ACLAC, patrono João Batista Corrêa

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Nasceu em Cambuí, MG, no dia 15 de fevereiro de 1881, filho de João Corrêa da Silva, português, nascido na Ilha Graciosa (Açores), e de Maximiana Adelina de Brito, filha do Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert.

João Batista Corrêa exerceu em Cambuí funções diversas. Ocupou, interinamente, a Promotoria de Justiça da Comarca (1905/1906); administrou a cidade como Prefeito ( 1938); desempenhou as funções de Escrivão Vitalício dos Processos Criminais (a partir de 1924); representou o Departamento Nacional do Café no município.

De temperamento introvertido, observador e detalhista, mantinha registros de fatos ocorridos na cidade. A parte de suas anotações que foi preservada oferece interessante material para pesquisa sobre a história de Cambuí. Registra, entre outros fatos, sua participação na instalação do primeiro cinema da cidade. No ano de 1912, reuniram-se alguns cidadãos para providenciar o equipamento para projeção . Foram incumbidos João Batista Corrêa e Totonio Marques de adquirir, em São Paulo, o aparelho na Companhia Cinemetográfica Brasileira. Instalado no edifício do Mercado Velho exibiu, entre as primeiras fitas, o filme “Tomada da Fortaleza”.

Durante o período da Revolução Constitucionalista registrou a chegada de tropas paulistas que se alojaram no prédio do Grupo Escolar; descreveu a passagem de aviões que sobrevoavam a região; a chegada das tropas legais e da Cruz Vermelha. Finda a Revolução, João Batista Corrêa escreve, em outubro de 1932:

Estará, de facto, normalizada a situação do País?... Pode ser mas ... Queira Deus que mais tarde, os próprios companheiros de hoje e que venceram, não estejam brigando uns com os outros!!!... Na política surgem sempre surpresas, umas agradáveis e outras desagradáveis!... O certo é que “ Bicudos não se beijam.”

No dia 22 de junho de 1942, contando “61 anos, 4 meses e 9 dias”, registra sua felicidade em conhecer a Pedra de São Domingos.

Descreve em 05 de setembro de 1943 a inauguração provisória do Campo de Aviação, situado no terreno de Sebastião do Jacinto, entre Cambuí e a Freguesia do Córrego.

Foi o eleitor de nº 01 cadastrado em Cambuí em 18 de janeiro de 1933.

Casou-se com Maria do Espírito Santo Lambert. O casal teve três filhas: Maximiana, Virgínia e Maria do Carmo. Mudou-se com a família para a cidade de São Paulo, exercendo o ofício de marceneiro na Indústria Brasileira Fornecedora Escolar S/A, conforme consta da Carteira Profissional, registro em 24 de setembro de 1946.

Mas foi como artista e artífice que impôs-se João Batista Corrêa: escultor, entalhador, pintor, desenhista, retratista, artesão. Em seu atelier esculpiu, desenhou, entalhou obras que se destacam pela riqueza de detalhes, beleza e habilidade técnica. Levindo Furquim Lambert, seu conterrâneo e contemporâneo, dedicou a ele um capítulo de sua obra Biogeografia de uma cidade mineira, onde o descreve como autodidata, senhor absoluto de uma capacidade analítica incontrastável, dentro da habilidade técnica manual, poderia alcançar renome na história da arte brasileira, não fora ele modesto e introvertido, alheio à publicidade e à exteriorização.

Fotógrafo amador, conservou imagens de um Cambuí antigo, com ruas de terra batida e o casario de amplas janelas e portas que se abriam diretamente para a rua. Entre seus guardados, encontra-se registro fotográfico da construção do jardim da Praça Coronel Justiniano que apresentava, na época, traçado diferente do atual.

Esculpiu em madeira de lei uma imagem do Coração de Jesus que esteve exposta na Igreja Matriz por algum tempo, sendo reconduzida ao atelier por decisão do artista.

Modelou em argila e fundiu em cimento o busto do Governador Benedito Valadares. Colocado sobre pedestal no jardim da Praça Coronel Justiniano, inaugurado em 16 de dezembro de 1939, foi destruído por volta de 1948. No jornal “Gazeta de Cambuí” de 27 de março de 1949, João Batista Corrêa publica texto em que questiona:

...desejo que meus amigos de Cambuí me respondam: Porque destruíram o busto do Dr. Benedito Valadares? Que mal estava trazendo esse trabalho que, embora tosco foi, no entanto, feito por um Cambuiense despretensioso? Não acham que foi falta de urbanidade da parte dos destruidores? Claro que sim pois, o Dr. Valadares nada perdeu com isso! O único atingido foi o autor desse trabalho. Agradeço essa prova de consideração à minha obscura pessoa.

Esculpiu oratórios, púlpito, molduras, móveis e imagens como a de São José doada para a Freguesia do Córrego em 11 de março de 1938, obra que pode ser observada no Santuário do Bom Jesus em Córrego do Bom Jesus.

Concebeu, desenhou e esculpiu o altar que ainda hoje se encontra na Capela do Sagrado Coração de Jesus, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, em Cambuí.

Entalhado em madeira de lei o altar que teve seu benzimento em 18 de dezembro de 1927 encontra-se em perfeitas condições de conservação. A riqueza e beleza dos detalhes, a perfeita simetria causam admiração e permanecem como prova indiscutível da genialidade deste cambuiense.

João Batista Corrêa faleceu na cidade de São Paulo em 29 de março de 1975.


Maria Izabel Lambert Duarte Bueno

Referências:[editar]

Biogeografia de uma cidade mineira, livro

Cópias de registros, documentos e material fotográfico cedidos por Virgínia Lambert.