Cambuí e o pecado

De Wiki Cambuí
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Revista Realidade, nº 26, maio de 1968, Editora Abril, São Paulo, págs. 139-146.

Como os brasileiros veem o pecado

Trezentos brasileiros — todos católicos, ou pelo menos assim se considerando — , cem de São Paulo, cem da Guanabara e cem da cidade mineira de Cambuí (4 mil habitantes), foram entrevistados. Suas opiniões, atitudes e julgamentos constituem a substância desta pesquisa sobre pecado. Das pessoas ouvidas, 150 homens e 150 mulheres, 182 estão na faixa de 18 a 34 anos de idade; 118 têm 35 anos ou mais. Também 118 são os solteiros; 168 casados; há 9 viúvos e 4 desquitados Fizeram curso primário 136 dos entrevistados; 129 fizeram ginásio e colégio; 28 — dos quais 25 cariocas — chegaram à Universidade. Quatro não sabem ler ou escrever; e três, que sabem, nunca foram à escola. Detalhe importante; os cariocas são de Copacabana, os paulistas de um bairro operário. Os questionários foram aplicados pelo INESE — Instituto de Estudos Sociais e Econômicos. O sociólogo Luiz Weis elaborou a pesquisa e analisou os resultados.

1 — O senhor vai à missa?

     São Paulo   Rio    Cambuí
Sim 	 82%	 76%	  88%
Não  	 18%	 24%	  12%

2 — Com que frequência?

                           São Paulo	Rio    Cambuí
Algumas vezes na semana         3%	 4%	 1%
Todos os domingos              21%	30%	41%
Alguns domingos                23%	18%	27%
Raramente                      35%	24%	19%
Não vai à missa                18%	24%	12%

A frequência de idas a missa ê menor aparentemente sugere a alta porcentagem de respostas sim à pergunta 1. Porque as alterna¬tivas da pergunta 2 (algumas vezes por semana, todos os domingos, alguns domingos), de um lado, e raramente, não vai, de outro) mostram que 47% de paulistas e 52% de cariocas comparecem aos ofícios com certa regularidade – e não 88% e 76%. A mesma diferença aparece em Cambuí, onde 60% iriam à missa, enão os 88% da pergunta 1.

3 – Vai à igreja, fora do horário de missas, para rezar sozinho?

            São Paulo    Rio     Cambuí 
Sim           69%        64%      64%
Não           31%        36%      36%

4 — Quando?

                                           São Paulo        Rio       Cambuí
Frequentemente		                      26%	     25%	25%
Sempre que precisa resolver algum problema     8%	      6%	 5%
Raramente		                      35%	     33%	34%
Não vai fora do horário de missa	      31%	     36%	36%

Vai-se mais à missa do que rezar em solidão, principalmente em Cambuí. E, nas três cidades, as mulheres (80%, 82% e 72%), bem mais dos homens (58%, 82% e 56%), preferem ir à igreja nos horários de missa; É baixo o número de fiéis que buscam o templo sempre que precisam resolver algum problema. Dos que vão frequentemente em São Paulo, 34% são mulheres, 18% homens. No Rio, a diferença entre os sexos é de 46% contra apenas 4%. O padrão se repete em Cambuí: 30% mulheres, 20% homens.

5 — Quando se confessou pela última vez?

                               São Paulo   	Rio	Cambuí
Há menos de 6 meses               30%   	23%	  38%
Entre 6 meses e 1 ano             16%	        16%       13%
Entre 1 e 5 anos 	          38%	        36%       27%
Ha mais de 5 anos                 25%	        22%	  20%
Não  sabe   	                    - 	        -          -
Nunca se confessou ...             1%   	 3%	   1%

A prática da confissão esta mais viva em Cambuí do que em São Paulo e em São Paulo mais do que no Rio. Nessas duas últimas cida¬des às mulheres se confessam com maior frequência que os homens. Em Cambuí porém, a diferença entre os sexos é menos acentuada Jovens e velhos pouco se distinguem em São Paulo e no município mineiro. Já no Rio, as pessoas com 35 anos ou mais costumam confes¬sar-se mais que os jovens. Entretanto, à medida que a idade avança, a confissão declina: 39% dos mais velhos em São Paulo e Cambuí e 24% no Rio confessaram-se pela última vez há cinco anos ou mais.

6 - "Uma pessoa pode não frequentar a igreja e ser bom bom católico."

                 São Paulo    Rio	Cambuí
Concorda   	    77%       80%	 73%
Discorda            21%       19%        26%
Não sabe             2%        1%         1%

Geralmente, os homens tendem mais que as mulheres a concordar com a frase. Contudo, é mínima a diferença entre ambos os grupos: 4%.

7 – Costuma conversar sobre o tema “pecado”?

          São Paulo      Rio      Cambuí   
Sim          50%         44%        57%
Não          50%         56%        43%

Os jovens falam muito pouco dele com as suas namoradas

8 - Quando?


As respostas positivas a pergunta 7 perdem força Ao serem confrontadas conjuntos da questão seguinte. De fato 64% dos paulistas raramente conversam sobre o pecado Uno com fase essa porcentagem sobre a 71 no rio mas cai bastante em Cambuí: 58.

9 - Com quem conversa?

10 - Por que não costuma conversar sobre o tema pecado?

11 - "Hoje no Brasil as pessoas se preocupam com pecado menos do que deveria". Concorda com essa afirmação?

12 - Por que?

13 - As noções de céu e inferno são:

14 - Qual dessas frases está de acordo? Céu e inferno são noções:

15- É pecado?

As mulheres estão a favor do controle de natalidade

16

17

18

19

20

21

Para a maioria a ciência ajuda o homem a ser mais religioso

22 - Um filme que ataca ou ridiculariza a religião católica deve ser:

23 - Devem os pais católicos permitir que os filhos menores leiam livros anticatólicos?

24

25

26

27 - Qual destas frases acha certa? A mulher que mantém relações sexuais pré-matrimoniais:

28 - Qual destes pecados ofendem mais a Deus?



em 182 entrevistados curiosidades variam 18 a 34 anos faixa em que a proporção dos solteiros é alta somente 9 concluir o pecado com o tema de suas conversas com as namoradas ou noivas em São Paulo em Cambuí cabe principalmente o pai levantar o assunto perante os filhos. burrinho entretanto o quadro é radicalmente oposto em 10 entre 12 casos a iniciativa foi tomada pelas Mães entrevistado com 35 anos ou mais apenas dois de São Paulo mencionaram alternativa assunto pro passado quantos 18 jovens entre eles entre eles 10 cariocas foram também os moço 13 deles que se lembraram de indicar que os outros vão dar atenção não teria nada a dizer só o pecado 23 mulheres 18 homens a tese de que se trata do assunto íntimo é defendida principalmente pelos homens do Rio e de Cambuí e pelas mulheres de São Paulo A opinião de que os católicos brasileiros pouco se preocupam com o pecado é mais difundida entre os grupos dos velhos nas três cidades pesquisadas no rio mas entre as mulheres 80% do que pensam os homens 64% somente duas pessoas uma carioca de mais de 35 anos e 1 Camboinhas da mesma facilidade apontou como causa a influência do comunismo

o ceticismo é a dúvida manifestam-se acima de tudo entre os homens de Cambuí 42% dos quase certo que o céu inferno soluções falsas e 8% não se definiram totalizando assim metade da população católica masculina entrevistada no mesmo município no pequeno município Mineiro contra 34 de incrédulos apesar de ser considerado católico paulistas e cariocas já as mulheres Cambuí penso diferente em cada 1017 acredito que os conceitos são verdadeiros os cariocas As Cariocas estão divididas 52% das respostas positivas 48% negativas em São Paulo bairro Operário somos jovens e não os velhos que mais acredito no céu e no inferno

Resumo geral: ele está ligado ao mundo dos nossos dias

A julgar pelos resultados da pesquisa, algo de novo está acontecendo nas relações entre o homem moderno e o pecado. Ou melhor: entre o homem da nossa geração e a imagem que ele faz o pecado. Seria possível dizer a primeira vista que o homem de hoje mostra uma certa tendência a considerar o pecado sem a antiga preocupação. Mas isso nem sempre a verdade. Uma interpretação mais cuidadosa dos números e das porcentagem da pesquisa conduz até à uma imagem diferente e confortadora: a do homem que luta para não quebrar, de repente, a ponte de algo que existe e que sempre existiu entre sua consciência íntima e a fé.

Talvez seja um sistema de valores que representa mudanças em relação ao passado. Os números dao a entender que muitos dos entrevistados deve ter ficado surpresos quando lhes perguntaram se não se interessar política é pecado ou se deixar de pagar imposto é pecado, embora os mesmos entrevistados não estranhassem a presença do item “contar piada sobre religião”. Esta, afinal é uma prova de que nada ou quase nada mudou substancialmente, de que ainda existe uma profunda e reverente tendência a considerar com respeito antigo os assuntos sagrados e os problemas da fé.

A igreja em segundo plano?

“Pode se não frequentar a igreja e ser um bom católico”, disseram 75% dos entrevistados. Mas a resposta provoca logo após uma reação de geral arrependimento espontâneo: a maioria dos católicos ouvidos faz questão de esclarecer que vai à igreja - para rezar sozinho - também fora dos horários da missa. E sete em cada dez entrevistados buscam no templo e na oração solitária ajuda para os seus problemas.

Parece mais fácil dizer, no primeiro conservação, que o pecado virou assunto sem importância, pois não chega a ser tema frequente de conversas (pergunta 8), sob o principal argumento de que se trata de “assunto íntimo”.