Mudanças entre as edições de "ACLAC - patrona Ana Bueno"

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na parede – pichada com carvão – a frase “Dona Ana é bonita”. Meu pai, o Zico do Tota, homem calmo, ficou possesso.Esbravejou furioso  
 
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querendo descobrir o autor de tamanho vandalismo. Minha mãe, a Dona Ana, sorria e dizia: “Veja, Zico, não tem um erro de ortografia, o  
 
querendo descobrir o autor de tamanho vandalismo. Minha mãe, a Dona Ana, sorria e dizia: “Veja, Zico, não tem um erro de ortografia, o  
traçado das letras é perfeito”. Era assim a D. Ana: uma apaixonada pela profissão. Profissão, aliás, que não aprendeu em bancos de  
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traçado das letras é perfeito”. Era assim a Dona Ana: uma apaixonada pela profissão. Profissão, aliás, que não aprendeu em bancos de  
 
escolas, pois era leiga, mas “possuía a arte de ensinar”. Foi “alfabetizadora ímpar, esforçada ... preparava-se sozinha, descobria o  
 
escolas, pois era leiga, mas “possuía a arte de ensinar”. Foi “alfabetizadora ímpar, esforçada ... preparava-se sozinha, descobria o  
 
método, o modo e  tinha o jeito de moldar seus alunos desde os primeiros rabiscos até chegar a alfabetizá-los”. Com relação a isso disse  
 
método, o modo e  tinha o jeito de moldar seus alunos desde os primeiros rabiscos até chegar a alfabetizá-los”. Com relação a isso disse  
uma sua ex aluna: “Eu me lembro a cor do vestido que D.ª Ana Bueno costumava usar. Fico pensando que, se transportasse o tempo, hoje ela  
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uma sua ex aluna: “Eu me lembro a cor do vestido que Dona Ana Bueno costumava usar. Fico pensando que, se transportasse o tempo, hoje ela  
estaria colocada na primeira fileira dos grandes atores e atrizes, tal era a atração que exercia em seus alunos... D. Ana,  a grande  
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estaria colocada na primeira fileira dos grandes atores e atrizes, tal era a atração que exercia em seus alunos... Dona Ana,  a grande  
 
mestra que alfabetizou centenas de crianças em Cambuí.”
 
mestra que alfabetizou centenas de crianças em Cambuí.”
  

Edição atual tal como às 08h59min de 12 de novembro de 2015

Maria Virginia Lambert, da ACLAC

Pediram-me para falar de Dona Ana Bueno. Tarefa fácil e das mais difíceis. Fácil porque Dona Ana é minha mãe. Difícil, pois como falar imparcialmente de uma pessoa tão próxima e tão querida!?

Resolvi, então, me apropriar, algumas vezes, de falas de algumas pessoas que a conheceram e conviveram com ela.

“Dona Ana era...uma senhora ilustre de enorme círculo de amizade, querida por todos que a conheceram, uma professora de alto valor, um símbolo de bondade, uma mãe exemplar”.

Realmente, uma mãe exemplar. Seus filhos aprenderam com ela não só a nobreza do trabalho, mas o amor com que se deve executá-lo. Para ilustrar o seu amor pelo trabalho, lembro-me de um fato: meu pai, homem pobre, mas zeloso chefe de família, à custa de muito sacrifício conseguiu pintar a nossa casa – que era situada onde hoje está o prédio “Joãozico Fanuchi”. Pela manhã, para assombro de meu pai, havia na parede – pichada com carvão – a frase “Dona Ana é bonita”. Meu pai, o Zico do Tota, homem calmo, ficou possesso.Esbravejou furioso querendo descobrir o autor de tamanho vandalismo. Minha mãe, a Dona Ana, sorria e dizia: “Veja, Zico, não tem um erro de ortografia, o traçado das letras é perfeito”. Era assim a Dona Ana: uma apaixonada pela profissão. Profissão, aliás, que não aprendeu em bancos de escolas, pois era leiga, mas “possuía a arte de ensinar”. Foi “alfabetizadora ímpar, esforçada ... preparava-se sozinha, descobria o método, o modo e tinha o jeito de moldar seus alunos desde os primeiros rabiscos até chegar a alfabetizá-los”. Com relação a isso disse uma sua ex aluna: “Eu me lembro a cor do vestido que Dona Ana Bueno costumava usar. Fico pensando que, se transportasse o tempo, hoje ela estaria colocada na primeira fileira dos grandes atores e atrizes, tal era a atração que exercia em seus alunos... Dona Ana, a grande mestra que alfabetizou centenas de crianças em Cambuí.”

Para finalizar, um pouco de sua história: Dona Ana Bueno nasceu aqui, em Cambuí, em 25 de outubro de 1913. Era filha de José Epiphanio Bueno e Cecília.Bento da Silva. Iniciou sua carreira de professora aos 14 anos e 5 meses, no bairro do Portão. Casou-se com José Lambert – o conhecido Zico do Tota e tiveram três filhos: Maria Cecília Lambet Pereira, José Hamilton Lambert e Maria Virgínia Lambert.

Como filha, penso que a maior conquista de D. Ana Bueno foi ter conseguido formar seus 3 filhos em colégios pagos, uma vez que na época Cambuí só oferecia a escola primária. A conquista de D. Ana foi a herança de seus filhos.

Dona Ana Bueno fez sua passagem – para uma vida melhor, num plano superior – no dia 04 de janeiro de 1959, com 45 anos e 3 meses e em pleno exercício de sua profissão.

Dona Ana Bueno, minha mãe, mestra na escola e mestra na vida.