da cidade de Cambuí, onde residia. Faleceu em 15 de abril de 1969, aos setenta anos de idade, sendo até hoje lembrado com carinho e admiração pelo nosso povo.  
  
Como as palavras têm poder, não poderia deixar de citar um trecho da matéria do jornal ''Segunda Juventude'', do ano de 1972, escrito por Alfredo Ênio Duarte: ''Algum dia, quando contemplarmos uma rua ou avenida de Joanópolis, em cuja placa figure o nome de José dos Reis, reverenciaremos o jornalista, o escritor, o maestro, o amante da língua portuguesa e o mais autêntico joanopolense de outras terras''. Décadas mais tarde, uma das ruas de nossa cidade passou a ostentar o nome de '''Maestro José dos Reis'''. E a biblioteca da Escola Vicente Camargo Fonseca, desde 24 de junho de 1996, o tem por patrono.  
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Como as palavras têm poder, não poderia deixar de citar um trecho da matéria do jornal ''Segunda Juventude'', do ano de 1972, escrito por Alfredo Ênio Duarte: A''lgum dia, quando contemplarmos uma rua ou avenida de Joanópolis, em cuja placa figure o nome de José dos Reis, reverenciaremos o jornalista, o escritor, o maestro, o amante da língua portuguesa e o mais autêntico joanopolense de outras terras''. Décadas mais tarde, uma das ruas de nossa cidade passou a ostentar o nome de “Maestro José dos Reis”. E a biblioteca da Escola Vicente Camargo Fonseca, desde 24 de junho de 1996, o tem por patrono.  
  
 
A José dos Reis e família, nosso eterno agradecimento.
 
A José dos Reis e família, nosso eterno agradecimento.
  
''Valter Cassalho''
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''Valter Cassalho'', 8 de novembro de 2013
  
 
== Introdução ==
 
== Introdução ==
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Se tivéssemos cultura faríamos obra melhor, ampliada, mas os nossos conhecimentos se limitam aos adquiridos em três anos nos bancos de um velho Grupo Escolar, na ocasião sob a direção do bondoso professor Maximiano José de Brito Lambert. Que o amigo feche os olhos aos gatos e gatinhos que neste livrete encontrar. É o nosso pedido.
 
Se tivéssemos cultura faríamos obra melhor, ampliada, mas os nossos conhecimentos se limitam aos adquiridos em três anos nos bancos de um velho Grupo Escolar, na ocasião sob a direção do bondoso professor Maximiano José de Brito Lambert. Que o amigo feche os olhos aos gatos e gatinhos que neste livrete encontrar. É o nosso pedido.
  
''Joanópolis, setembro de 1955.''
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Joanópolis, setembro de 1955.
 
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== Capítulo I ==
 
== Capítulo I ==
  
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Dias depois do fato delituoso o criminoso apresenta-se à prisão declarando ter praticado o crime por questões de honra, pois seu padrasto havia faltado com o devido respeito para com sua senhora, sendo então recolhido à Cadeia Pública de Cambuí. Um dia, porém, quando fazia os serviços de faxina, fora da prisão, driblou o guarda Izaque, baixinho e meio sardento, fugindo espetacularmente às oito horas da manhã indo homiziar-se num cafezal, ao alto de uma serra, pertencente a um seu amigo, fazendeiro no bairro denominado Fazenda dos Soares, entre Anhumas e Vargem do Paiol. Depois de um descanso de quase três meses fora do xilindró, João Belisário apresenta-se novamente à prisão para ser submetido a julgamento, alcançando a absolvição pela dirimente da completa perturbação dos sentidos e da inteligência no ato de praticar o crime. Absolvido, Belisário volta ao seu bairro continuando a viver honestamente e como homem trabalhador.
 
Dias depois do fato delituoso o criminoso apresenta-se à prisão declarando ter praticado o crime por questões de honra, pois seu padrasto havia faltado com o devido respeito para com sua senhora, sendo então recolhido à Cadeia Pública de Cambuí. Um dia, porém, quando fazia os serviços de faxina, fora da prisão, driblou o guarda Izaque, baixinho e meio sardento, fugindo espetacularmente às oito horas da manhã indo homiziar-se num cafezal, ao alto de uma serra, pertencente a um seu amigo, fazendeiro no bairro denominado Fazenda dos Soares, entre Anhumas e Vargem do Paiol. Depois de um descanso de quase três meses fora do xilindró, João Belisário apresenta-se novamente à prisão para ser submetido a julgamento, alcançando a absolvição pela dirimente da completa perturbação dos sentidos e da inteligência no ato de praticar o crime. Absolvido, Belisário volta ao seu bairro continuando a viver honestamente e como homem trabalhador.
  
Decorrido um ano após o sensacional julgamento na cidade, corre o boato de que Belisário bate constantemente em sua mãe por ter descoberto ter sido ela a causa que determinou a morte de seu padrasto, pois tudo não passara de intriga e invencionice da velha Maria Cassalho que, fazendo do filho um instrumento de sua maldade, desvencilhara-se facilmente do marido. Pela autoridade policial da comarca foi iniciado processo criminal contra a progenitora de Belisário.
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Decorrido um ano após o sensacional julgamento na cidade, corre o boato de que Belisário bate constantemente em sua mãe por ter descoberto ter sido ela a causa que determinou a morte de seu padrasto, pois tudo não passara de intriga e invencionice da velha Maria Cassalho que, fazendo do filho um instrumento de sua maldade, desvencilhara-se facilmente do marido. Pela autoridade policial da comarca foi iniciado processo criminal contra a progenitora de Belisário.
  
 
== Capítulo II ==
 
== Capítulo II ==
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Quando menos esperava estava à entrada de Camanducaia sob um sol quente e abrasador. O relógio da Matriz da cidade, nesse momento, anunciou, em badaladas firmes e sonoras, as dez horas da manhã. À minha mente veio então a figura de Belisário, tagarelando pelos botequins da cidade contando sua vida e suas façanhas — e ao ver-me, de longe, vir correndo para mim, sorrindo e contente, para descrever-me seus crimes. Diante de tais pensamentos não vacilei nem hesitei tomando a primeira rua da direita, deserta e sem moradores, indo sair um pouco acima da caixa d’água, na saída para Itapeva. Não havia ainda caminhando duzentos metros depois que deixara a cidade quando ouvi o galopar de um animal que, segundo me parecia, vinha de rédeas soltas e a toda velocidade. Voltando-me na sela quase tive um desmaio ao reconhecer no cavaleiro que galopava, querendo me alcançar, o conterrâneo João Belisário, trazendo ao ombro a sua inseparável “44”. Quando alcançou-me eu não sabia onde estava, a cor que tinha no rosto e se sofria de tremedeira.
 
Quando menos esperava estava à entrada de Camanducaia sob um sol quente e abrasador. O relógio da Matriz da cidade, nesse momento, anunciou, em badaladas firmes e sonoras, as dez horas da manhã. À minha mente veio então a figura de Belisário, tagarelando pelos botequins da cidade contando sua vida e suas façanhas — e ao ver-me, de longe, vir correndo para mim, sorrindo e contente, para descrever-me seus crimes. Diante de tais pensamentos não vacilei nem hesitei tomando a primeira rua da direita, deserta e sem moradores, indo sair um pouco acima da caixa d’água, na saída para Itapeva. Não havia ainda caminhando duzentos metros depois que deixara a cidade quando ouvi o galopar de um animal que, segundo me parecia, vinha de rédeas soltas e a toda velocidade. Voltando-me na sela quase tive um desmaio ao reconhecer no cavaleiro que galopava, querendo me alcançar, o conterrâneo João Belisário, trazendo ao ombro a sua inseparável “44”. Quando alcançou-me eu não sabia onde estava, a cor que tinha no rosto e se sofria de tremedeira.
  
Com seu animal juntinho ao meu, tão paralelos que os nossos pés se encontravam, João Belisário foi logo dizendo:  
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Com seu animal juntinho ao meu, tão paralelos que os nossos pés se encontravam, João Belisário foi logo dizendo: — “Olá, José, você por estas bandas? Como vai o nosso povinho, a sua família, os nossos amigos?” Fazendo um esforço supremo consegui gesticular qualquer coisas como a dizer-lhe que o povo ia bem, com saúde e, aliás, satisfeito, ao mesmo tempo em que também lhe perguntava pela família, como estava passando e se estava dando algumas voltinhas.
 
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— “Olá, José, você por estas bandas? Como vai o nosso povinho, a sua família, os nossos amigos?” Fazendo um esforço supremo consegui gesticular qualquer coisas como a dizer-lhe que o povo ia bem, com saúde e, aliás, satisfeito, ao mesmo tempo em que também lhe perguntava pela família, como estava passando e se estava dando algumas voltinhas.
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— Estou, respondeu-me ele, continuando com a palavra: com a crise que ora atravessamos, você sabe, não podemos parar. Em casa não se ganha nada e a gente andando um pouco algum negócio sempre se arranja.
 
— Estou, respondeu-me ele, continuando com a palavra: com a crise que ora atravessamos, você sabe, não podemos parar. Em casa não se ganha nada e a gente andando um pouco algum negócio sempre se arranja.
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Não sendo um criminoso como Antônio Silvino, Dioguinho ou Lampião, Belisário só nos incomodará se a nossa morte interessar a alguém que disponha de dinheiro e coragem para mandar nos matar. Ao contrário disso, João Belisário é bom, inofensivo e até capaz de praticar o bem em consonância com a sua voz meiga, macia, atraente, delicada e cativante.
 
Não sendo um criminoso como Antônio Silvino, Dioguinho ou Lampião, Belisário só nos incomodará se a nossa morte interessar a alguém que disponha de dinheiro e coragem para mandar nos matar. Ao contrário disso, João Belisário é bom, inofensivo e até capaz de praticar o bem em consonância com a sua voz meiga, macia, atraente, delicada e cativante.
 
== Referências: ==
 
 
[[ACLAC, patrono José dos Reis]]
 
 
[[Desafortunados]]
 

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