ACLAC, patrono Cândido de Brito Lambert

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Cândido de Brito Lambert, o Candoca, filho de Cândido Gabriel de Brito Lambert e Vitalina Quintino da Fonseca, nasceu em Cambuí a 10 de novembro de 1888. Casou-se com Maria César de Brito, filha de outro líder e benfeitor cambuiense, de quem herdou além da filha, terras e muita generosidade, que vão se somar à “elevação, cordura, a busca da harmonia”, predicados recebidos da parte de seu avô.(LAMBERT, 1973) Correto e enérgico, generoso e de caráter, combinava espiritismo e cristianismo, simplicidade e grandeza.

Em 1924, Candoca estabeleceu-se com a família na casa construída em terras do sogro pelo pedreiro português Alípio Ramos, o mesmo que havia erguido a casa do Major Higino, em 1917, na “Cruz do Rosário” atual Avenida Tiradentes. A tal casa, que resiste até hoje, era a sede da fazenda onde se produzia leite e se fazia a secagem do café plantado em outra propriedade da família, mais distante da cidade. O beneficiamento posterior à secagem era feito em estabelecimento junto à casa da avenida Tiradentes, onde o Major Higino mantinha maquinário e armazém. Já ensacado, o café era conduzido por carros de bois para Bandeirantes (Vargem/SP) e daí para o porto de Santos.

Com a morte do major Higino em 1945, Cândido e Maria Cezar ficaram definitivamente instalados nessas terras e nessa casa, onde nasceram seus 7 filhos. Nessa época a casa não tinha vizinhos, mas era tão somente circundada por pequenas construções rurais que davam apoio às inúmeras funções requeridas por uma propriedade rural. (CRUZ, 2007).

O núcleo da cidade de Cambuí foi localizado sobre uma colina coroada pela igreja, derramando seu casario por três lados, o que lhe dá um aspecto muito pitoresco. Para o lado sudoeste, até a década de 1960, “morro da Terezinha” conduzia ao que se chamava “pasto do Candoca”, sua fazenda nos limites da cidade. Passando por uma pequena baixada, começa-se a subir outra vez: a oeste para o cemitério, e ao sul para o morro da Pedreira ou morro do Cruzeiro, o maciço que emoldura a cidade. Na direção oposta ao morro da Pedreira, inicia uma extensa vargem, que acompanha a rodovia Fernão Dias, até Três Corações, com poucas interrupções.

Em fins da década de 1950, do “pasto do Candoca” foi doado um naco de terreno equivalente a um quarteirão (10 mil m²), para ali a população da cidade construir o prédio do Colégio Estadual Antonio Felipe de Salles. O terreno onde se localiza o colégio tem suave declividade e fica a poucos quarteirões da praça central da cidade. Localização ideal para um estabelecimento de ensino, pela facilidade de acesso, principalmente pela avenida do Carmo, que atravessa a antiga vargem, agora drenada. De um lado do colégio fica a casa de morada da família de Candoca, a mais antiga do bairro, sede da fazenda que lhe deu origem.

Posteriormente , na década de 1960, no quarteirão acima do colégio, parte do terreno para a construção do Hospital Ana Moreira Sales, da Santa Casa de Misericórdia, também foi doado por ele. As outras partes pertenciam a Elias de Oliveira (do Fausto) que permutou com João Moreira Salles.

Para a construção da igreja do hospital, a Capela de São Benedito, Candoca não só doou o terreno, como também arrecadou fundos, percorrendo a área rural em busca de apoio de vizinhos, compadres, fazendeiros e sitiantes amigos seus. A inauguração ocorreu em 13 se maio de 1967.Colégio e hospital são duas construções históricas do bairro, cujas implantações se impõem na paisagem.

Em frente ao colégio, também em terras de Candoca, foi aberta uma praça que, em homenagem àquela instituição de ensino, recebeu o nome de Praça da Cultura. No rastro da construção do colégio um novo bairro surgiu, a velha casa foi sendo apertada por outras de todos os lados, por ruas e praças. Mais tarde foi doado o terreno mais acima do colégio para localização da Escola Estadual Juca Pinto e para o Posto de Saúde São Judas Tadeu. No caminho para o cruzeiro, Candoca deu permissão para construir em suas terras, capelas da via sacra, marcando os passos da paixão de Cristo.

No mesmo caminho construiu-se a Caixa D’água para abastecimento da cidade.

Mesmo sendo católico, abriu mão de área para construção da praça em frente ao templo da Assembléia de Deus ajudando a urbanizar a cidade. Por fim, o cemitério precisava ser ampliado,o que foi feito em terras de Candoca.

Proprietários de terras para o lado sudoeste do centro da cidade, conhecido por bairro do Colégio, Candoca e Maria Cezar foram doadores de muitos terrenos, pequenos ou maiores, todos para fins institucionais. Abriram mão de seu patrimônio particular, sempre que necessário em benefício da coletividade, em movimento contrário ao que se verifica hoje em dia, patrocinado pela especulação imobiliária. (OLIVEIRA, 2012)

Benedito Aparecido de Toledo, em 16 de junho de 2012.

Bibliografia:

CRUZ, Eneida Carvalho Ferraz. Cambuí - 20 casas do século 20. Edição do autor, março de 2007.

LAMBERT, Levindo Furquim. Biogeografia de Uma Cidade Mineira.Imprensa Oficial. Belo Horizonte, 1973. Biogeografia de uma cidade mineira, livro

OLIVEIRA, Benedito Tadeu de. Preservação da Paisagem Cultural. Jornal Tiraprosa. Cambuí, Ano 3 - nº14, junho/2012.

Dados biográficos colhidos com Benedito, filho de Nenzinha, filha de Candoca.