Editando Biogeografia de uma cidade mineira

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== Capítulo I - Como nasce uma cidade ==
 
== Capítulo I - Como nasce uma cidade ==
  
=== Área contestada ===
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=== Área contestada ===
 
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Não foi difícil ao paulista alcançar desde logo os sertões do Goitacás na ânsia desmedida de apoderar-se das minas de ouro c das jazidas
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de esmeraldas, cuja abundância enchia de coragem e pertinácia o ânimo dos primeiros colonizadores portugueses.
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O pastoreio do gado ou a exploração da cana-de-açúcar, que Anchieta trouxera para aclimatação nas terras virgens do novo inundo, saciavam
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a sede laboriosa do pau¬lista, mas a notícia dos ricos veios de ouro descobertos nessas terras açularam a gula do ádvena, na certeza de
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riqueza farta e poderio onipotente.
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Iniciava-se então a penetração em diversas direções, enfrentando a hostilidade e a bravura do íncola, proprietário da terra. Ela se faz
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pelo curso dos rios navegáveis ou, quando não é assim, por via xerográfica, acompanhando as aberturas deixadas nas matas pelos nativos.
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Coube, sem dúvidas, aos romanos a iniciativa de, por meio de estradas pavimentadas, promover a interligação de várias regiões da Europa,
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com o intuito de alcançar dominação política e encarecimento econômico. Diz Vidal de La Blache, a esse propósito, que "a estrada romana é
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sobretudo uma obra de imperialismo, um instrumento de domínio que aperta em suas garras todo um feixe de países diversos e afastados.
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Ela ficou associada à história intima e viva. Foi por ela que caminharam, com as mercadorias, os peregrinos e os exércitos, todos os
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ruídos do mundo, as ideias e as lendas. Assim o povo não deixou de lhe assinalar o nome, ele a personificou, e escolheu para isso no seu
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vocabulário o que encontrou de ilustre:  César, Trajano, Brunehilde, Carlos Magno etc."
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Essa, guardadas as devidas proporções, a estrada aberta pelo sertanista de Piratininga, nas pegadas dos primitivos habitantes da terra.
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O sentido de orientação, que caracteriza o indígena, lhe mostrava ainda a direção exata na abertura apisoada por ínvios rincões e matas
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entrançadas. A muralha alcantilada da Mantiqueira era vencida pelos dois flancos, quer ladeando as águas do Paraíba e transpondo as
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gargantas da serra por Guaratinguetá, Lorena ou Taubaté, quer abrindo passagem por Atibaia até alcançar a região cobiçada, vencendo
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distâncias através de matarias densas e planícies forradas de vegetação arbustiva indevassada.
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O centro de atração se assentava na região do Rio Verde, nas Gerais, ante as descobertas do malsinado metal. Não se verificava fluxo
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permanente ou êxodo compacto, mas rumas de sertanistas inveterados, aventureiros e sonhadores, em magotes ou grupos amorfos,
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intermitentes, marchando em procura do sertão incógnito.
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As trilhas e veredas percorridas pelo indígena — já se disse — não ofereciam dificuldades excessivas ao sertanista, porque desbravadas,
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amputada a galha ri a ciliar e marcada a direção exata pelo chão aberto em sulcos longitudinais, indicativo de trânsito permanente de
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seus habitantes naturais. O Morro do Lopo e o pico granítico do São Domingos, visíveis de muitas dezenas de léguas, serviam de balizas
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para a direção da investida e para orientação do regresso ao ponto de partida. A caminhada estreita, no começo, devassava região
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levemente acidentada, ora constituída de matagais exuberantes ora referta de horizontes intermitentes, porque interrompidos aqui-e-ali
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por espigões de variada altitude.
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De Atibaia às margens do Sapucaí nenhum grande rio a embaraçar o trânsito livre, nem mesmo oferecendo caudal volumoso para o emprego de
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canoas ou balsas, e os que se punham na trilha assim aberta eram transpostos, ora pelos vaus de fácil travessia, ora, facilitando a
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carga, nos peraus ligando margem-a-margem por longos troncos de árvores abatidas ali mesmo, formando pinguelas. A partir de Canguava
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(Carigoaba ou Carigainboava), relevo de certa altitude, o horizonte abria-se em calha larga, divortium acquaram de lado-a-lado,
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constituído de cristas elevadas em contra fortes da Mantiqueira, cobertas nos seus flancos orientais e ocidentais por florestas densas.
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Na planura achatada da calha, apertada entre as vertentes de um c outro contraforte, escorria a bacia hidrográfica do Itaim, cujas
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nascentes, no sopé do São Domingos, iam, a pouco e pouco, recebendo o fluxo de afluentes peque¬nos, riachos e ribeiros, córregos e
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ribeirões, engrossando-lhe o débito hidrográfico até se lançar mansamente no Mandu, que, por sua vez, defluía suas águas no Sapucaí, para
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onde convergia, ao cabo de contas, as arrancadas invasoras dos paulistas. Campanha-do-Rio-Verde, outrora arraial de Santo Antônio,
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atraía então a ambição dos sertanistas ambiciosos e sonhadores.
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Esse o caminho perlustrado pelos pesquisadores, a partir de 1560, precisamente quando Braz Cubas transpôs pela primeira vez a
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Mantiqueira e galgou as cabeceiras do São Francisco, estrada, por igual, seguida pelos chamados "fura--matos" do século XVII para fixarem
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a espinha dorsal da civilização mineira", no dizer de Cassiano Ricardo ("Marcha para o Oeste", 1° vol. pág. 251).
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Ao longo desse roteiro, a partir de Atibaia, até atingir o núcleo centripetante do promissor movimento, um verdadeiro rosário de
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centros de povoamento se ia formando e distendendo tentáculos pelos arredores. Assim é que Simão de Toledo Piza assentou os fundamentos
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do Arraial de Toledo, munido de carta cie sesmaria expedida pelo Governador de São Paulo, e em 1762, Cláudio Fürquim de Almeida, também
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ganhava sesmaria na Fazenda de Pouso Alegre, hoje Itapeva, dada ainda pela Capitania de São Paulo.
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Ainda na mesma rota, surge Camanducaia, aglomerado urbano algo desenvolvido, prosperando para desempenhar papel importante na história da
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civilização mineira. É freguesia por alvará de 1798.
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Daí por diante, Estiva, Pouso Alegre, São Gonçalo do Sapucaí, Santana vão recebendo sempre influxos políticos e administrativos por
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parte dos Governadores de São Paulo, os quais por sua vez, impunham ordem e lei na região, ao mesmo tempo que os Bispos da mesma
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Capitania designavam párocos e autorizavam a construção de capelas, igrejas e cemitérios, em toda a área banhada pelo Sapucaí e seus
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afluentes da margem esquerda. Era o afã da procura do ouro, repetição histórica das conquistas medievais na chamada "civilização
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ocidental". Gregos e romanos, principalmente, tiveram na exploração de metais diversos, a fonte que alimentou as invasões e o domínio
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geopolítico da época.
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De qualquer forma, pois, Campanha se impunha, dentro e fora da Capitania das Gerais, como centro irradiador de elevada cultura e, por
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força de suas riquezas auríferas, polo magnético do forasteirismo nacional.
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Campanha conquistara posição de relevo nas letras brasileiras e sua gente se sentia ciosa de seu amor à cultura e às instituições
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pátrias. Por isso mesmo, quando Francisco Martins Lustoza e Veríssimo João de Carvalho tentaram implantar ali a posse e a jurisdição de
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São Paulo, foram ambos expulsos da cidade e do município. Lustoza, tabelião em Cruzes-do-Mogy, deixa as altas propinas do cartório e,
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intrépido, corajoso, atrevido, perlonga, em seguida, a vasta região banhada pela margem esquerda do Rio Sapucaí, em busca de ouro. Acha-o
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cm Santana, arraial que ele funda em fins de 1745 e aí recebe e cumpre ordens do Governador de São Paulo, em nome do qual toma posse das
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ricas lavras descobertas.
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Recebe Louzada o importante título de "Guarda-Mor", que Dom Luiz de Mascarenhas lhe dá em recompensa. A oferta do sertanista é valiosa...
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Já em abril de 1700 o povo
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da Vila de São Paulo e os oficiais de sua Câmara pleiteavam do Capitão-General Artur de Sá Miranda, então Governador da Repartição do
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Sul, levasse ele à consideração de Sua Majestade "que o território das Minas dos Cataguases, bem como suas matas e campos lavrados
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pertencem a eles, paulistas, porque os descobriram e conquistaram à custa de suas vidas e fazendas, sem depender da Coroa, e que seria
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grande injustiça conceder-se aquelas tenras e minas aos moradores de fora. Pretendiam que essa reclamação fundava-se no que dispõe a
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Carta Regia de 18 de março de 1694, acerca de favores e mercês concedidos aos que descobrissem jazidas de ouro e prata." ("Efemérides
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Mineiras", vol. II, pág. 87).
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Esse o espírito que presidia a orientação de Lustoza: — descobrira ele nova mina — logo, o manancial áureo era dele e, pois, dos
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paulistas. Investe-se na função de Guarda-Mor e dá a Veríssimo João de Carvalho, seu comparsa de jornada, as atribuições de Intendente
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das Minas, posse em 30 de outubro de 1746 (Pompeu Rossi, Revista do Arquivo Público de São Paulo, nº XXII).
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Carta Regia de 22 de fevereiro de 1720 separava a Capitania de Minas Gerais da de São Paulo, e outra Carta Regia (23 de fevereiro de
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1731) mandava que a Capitania de São Paulo se alargasse até Caxambu, a fim de ser atendida reclamação das gentes de Guaratinguetá, o que
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de fato é tentado, mas obstado pelos vereadores de São João Del Rei, que destroem o marco ali posto por ordem do Governador de São Paulo.
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Mas São Paulo, no entanto, impõe-se. É seu o domínio absoluto da margem esquerda do Sapucaí. De todo o extremo Sul de Minas. . .
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Os feitos de Louzada chegam à Capital de Minas, e o Governador Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela, reage.
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A Câmara de Rio das Mortes recebe ordem de expulsar os forasteiros de Sant’Ana do Sapucaí. O cumprimento
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da ordem mobiliza autoridades e força expedicionária. Chegam à beira do grande rio, mas não conseguem transpô-lo.  Pedem canoas a
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Louzada, que nega atendimento. E reage. Resistência violenta e drástica.
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Na impossibilidade de vencer a reação e alcançar a margem dominada pelo caudilho, a forca expedicionária regressa ao seu ponto de
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partida.
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Lustoza mantém-se firme no arraial. Transmite de imediato a notícia ao Governador de São Paulo, que, por sua vez, retruca (8 de junho de
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1746), recomendando-lhe oponha viva resistência se nova tentativa vier da parte de São João Del rei. Afirma "que irá pessoalmente ao
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reduto de Lustoza, caso sobrevenha novo ataque, para que, venci¬dos os invasores, traga preso para São Paulo o Ouvidor de Rio das
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Mortes."
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Diante dessa atitude, Gomes Freire de Andrade vacila. Tenta contemporizar a situação, mas, ao cabo de contas, vencida a dúvida, prepara
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novo ataque, levando dessa vez numeroso contingente militar e copioso material bélico.
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Constrói alentada frota de canoas.
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Lustoza, avisado de antemão, ataca os invasores de surpresa e destrói desde logo a pequena "invencível arma¬da." Põe a pique canoas,
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aprisiona outras e destrói a macha¬do ainda outras.
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O Guarda-Mor detém a operação, e os atacantes se retiram para Campanha do Rio Verde, sem alcançar qualquer êxito na refrega.
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Lustoza vence. Impõe-se como ditador, apoiado decididamente pelo Governador de São Paulo. E toda margem esquerda do Rio Sapucaí mantém-se
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sob a jurisdição paulista.
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Mas dá-se o inesperado. O panorama se transforma repentinamente. Em virtude dos atritos entre mineiros e paulistas, disputando ambos
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largo trato do Sul da Província das Gerais, Carta Regia de 9 de maio de 1748 confere a
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Gomes Freire de Andrade atribuições para administrar São Paulo e a Capitania de Minas Gerais. A Capitania paulista é suprimida e
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transformada em comarca. . .
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Lustoza, astuto, vê fugir-lhe das mãos o bastão de comando, porque justamente aquele que fora por ele desacatado ia assumir o poder e
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exercer, por isso mesmo, uma autoridade incontrastável sobre as minas descobertas e o arraial por ele fundado.
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E é o que se dá. O Conde de Bobadela recebe ordem regia e poderes para estabelecer, era definitivo, os limites das duas capitanias.
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Transfere-os imediatamente (27 de maio de 1749) ao Ouvidor da Comarca de Rio das Mortes,  Dr. Tomaz Rubim de Barros Barreto, que se
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apresta na execução do mandato. A linha divisória seria o cume da Mantiqueira, o Morro do Lopo e a Serra de Mogi-Guaçu até topar o Rio
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Grande. Nesse caso, assim satisfeita a linde, Sant'Ana, Ouro Fino e todo o Sul de Minas se reintegrava na Capitania das Gerais. O auto de
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demarcação é lavrado e publicado em 18 de setembro de 1749, em Sant’Ana do Sapu¬caí, para onde se transporta o Ouvidor e. sua comitiva,
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dessa vez sem qualquer embaraço da parte do Guarda-Mor, que lhe não opõe embargo ao uso de suar, canoas no Sapucaí.
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Lustoza, no entanto, presente no ato em que era lida a decisão de Rubim, tenta tumultuar a reunião, desacatando a autoridade e
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protestando contra a decisão ali solenizada. Investe acremente contra o representante do Governador de Minas Gerais, acusando-o de
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ultrapassar os limites das atribuições que lhe foram conferidas.
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Ninguém lhe cria dificuldade à palavra livre e solta. A ata é assinada. Cessava a arrogância do caudilho, que se retira para Ouro Fino,
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onde já havia descoberto jazida aurífera e onde lançara os alicerces de urna Igreja. Todavia, por pouco tempo se detém no arraial.
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Receoso das represálias de Gomes Freire de Andrade, que ele tanto ofendera, transfere-se para o Paraná.
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Cessava também, cm definitivo, a posse paulista sobre a margem esquerda do Sapucaí. E todo o Sul de Minas, constituído,  até  então, 
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área  de  fricção  geopolítica, integra¬va-se na órbita provincial das Gerais,  definitivamente.
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No decorrer do tempo notam-se manifestações contraditórias e esporádicas em torno do impasse criado entre as duas capitanias lindeiras.
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Enquanto São Paulo procurava espichar suas fronteiras para alcançar, mann militari, a rica região agrícola e aurífera do Sul de Minas, a
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Capitania das Gerais teimava em lhe não ceder um palmo sequer de seu território. Enquanto isso se dava — repete-se — a população da área
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contestada procurava incorporar-se ao território paulista.
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Assim é que, segundo se lê em Amadeu de Queiroz ("Revista do Arquivo Municipal de São Paulo", 1937) as populações dos Municípios de
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Extrema, Camundacaia, Cambuí, Paraisópolis, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre, Ouro Fino e Jacutinga, em 1857, pleitearam à
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Assembleia Geral uma lei que os anexasse ao território paulista, dando-se-lhes por divisa com Minas Gerais o Ria Sapucaí-Guaçu. Comenta
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esse memorial o seguinte:
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"Não é somente o temor de uma nova divisão da Província que dá origem ao pedido de anexação da comarca  (Comarca do Sapucaí)  é a
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pró¬pria  conveniência  que  o  leva  a  dar esse  passo. Colocado nas proximidades da Capital de São Pau¬lo, a cujo bispado pertence,
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fazendo exclusivamente suas exportações pelos portos dessa Província, com a qual sempre manteve relações comerciais e religiosas;
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acabrunhados com pesados tributos sem o menor benefício público, distando cerca de no¬venta léguas de sua Capital, cujo governo apenas se
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faz sentir em suas medidas de exação; as afeições populares e outras razões, que são inúteis lembrar a essa Assembleia, são poderoso
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motivo que levam a Comarca do Sapucaí para a união com São Paulo, como as forças de atração e gravidade impelem o satélite para o centro
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do planeta" (pág. 187) .
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Posteriormente, em 1862, o Deputado Evaristo da Veiga apresenta à Câmara dos Deputados projeto de lei criando a Província "Minas do
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Sul", com a Capital em Campanha, e, em 1864, idêntico projeto é apresentado pelo Deputado Dr. Olímpio Valadão, secundado, em 1868, pelo
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Deputado Aurélio Lobo, este dando à nova Província a denominação de "Província do Sapucaí" ("Efemérides Mineiras", 3º vol. pág. 84).
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No entanto, ao revés, Carta Regia de 24 de julho de 1711, ao Governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho recomendava-lhe não
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admitisse paulistas cm postos de infantaria paga "para se não entregarem as armas a uns homens dos quais não havia toda a confiança".
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Contraditoriamente ainda, em 1715, outra ordem regia determinava que nos cargos públicos da Capitania tivessem preferência os paulistas
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aos nascidos em Portugal ("Efemérides Mineiras", 3º vol. pág. 145).
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De qualquer modo, no entanto, findas as controvérsias fronteiriças entre paulistas e mineiros, a larga faixa apertada entre o Sapucaí e a
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linha divisória fixada por Rubim, onde se desenvolvem as Cidades de Pouso Alegre, Ouro Fino, Alfenas, São Sebastião do Paraíso, Poços de
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Caldas, Guaxupé, Cambuí, Camanducaia e outras, submetia-se, em caráter definitivo e decisivo, ao governo e à política de Minas Gerais.
+
  
 
=== Cambuí-Velho ===
 
=== Cambuí-Velho ===
 
Ao longo da trilha aberta pelos bugres e mais tarde perlongada por bandeirantes, sertanistas e aventureiros, instalaram-se os paulistas
 
com cartas de sesmaria uns, por conta própria sem alvarás ou determinações superiores outros, abrindo fazendas de criar e de plantações
 
várias, lançando as bases de um povoamento em crescente progresso. A primeira sesmaria foi concedida ao paulista Cláudio Furquim de
 
Almeida, cm 1762, ramo de pujante família destinada a fecunda interveniência na vida pública e cultural da província. Essa sesmaria, por
 
ser ponto de parada regular dos itinerantes indo e vindo entre uma e outra capitania, foi denominada ''Pouso Alegre'', tempos depois
 
chamada ''Itapeva''. A três léguas além de Camanducaia surgia um ponto de parada e arranchamento à margem da picada cm direção a Estiva e
 
Pouso Alegre. É Cambuí.
 
 
O topônimo explica a origem tupi-guarani da localidade.  Segundo Nelson de Sena ('"Armário de Minas Gerais", vol. 6º)  significa "rio do
 
leite".  Camby-y, rio de água cor de leite, explica Alfredo de Carvalho. Para o Professor Salvador Pires Pontes  ("Nomes Indígenas na
 
Geografia de Mi¬nas Gerais", pág.  139)  Cambuí ou Caámboy quer dizer "a planta ou folha que se desprende".  Ao encontro dessas
 
opiniões, Joaquim Ribeiro Costa ("Toponímia  de Minas Gerais", pág.  186)  registra  e.  palavra  indígena nas variações  dadas por
 
Nelson do Sena e Salvador Pires Pontes.  Também Teodoro Sampaio ("O Tupi na Geografia Nacional") endossa as mesmas  interpretações, 
 
como  sendo  "a  planta  ou  a  folha que se desprende  (mirtacea)."
 
 
É de se presumir que a cor leitosa expressa pelo étimo tenha origem nos atritos da água corrente: com as margens do chamado Rio das
 
Antas, revestidas de rocha argilosa, tabatinga, que assim lhe emprestava o colorido leitoso, se é que ó tiveram suas águas mansas.
 
 
Por outro lado, a montante do Rio das Antas, tributário do Itaim, extensas várzeas eram povoadas de árvore; de pequeno porte por todos
 
chamadas "Cambuí" (''eugenia tendia'', família das myrlaceas) tronco liso, enxadrezado, brilhante, galharia enfezada.
 
 
A água do rio ou a proliferação do arbusto cederam, por certo, seus predicados físicos ao topônimo.
 
 
A região a pouco e pouco se povoava. Espalhavam-se já pequenas lavouras e algumas propriedades bastante desenvolvidas na criação de gado
 
e agricultura, cujos proprietários, alguns de espírito arejado e ideias avançadas. Entre esses, sobressaiam-se, pela capacidade de
 
iniciativas e do comando, o Capitão Francisco Soares de Figueiredo, vindo de Campanha, e o Capitão Joaquim José de Moraes, nascido cm Pitangui. Partiu desses homens bem orientados a ideia da construção de uma Capela na parada denominada “Cambuí” coisa de meia légua à esquerda da estrada que ligava a Pouso Alegre, no sopé do Pico de São Domingos.
 
 
Para que o intento lograsse o colimado efeito, o Capitão Joaquim José de Moraes e sua mulher, Dona Isabel Pinheiro Cardozo, adquiriram
 
terras de Inácio de Souza e sua mulher, mediante escritura de mão feita pelo Capitão Francisco Soares de Figueiredo, doando-as, cm
 
seguida, a Nossa Senhora do Monte do Carmo, escritura pública posteriormente lavrada em Campanha aos 25 de maio de 1813, por meio de
 
procuração passada em Camanducaia na data de 12 de maio desse mesmo ano.
 
 
O autorizado o eminente historiador Dr. José Guimarães e o Cônego João Aristides de Oliveira, aos quais se segue neste passo, transcrevem
 
o seguinte trecho da aludida escritura:
 
 
"huma sorte de Terras que se compõem de Mattas virgem o Capoeira citos na paragem denominada Camboy as quais Terras possuem por compra
 
que. da:-; mesmas fizeram de Ignacio de Souza e sua mulher Maria de Jesus e partem para o Poente com Salvador Cardoxo principiando do
 
Ribeiram Maior e sobem por um corguinho asima em q. tem hurna Caxoeirinha e dahi a Cortar Rumo direito em te hum Morro alto pela banda da
 
Esquerda e tornando outra vez a barra segue pelo Ribeiram maior asima athé as suas cabeceiras divizando com Jozé Rodrigues cujas Terras
 
na forma divizada que as possuem livre c desembargadas muito de suas livres vontades e tem constrangimento de pessoa alguma faciam doação
 
como de facto doado tinham de hoje para todo o sempre a NoSa Senhora do Monte do Carmo de Camboy deste termo para nas referidas terras
 
edificarem sua Capela e Patrimônio e sustentação dos seus guizamentos".
 
 
Esse, pois o patrimônio doado para que nele se construíssem a igreja e o arraial. Como a feitura de igreja ou, mesmo, sua reconstrução,
 
dependiam de autorização regia e canônica, nos termos da ordem de 2 de abril de 1739, foram tomadas providências nesse sentido c, antes
 
mesmo que. essas fossem satisfeitas, erigiu-se a Capela, entre maio e novembro de 1813, no topo de uma encosta, ladeada por armamentos
 
íngremes e desajeitados.
 
 
Feita de adobes, argamassada de capim e sapé, que lhe garantiam paredes compactas, mas pouco resistentes, a obra estava destinada a vida
 
efêmera, porque em breve desgastada pelas intempéries. Exigia-se-lhe, no entanto, legalização canônica.
 
 
Para tanto, visitou-a propositadamente o Capelão Padre Joaquim Conrado de Oliveira, com poderes especiais para isso.
 
 
O Capitão Joaquim José de Moraes apresentou documentação idônea de pública-forma da doação, ao mesmo tempo que requeria ao Juiz de Fora
 
de Campanha, que, pelo juiz de vintena do Arraial de Pouso Alegre, fossem dados poderes ao Capitão Francisco Soares de Figueiredo para
 
requerer o que conviesse a bem da nova Capela. Na data de 19 de novembro de 1813 essa petição recebeu o seguinte despacho:
 
 
"Autode poçe - Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Cristo de Mil e oitoSentos e treze aos vinte três dias do mês de Nbro. Nesta
 
paraje adominada a Chamada Camboi Freguezia de Camanducaia termo de Vila de Campanha da prinçeza e Minas Comarca do Rio das mortes Aonde
 
Francisco Ignacio de Freitas juiz da vintena sendo ahi com¬pareceu prezente como procurador e zelador competente da Capela de NoSa
 
Senhora do monte do Carmo Capitam Francisco Soares de Figueiredo e sua M. digo e ahi emtimou aclespaxo do dotor Juiz de Jora José Joaquim
 
Carneiro de Miranda e Costa Desembargador de S.A.R. o Prinsepe Regente de NoSo Senhor Que Deos Ge.  em vertude do mesmo despaxo dei
 
pose Nopatrimonio da dita Senhora como Zelador da Capela e sitei aos ComFrontantes João Ferra, dos Santos Joaquim Rodrigues da Sá.  e
 
Alexo Corrêa.  Lemes e todos levaram A bem e aSsistiram ao Auto de pose e eu Fui com os suprimentos e duas testemunhas ao diante
 
Nomeadas e aSinadas .na  dita paraje  e Publi¬quei Cavando terra Cortando Ramos atirando para o ar Guirtando com voz alta clara
 
inteligível dia claro SolFora e ahi lhe dei Pose atoai Real Judicial Corporal Real a Provação (?) e como não hove em¬baraço Faço este
 
Auto de pose como Zellador da Senhora do monte do Carmo e pelo que Faso este em  prezença  das  testemunhas Manuel  Fortunato Thomas
 
Francisco da Sá.  e eu Francisco Ignº de Freitas juis de vintena que em verdade dos despa¬xo posto na petição Retro o escrevi,  (a) 
 
Francº Soares de Figueiredo.  Como testemunha q. este vi Fazer e aSino Manuel Fortunato como testemunha q. este vi Fazer e aSino Thomas
 
Francisco da Silva - Francisco Ignacio de Freitas Juis de vintena."
 
 
Investido das delicadas funções de zelador do patrimônio, não descansou ainda o Capitão Soares, que, acompanha¬do do Capitão Joaquim
 
José de Moraes, em todas as diligências e instâncias, promoveu, pessoalmente, em São Paulo, a satisfação das exigências canônicas para a
 
ereção da Capela. Peticionou então ao Bispo Diocesano, D. Mateus de Abreu Pereira, que, na data de 23 de dezembro de 1813, determinou a
 
expedição da respectiva provisão. Ao mesmo tempo, como a obra só podia ter andamento mediante prévia visita de autoridade eclesiástica
 
competente, D. Mateus designou, por provisão de 24 de dezembro de 1813, o Padre Joaquim Conrado de Oliveira, Capelão, para a desejada
 
missão, embora a esse tempo a obra já estivesse concluída. Isso feito, voltaram o Capitão Soares e o Capitão Moraes a requerer a benção
 
da Capela e a permissão para a instalação de cemitério próprio, ressalvados os direitos paroquiais — o que lhes é deferido por despacho
 
do mesmo dia e ano. Ainda na mesma data, peticionou o Capitão Soares fosse autorizada a ereção da pia batismal na Capela, alcançando do
 
antístite alvará de atendimento e atestação a posteriori por parte do Padre Joaquim Conrado, em 22 de fevereiro de 1814, acrescentando
 
este, ainda, haver ele próprio, a priori, escolhido o local em que se erguera a Capela.
 
 
O funcionamento regular dos atos religiosos dependiam, no entanto, de alfaias e espécies sacras, empregadas nos ofícios litúrgicos, em
 
razão do que, após juramento prestado em 12 de fevereiro de 1814, na casa do Padre Joaquim Conrado de Oliveira, em Cambuí, o Escrivão
 
Manuel Silvério Monteiro lavra termo de visita em que relaciona a existência de duas casulas de damasco (roxa e verde, branca e
 
vermelha) bem como cálice, e patena, além de três alvas, uma bretanha e duas de linho. Completando essas providências, o Capitão Soares e
 
o Capitão Moraes, ainda em São Paulo, alegando em memorial ao Bispo Diocesano estar a Capela ereta, visitada e benta, com patrimônio
 
constituído, em cumprimento de exigência regia, requeriam a faculdade para pia batismal e cemitério. Em março de 1814, D. Mateus
 
encaminha o pedido ao Vigário-Geral, que, por sua vez, passa o processo à alçada do Procurador da Mura. Emitido parecer favorável em 9 de
 
março de 1814, foi então expedida provisão autorizativa para a celebração de todos os atos litúrgicos.
 
 
Encerrava-se assim a tramitação regular do processo na Cúria Diocesana. Diante disso, foi publicado edital, agora na própria Capela,
 
convocando, sob juramento, os peritos Alferes Vicente Ferreira da Cunha c José Martins de Figueiredo, Escrivão Manuel Silvério Monteiro,
 
para inquirirem o Sargento de Ordenança Thomaz Francisco da Silva e Antônio Lopes Pinheiro, bem como os doadores, a fim de se proceder a
 
avaliação das terras doadas (valiam mais de 120$000) -— tudo sob a presidência do referido Capelão Padre Joaquim Conrado de Oliveira e
 
presença do Juiz-Geral da  diocese,  Cônego  Joaquim José Mariano,  na  data de  8 março de 1814, em São Paulo.
 
 
Esse processo foi julgado "válido, e, por igual, firme e valioso o patrimônio, constituído da referida sorte de terras, para o título
 
dele  poder  ser erigida e conservada a capela".
 
 
Rematando as providências do estilo, o Vigário-Geral da Diocese, Cônego Joaquim José Mariano, expediu provisão concedendo "faculdade para
 
que na mencionada Capela se pudesse celebrar Missa c todos os ofícios sacros, bem como batizar na respectiva Pia e sepultar os defuntos
 
fiéis 110 mesmo cemitério".
 
 
Todavia, a situação era irregular.
 
 
Já se disse que Carta-Régia determinava de maneira conclusiva que a construção de Igreja exigia, sempre, autorização superior. A Capela
 
de Cambuí estava concluída sem ter tido, a priori, atendimento à exigência real.
 
 
E isso foi feito de maneira completa e decisiva. Os dois grandes benfeitores da Igreja e do arraial, Capitão Soares e Capitão Moraes,
 
obtiveram Provisão do próprio D.  João VI, então Príncipe Regente, nesse sentido e assim dizendo:
 
 
"Dom João por graça de Deos Príncipe Regente de Portugal, e dos Algarves, d'aquem e d'alem Mar, em África Senhor de Guine && e do
 
Mestrado Cavalleria, e Ordem de Nofso Senhor Jesus Christo Faço Saber, que Attendendo a Presentar-Me os Cappitaens Francisco Soares de
 
Figueiredo e Joaquim José de Moraes, Comandante aquelle do Districto de São Domingos, e este do Rio do Pexe do Rispado de São Paulo,
 
que tendo os Suppricantes Erigido huma Ermida na paragem de Cambui com licença do Ordinário sendo o orago Nofsa Senhora do Monte do
 
Carmo. Me pedião a Graça de Minha Real approvação. O que visto e Resposta do Procurador Geral das Ordens, Hey por bem Fazer Mercê a
 
Supplicantes de lhe Approvar a Ereção da mencionada Capella de Nofsa Senhora do Monte do Carmo, Revalidado-lhe com esta minha Real
 
Approvação a nulidade com que se acha Erecta, e esta se cumprirá sendo pafsado pela Chancellaria da Ordem. O Príncipe Regente Nofso
 
Senhor e mandou pellos Ministros abaixo afsignados do Seu Conselho, e Deputados do Tribunal da Mesa da Consciência e Ordem. Faustino
 
Maria de Lima Fonseca Gutierres a fez no Rio de Janeiro aos doze de Novembro de mil oito centos e doze. Desta mil e seis centos réis, e
 
afsignaturas três mil e duzentos réis. Joaquim Joze de Magalhães Coutinho c a subscreveu." (Duas assinaturas ilegíveis) .
 
 
Esse importante documento, altamente histórico, segundo o notável historiador e linhagista mineiro, Dr. José Guimarães, encontra-se nos
 
arquivos da Cúria Arquidiocesana de Pouso Alegre.
 
 
http://s20.postimg.org/yr2kgliql/bio1b_0.jpg
 
 
''Fac-símile do alvará em que Dom João VI, então Príncipe Regente, aprova a ereção da Capela do Cambuí-Velho, relíquia histórica pertencente à Cúria Arquidiocesana de Pouso Alegre, sentindo pesquisa do eminente historiador ourofinense, Dr. José Guimarães.''
 
 
Concluía-se, finalmente, o processo para que a Capela exercesse suas funções e os fiéis cumprissem suas obrigações religiosas.
 
 
Daí por diante, passaram a exercer ''munus'' eclesiásticos na Capela os seguintes sacerdotes:
 
 
Padre Joaquim Conrado de Oliveira, de 1813 a 1817;
 
Padre Manuel Alves Teixeira, de 1818 a 1821;
 
Padre João da  Silva  Brito,  em 1824;
 
Padre Manuel Alves Teixeira, de 1825  a 1827 e
 
Padre Joaquim Manuel de Toledo, de 1828 a 1834.
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
A 29 de setembro de 1814 era sepultada na nave do templo Dona Quitéria Maria Rodrigues, cunhada do Capitão Soares, e a 18 de fevereiro de
 
1815 o mesmo acontecia com a esposa do Capitão Soares, irmã de Dona Quitéria, Dona Leonor Francisca de Jesus.
 
 
Enfrentando aclives e declives, subindo e descendo, contorcendo-se em rampas íngremes e cheias de anfractuosidades solapadas pelas
 
chuvas, o arraial crescia a pouco e pouco, auspiciosamente. Em setembro de 1815 recebia a primeira visita pastoral feita pelo Cônego
 
Antônio Paes de Andrade, secretariada pelo Padre Francisco de Paula, e, em setembro de 1818, ali estava o visitador Antônio Marques
 
Rodrigues, que, em Camanducaia deixava escrita recomendação expressa no sentido da reparação, ou mesmo reedificação, da Capela de Cambuí,
 
tal o seu desgaste provocado pelas intempéries e em razão ainda do péssimo material em¬pregado na sua construção.
 
 
O mesmo acontecia com o arraial em relação às demais construções: casas de taipa e adobe, casebres de barro e pau-a-pique, cafuas
 
trepadas pelos morros acima e taperas cercadas de bambus pelas encostas abaixo. Arruavam-se essas habitações de maneira tortuosa e sem
 
qualquer respeito a exigências urbanísticas. Não as justificavam as disposições assimétricas de outros arraiais mineiros — Ouro Preto,
 
Mariana, Sabará, Congonhas, Caetés e mesmo Ouro Fino e Santana do Sapucaí — porque essas povoações eram as "catas", a procura do ouro à
 
beira irregular dos regatos, que impunham direção às ruas e disposição incorreta às casas.
 
 
O Arraial de Camboy não oferecia perspectiva aurífera. Só poderiam enriquecê-lo a pecuária e a agricultura. Por isso mesmo, a
 
recomendação escrita feita pelo Visitador Antônio Paes de Andrade constituía o "ponto-de-partida" para um movimento de grande envergadura
 
e larga amplitude: a construção de outra Capela e a mudança do arraial para lugar aprazível e adrede escolhido.
 
 
E foi o que se deu.
 
  
 
=== Novo Cambuí ===
 
=== Novo Cambuí ===
 
Respeitando Carta Regia de 2 de abril de 1739, que vedava construção de igrejas e capelas sem autorização de autoridades competentes, em
 
agosto de 1834, foi dirigido o seguinte memorial à Cúria Diocesana de São Paulo:
 
 
"Dizem os habitantes da Capela de Nossa Senhora do Carmo de Cambuhy, filial da Freguezia de Camanducaia, q. achando-se a dita Capela
 
situada no cume d'hum monte onde he bastante difícil hirem os Spps. cumprir com os seus deveres religiozo e mmo. pr. estar a dita
 
Capela danificada, e dezejando pr. isso mudarem pá. hum terreno plaino mto. mais espaçozo, e onde se pode divisar não só a desencia do
 
templo como o aformoziamento da povoação, e como não podem fazer sem licença de V. Excia., portanto P. A. V. Excia. se sirva conceder aos
 
Supps. a dita licença. E. R. Mcê".
 
 
Subscrevem  essa petição os  seguintes  moradores  do arraial:
 
 
"Manuel Marques de Oliveira, Antônio José da Silva, Jacinto José da Fonseca, Francisco José de Macedo, Tomaz Garcia dos Santos, Vicente
 
Marques de Oliveira, Salvador Rodrigues Gonçalves, Antônio Soares Guimarães, José Inácio Froes, Antônio Francisco Mendes, Joaquim
 
Pereira Lima, Joaquim Inácio Simões, Antônio Silvério Pereira, Antônio Rodrigues Matos, José Martins Bastos, Manuel Martins de Almeida,
 
Manuel Lopes Pinheiro, José Lopes Pacífico, João Paulo Lopes Pinheiro, Manuel Ferraz da Cunha, João Lourenço de Souza, Salvador da Veiga,
 
Lourenço Dias, Vicente Ferreira de Abreu, Mateus José da Rosa, José Domingues, Manuel Afonso dos Santos, João Clemente Gomes de
 
Oliveira, Joaquim Inácio Lopes, Possidônio Pires Machado, Manuel Bueno de Moraes, Manuel Inácio Froes, Francisco Nunes Pinheiro, José da
 
Cunha Vasconcelos, Henrique da Cunha Vasconcelos, João Lopes Corrêa, Jerônimo Pedro Gonçalves, Joaquim Antônio de Afonseca, Francis¬co de
 
Souza Vieira, Tristão Leite Ferreira de Melo, Benedito Soares Leite, Félix da Costa Pinheiro, Manuel Joaquim de Moraes, João Francisco do
 
Prado, José Gabriel da Silva e José Mariano da Silva."
 
 
Sobreleva notar — diz o Dr. José Guimarães, comentando esse documento — que quarenta e cinco pessoas assinam o memorial de próprio
 
punho, demonstração viva do alto grau de alfabetização que, nos afastados anos de 1834, já haviam alcançado os habitantes da área
 
compreendida entre São Domingos e Rio do Peixe.
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
Neste ponto, abra-se um parêntesis e registre-se que o Dr. José Guimarães, tantas vezes citado nesta obra, prende-se a Cambuí por laços
 
de casamento, genro de José Roberto de Moraes, um cambuiense radicado em Ouro Fino, mas amoravelmente apegado à terra natal. Veio daí o
 
interesse que o levou a penetrar fundamente nos alicerces históricos da cidade.
 
 
De posse do memorial supra referido, a Cúria Diocesana de São Paulo ouviu o Padre Manuel Alves de Toledo, Vigário de Camanducaia, para em
 
23 de outubro de 1834, concordar com a mudança pleiteada, já que havia manifestação crítica da parte do Visitador Diocesano,
 
desfavorável inteiramente à Igreja e ao arraial, dadas as condições precárias de que se revestiam.
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
Foi então escolhido o local na área denominada "Campo Largo", constituído de pequena colina ladeada por encostas ligeiras, em cujo
 
dorso se espalmava achatamento bastante amplo para que nele se assentasse a praça principal do povoado. Descortinava-se dali, livres e
 
desembaraça¬dos, largos horizontes tapizados pela bacia hidrográfica do Itaim, formando a calha perlongada por indígenas e bandeirantes,
 
rumo ao vale aurífero do Rio Verde. Lado a lado, extensas cordilheiras formavam a moldura do majestoso quadro em que o perfil granítico
 
do São Domingos, alteado no cimo da serra, a mais de dois mil metros de altitude, ocupava a posição de sentinela vigilante a orientar o
 
viajor em direção à terra prometida. E o desbravador que regressasse aos pagos domésticos, trazendo no gibão de couro cru e colheita do
 
metal cobiçado, batendo as alparcatas enrijecidas no pó ardente das trilhas e devesas, defrontava desde logo, de longa distância, aquela
 
massa escarpada, a cavaleiro do arraial, oferecendo-lhe abrigo e indicando-lhe roteiros certos. Parece mesmo que a mão de Deus pincelou
 
na tela da natureza um dos seus mais belos quadros paisagísticos.
 
 
Quando as chuvas, intensas e extensas, se prolongavam por dias e semanas, a várzea aberta nas margens do Itaim e de seus tributários, se
 
transformavam em imenso lagamar pontilhado, aqui-e-ali, de moitas de gabirobeiras, araticuns, pitangueiras, tarumãs e touceiras de
 
capituvas agrestes. Aves aquáticas sobrevoavam a extensão líquida dando vida e movimento à paisagem. O Rio das Antas, ao pé da colina,
 
deslizava ora mansamente, sem pressa, tortuoso, pelo vargedo à fora, ora transbordante e violento, carregando nas suas águas fecundas a
 
certeza de boas searas e messes fartas.
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
Escolhido, pois, o local, foi posta mão-a-obra. O Capitão Soares comandava a surtida. Espírito forte, combativo, empreendedor
 
intimorato, enfrentou as dificuldades e as venceu. Por outro lado, os moradores vizinhos, sob o império de uma vontade férrea — genius
 
loci — irmanaram-se e prestaram ao grande chefe a colaboração necessária, ajusta¬dos ainda no apoio dado pelos próprios habitantes do
 
arraial condenado.
 
 
Em pouco, o novo templo se erguia, imponente, desta vez construído e revestido de material capaz de enfrentar a ação dos elementos e do
 
tempo.  Cada qual trouxe o seu quinhão. O próprio Capitão Soares cansou suas mãos já calejadas na ereção da Igreja.
 
 
Terminada a obra, procedeu-se a transladação das imagens e alfaias para o templo que ia ser na história o marco e a prova da tenacidade
 
indômita de um povo. O transporte se fez festivamente, carregadas as relíquias por carros de bois acompanhados pelo povo entoando hinos
 
e preces (Minas Gerais, de 4 de outubro de 1930) .
 
 
E deu-se então fato curioso, pouco encontradiço no desdobrar da história: abandonava-se um povoado, seu templo, suas casas, suas ruas,
 
suas vivendas, suas taperas, suas cafuas, deixando-o ao sabor do tempo, do sol e da chuva, da mataria agreste, dos animais daninhos, a
 
destruir-se lentamente, arremedo de uma Cartago inocente ou a repetição de um novo êxodo.
 
 
Inaugurado o novo templo, ali compareceu o visitador diocesano, Padre Senador José Bento, que tanto relevo teve na vida pública do
 
Império, lançando no livro do Tombo a seguinte Provisão,  aliás, datada de Pouso Alegre:
 
 
"José Bento Ferreira de Mello, senador do Império e visitador ordinário das freguezias do bispado de São Paulo, na província de Minas
 
Geraes, etc . Aos que esta minha provisão virem saúde e Benção em o Senhor. Faço saber que attendendo ao que me representarão os Povos da
 
Capella de Cambuhy, da freguezia de Camanducaia, Hey por bem, pela presente declarar curada a dita Capella de Cambuhy, e independente da
 
dita freguezia de Camanducaia. Será esta registrada nos livros do Tombo da dita freguezia e Capella curada. Dada nesta villa de Pouso
 
Alegre sob meu signal e sello das minhas armas, aos quinze de outubro de mil oitocentos e trinta e quatro. E eu, José Bento, digo José
 
Francisco Pereira Filho, secretário da visita, que o escrevi, (a) José Bento Ferreira de Mello. Estava o sello pendente (a) Pereira
 
Filho. Provisão porque vossa senhoria ha por bem declarar cura¬da a Capella de Cambuhy, da freguezia de Camanducaia, a favor dos Povos
 
supra declarados. Para Vossa Senhoria ver. Registrada no livro e folhas. Pouso Alegre, quinze de outubro de mil oitocentos e trinta e
 
quatro. Numero trinta, Pagou oitenta reis de sello. (a) Pereira Filho Ferreira Mello.”
 
 
O Visitador Diocesano foi recebido festivamente, não só pelos atributos pessoais de senador do Império, como pelo sagrado "munus" de que
 
estava revestido, realizando então obra evangélica de acendrado devotamento: crismas, batizados, casamentos, confissões e comunhões, com
 
devoção e sinceridade da parte do povo.
 
 
A colheita pastoral foi, sem dúvida, opima.
 
 
Também, o povoado crescera e se derramara pelas ruas, encostas e arredores. O armamento se fizera simetricamente, obedecendo a plano algo
 
técnico: de cada canto da Praça nasciam ruas retas que desciam a encosta e alcançavam outra rua paralela às encostas, no sentido
 
longitudinal. Ao centro, frente ao templo, a rua principal, calçada por largas lajes poliédricas, leito côncavo para o perfeito
 
escoamento pluvial. De cada lado da rua principal partiam ainda armamentos regulares em direção às vias longitudinais, ladeando a
 
Praça.
 
 
Antecipando-se a Camberra, (Austrália) e a Belo Horizonte, Goiânia e Brasília, nascia o Arraial de Cambuí, em 1834, sem a intervenção de
 
engenheiros urbanistas, obedecendo apenas a critérios inteligentes no estudo e no aproveitamento de sua topografia e de suas condições
 
mesológicas.
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
Dezesseis anos após esses acontecimentos, durante os quais o arraial adquiria substâncias condições de vida e desenvolvimento, é criada a Freguesia de Cambuí pela Lei Provincial nº 571, de 1º de junho de 1850, desmembrada da Paróquia de Camanducaia.
 
 
Logo depois é nomeado o Padre Feliciano José Teixeira seu primeiro pároco. Deixa de ser Curato para ser Paróquia.
 
 
De 1834 a 1850, período em que Cambuí foi simplesmente Curato, exerceram as funções de juízes de paz as seguintes pessoas:
 
 
Jacinto José da Fonseca (1838 a 1844),
 
Ricardo Pereira Coutinho (novembro de 1838),
 
Joaquim Ignacio Simoins (1839 a 1845),
 
Lourenço Dias Portela (1839 a 1840),
 
João Tavares da Cunha (1842 a 1844),
 
Manoel Marques de Oliveira (1843 a 1844) e
 
José da Cunha Vasconcelos (1843)
 
 
Leis então vigentes conferiam a esses servidores atribuições judicantes, limitadas a pequenas demandas e controvérsias locais.
 
  
 
== Capítulo II - Como vive uma cidade==
 
== Capítulo II - Como vive uma cidade==
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Constituída em freguesia, cabia a Cambuí eleger seus representantes na Câmara Municipal de Jaguari, que, aliás, já convocara elementos do  
 
Constituída em freguesia, cabia a Cambuí eleger seus representantes na Câmara Municipal de Jaguari, que, aliás, já convocara elementos do  
 
Curato para a integrarem, tais como Antônio Marques de Oliveira (1842), Joaquim Inácio Simões (1845) e coronel Francisco Cândido de Brito  
 
Curato para a integrarem, tais como Antônio Marques de Oliveira (1842), Joaquim Inácio Simões (1845) e coronel Francisco Cândido de Brito  
Lambert (1849), antes mesmo de competir ao arraial o eleger vereadores próprios.
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Lambert (1849), antes mesmo de competir ao arraial o eleger verea¬dores próprios.
  
 
Consolidando a elevação de Curato a Freguesia, foram escolhidos representantes de Cambuí à Câmara Municipal de Jaguari os seguintes  
 
Consolidando a elevação de Curato a Freguesia, foram escolhidos representantes de Cambuí à Câmara Municipal de Jaguari os seguintes  
 
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em 1849 — Joaquim Inácio Simões,
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em 1849 — Joaquim Inácio Simões,
em 1853 — Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert,
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em 1857 — Elias Carlos de Carvalho,
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em 1853 — Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert,
em 1861 — Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert,
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em 1865 — Bento Luiz Ferreira de Brito,
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em 1857 — Elias Carlos de Carvalho,
em 1869 — Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert,
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em 1878 -- Antônio Marques de Figueiredo,
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em 1861 — Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert,
em 1883 — Justiniano Quintino da Fonseca,
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em 1886 — Fernando Carlos Pereira Guimarães.
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em 1878 -- Antônio Marques de Figueiredo,
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em 1883 — Justiniano Quintino da Fonseca,
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em 1886 — Fernando Carlos Pereira Guimarães.
  
 
Esses representantes alternavam-se nas sucessivas legislaturas, numa das quais (1867) o Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert foi  
 
Esses representantes alternavam-se nas sucessivas legislaturas, numa das quais (1867) o Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert foi  
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artilharia."
 
artilharia."
  
Transcreve-se a comemoração de 7 de setembro de 1869, publicação feita no jornal '''Gazeta de Cambuí''', de 1º de julho de 1934:
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Transcreve-se a comemoração de 7 de setembro de 1869, publicação feita no Jornal "Gazeta de Cambuí" de 1º de julho de 1934:
  
 
  "Cambuí, a pequena mas rica freguesia pertencente a Camanducaia, ia comemorar a data da Independência do Brasil.
 
  "Cambuí, a pequena mas rica freguesia pertencente a Camanducaia, ia comemorar a data da Independência do Brasil.
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=== Criação do município ===
 
=== Criação do município ===
 
Encerrado o ciclo das atividades meramente paroquiais, inicia-se em seguida o roteiro das liberdades administrativas municipais, em consequência da Lei Provincial nº 3.712, de 27 de julho de 1889, assim sancionada:
 
 
O Dr. Barão de Ibituruma, Presidente da Província de Minas Geraes:
 
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou,
 
e eu sancciono a lei seguinte:
 
Art. 1º -  Ficam creados os seguintes municípios de Abre Campo, Cambuhy e Palmira.
 
Art. 2º - Compor-se-hão os novos municípios das seguintes parochias:
 
§ 2º - O de Cambuhy: de Nossa Senhora do Carmo de Cambuhy, como sede e elevado a categoria de vila,
 
de São Sebastião e São Roque de Rom Retiro e da Capella do Senhor Rom Jesus do Córrego,
 
que fica elevada à categoria de Freguezia.
 
Art. 3º - O novo município de Cambuhy terá todos officos de justiça creados por lei geral.
 
 
Proclamava-se através desse diploma legal o ''self-govemment'' de Cambuí, às vésperas de outro acontecimento de sabor drástico na vida intestina do País, qual foi, na realidade, a implantação do regime republicano entre nós. Quatro meses depois transformavam-se por inteiro os quadros institucionais da nação e novo sistema político dava sentido e fisionomia diferentes às organizações administrativas.
 
 
Passado o impacto emocional ocasionado pelo novo regime, foi, pelo governo estadual, nomeado o Conselho de Intendência, órgão temporário destinado a legislar e administrar no interregno aberto entre a extinção da freguesia e o nascimento do município. A ata da sessão inaugural descreve a cerimônia então realizada:
 
 
"Aos 19 dias do mês de janeiro de 1890, às 3 horas da tarde, nesta vila de Nossa Senhora do Carmo de Cambuhy, termo do mesmo nome, comarca de Paraíso, Estado de Minas Geraes, na sala das sessões da Câmara Municipal, reuniram-se em sessão solene os cidadãos Intendentes — Antônio Ferreira de Oliveira, João Correia da Silva e Capitão Zeferino José de Brito Lambert, e, por motivo de ordem dos trabalhos, trataram imediatamente de eleger o seu presidente, recaindo a maioria dos votos no cidadão acima nomeado em último lugar, o qual assumiu a presidência e convidou para servir de secretário interino o abaixo assinado. Passou a ler o oficio do Exmo. Sr. Governador do Estado, o cidadão Dr. José Cesário Faria Alvim, datado de 10 do corrente, e declarou em presença de numeroso concurso de cidadãos que compareceram para assistir ao ato, que, em virtude de ordem expressa no mesmo oficio, a Intendência assumia o cargo que tão honrosamente lhe foi confiado por aquele Governador, e em ato continuo declarou empossada a Vila de Cambuí e instalado o respectivo termo que fora criado pela lei da extinta assembleia provincial nº 3.712, de 27 de julho do ano passado. Assim mais declaravam os intendentes, que prometiam sob sua palavra de honra, desempenhar bem e fielmente o seu cargo, tendo como objetivo o desenvolvimento e prosperidade morai e material do novo município, de acordo com as leis vigentes e com os interesses gerais da Nação Federal, guiando-se pelos moldes da nova e prometedora política atual. Pediu a palavra o cidadão Dr. José Moreira Brandão Castelo Branco Filho, juiz municipal de Jaguari, e manifestou em eloquentes palavras a satisfação que sentia por assistir a um ato que considerava de máxima importância para os habitantes do município que acaba de ser instalado ao qual desejava e augurava um brilhante futuro, louvando ao mesmo tempo ao Exmo. Governador do Estado pelo acerto na escolha dos intendentes. Em seguida, orou o Revmo. Vigário Caramuru externando o imenso júbilo de que se achava possuído por tão auspicioso fato, terminando por vivas ao mesmo Governador bem como ao Governador Geral dos Estados Federados. Pelo Presidente, foi ordenado ao Secretário que lavrasse uma ata do ocorrido na presente sessão e que da mesma fossem remeti¬das cópias aos cidadãos Governador do Estado, Dr. Juiz de Direito da Comarca, Dr. Juiz Municipal e Presidente da Câmara de Jaguari. Convidou a I
 
intendência para reunir-se em sessão extraordinária no dia 23 do corrente. E encerrou os trabalhos declarando que com a intendência podiam assinar esta ata os cidadãos presentes que o desejassem. E para constar, lavro a presente, Eu, Antônio Evaristo de Brito, secretário interino a escrevi. (aa) O Presidente da Intendência Zeferino José de Brito Lambert. Os Intendentes Antônio Ferreira de Carvalho e João Corrêa da Silva. José Moreira Brandão Castelo Branco Filho, Juiz Municipal; Antônio de Almeida Gonçalves Prata, escrivão de órfãos; José Quintino da Fonseca, Antônio José de Brito Lambert, Justiniano Quintino da Fonseca, padre José da Silva Figueiredo Caramuru, Carlos Zacarias de Almeida, Fidelis Corrêa Marzagão, João Batista Ribeiro e Silva, João Ferreira da Silva, Maximiano José de Brito Lambert, José Quintino da Fonseca Sobrinho, Higino de Oliveira César, Aureliano Quintino da Fonseca, Paulino Frederico, Silvestre Pereira da Fonseca, Faustino José de Assis, Procópio Brandão, Justiniano Alves Pereira, Ricardo José Pereira, Adriano Colli, Inocêncio Quilici, Américo Corrêa Marzagão e Antônio Luiz de Brito Lambert."
 
 
Logo nos primeiros dias de sua atividade, em sessão de 7 de abril de 1890, fundas modificações se processam na estrutura da Intendência: João Correia da Silva e Sebastião Marques de Oliveira são substituídos por Padre José da Silva Figueiredo Caramuru e Alferes Joaquim Quintino da Fonseca, exonerando-se o Capitão Zeferino José de Brito Lambert, que cede a curul presidencial ao Padre Caramuru, cabendo a Antônio Ferreira de Carvalho a Vice-Presidência. Em seguida, o novo órgão passa a organizar o quadro administrativo da comuna: Avelino Cândido de Brito é nomeado procurador; Quirino Antônio Padilha e João José Pereira, fiscais; Ananias Pereira Tomaz, alinhador; Joaquim Antônio Costa e Souza, porteiro; Procópio Brandão, amanuense.
 
 
Com a exoneração, a pedido, de Avelino Cândido de Brito, é indicado Procurador Joaquim Xavier de Salles.
 
 
Continuando, o Conselho passa a legislar:
 
 
* determina que os cães sejam açaimados pagando 2$OOO de imposto e que os desprovidos de açaimo paguem multa de 10$000;
 
* os proprietários de casas são obrigados a limpar e caiar as respectivas fachadas sob pena de multa de 10$000;
 
* cada  cabrito  ou  carneiro  vagando  pelas ruas 2$000;
 
* para mascatear fazendas ou objetos de ouro ou prata imposto anual de 30$000, e não sendo do município 100$000;
 
* para  a  exibição  de  realejos  e  outros  instrumentos 2$000;
 
* exibição de macacos ou outros animais 2$000.
 
 
Registrem-se essas deliberações, não pelo seu conteúdo estranho e pitoresco, mas como expressão de uma época e de contraste entre a mentalidade de 1892 e 1972. Faça-se um paralelo da maneira como se portava o meio social de há oitenta anos passados, daí se extraindo a fisionomia, os usos c costumes de um burgo que nascia cheio de promessas e aspirações progressistas.
 
 
Na realidade, várias deliberações de alta significação para o novo município são tomadas pelo Conselho de In¬tendência, que, de 19 de janeiro de 1890 a 5 de março de 1892, período de sua vigência, marca os primeiros passos da jovem comuna no sentido do desenvolvimento e da ordem.
 
 
Em 5 de março de 1892 instala-se a primeira Câmara Municipal assim constituída:
 
 
Presidente - Antônio José de Brito Lambert,
 
Secretário - Antônio de Melo Afonso,
 
Vereadores -João Lopes Pacífico, Justiniano Quintino da Fonseca, José Luiz Tavares da Silveira e Joaquim Firmino Lopes.
 
 
O Vereador, eleito Presidente, Antônio José de Brito Lambert, não toma posse no momento, mas posteriormente, por estar investido das funções de Juiz Municipal, nomeado pelo Governador do Estado, entrando em exercício, em caráter interino, o suplente Adriano Colli.
 
 
A situação da Câmara, a partir de então, é eficiente e fecunda. É que tinha a orientá-la uma equipe de cidadãos dotados de excepcionais requisitos e em condições de pô-la em alta posição entre sutis congêneres da região. Antônio Evaristo de Brito, escolhido Secretário da edilidade, e José Alexandre de Moraes, posteriormente vereador, tiveram a formação cultural em São Gonçalo do Sapucaí, no Liceu em
 
que, Lúcio de Mendonça, Raimundo Correia e, por vezes, Silvio de Almeida, aqueles eleitos para a Academia Brasileira de Letras e este figura destacada nos meios intelectuais de S. Paulo, exerciam proficiente-magistério. Antônio Evaristo de Brito, inteligência brilhante, forrada de também brilhante cultura, levado por violento traumatismo moral, morreu cedo, como cedo morrera seu pai, Bento Luiz Ferreira de Brito, prestigioso vereador por Cambuí à Câmara Municipal de Jaguari. Mas José Alexandre de Moraes, revestido de excessiva, de exagerada, de profunda modéstia, emprestou seu talento à edilidade e ao executivo. Poeta, jornalista, humorista de alto coturno, dava colorido à linguagem escrita de maneira a fazê-la escorreita e elegante. Ao lado dessas duas figuras expressivas e cultas alinhava-se o Padre Caramuru, grande orador sacro e "causer" de aprimoradas qualidades. Encimando a brilhante tríade de homens de inteligência, sobres¬saiam os irmãos Brito Lambert queridos por seus predicados de espirito e de coração. Acrescente-se a nomeação de Antônio Lambert para Secretário interino. Era então estudante de d i rei Io em São Paulo e, depois de formado, Promotor-de-Justiça em várias cidades paulistas, aposentando-se 110 final da carreira como Juiz de Direito de uma das varas eiveis da Capital.
 
 
Essa equipe, valorosa sob todos os aspectos, deu impulso correto e digno à Câmara que nascia e, imprimia, sem dúvida alguma, um sentido elevado à administração municipal.
 
 
A Câmara assim eleita e empossada entrou de agir. A transformação radical porque passara a ordem social e política do País imprimira também ao novel corpo legislativo uma concepção arejada e uma disposição reformista verdadeiramente notável e surpreendente.
 
 
Foram então baixadas leis destinadas à disciplinação das medidas necessárias à organização institucional do município, bem como a fixação de normas capazes de porem em atividade a máquina administrativa. O Código tributário foi logo sancionado. Por igual, foi posto em execução o Código de Posturas. Estabeleceu-se o regime distrital, ''celula mater'' da estrutura municipal. E, promovendo o embelezamento e as melhorias das vias urbanas, deu-se publicidade à Lei nº 21, de 19 de abril de 1894, que assim dispõe:
 
 
Art. l — Fica o Presidente do Município autorizado a mandar levantar a planta do nivelamento das ruas e travessas da Cidade,
 
a qual  será fundada nos seguintes princípios:
 
§ 1º -- Acompanhar o nivelamento do terreno despresando o nível natural de modo que este nivelamento quer suba ou desça
 
acompanhe sempre a linha da superfície do terreno principiando em um ponto que pela Câmara for determinado.
 
§ 2º Serão tomadas distâncias de 50 em 50 metros e ahi collocado o marco de madeira de lei como ponto que indique
 
onde passou o rumo do nivelamento tomado do ponto de partida.
 
§ 3º - Começar o nivelamento de baixo para cima e em cada marco ser mencionada a quantidade dos centímetros que
 
sobem do nível natural.
 
§ 4º - Nos lugares onde houverem covas ou elevações ser mencionado na planta a quantidade de terra a importar
 
ou transferir pela altura ou fundura em centímetros.
 
 
Seguem-se nesse diploma legal outras considerações que importam na recomendação a ser observada nas ruas novas ou a serem abertas, e no critério de autorização para novas construções.
 
 
Ora, essas recomendações, lançadas em leis há quase um século, estampam a visão administrativa e técnica dos edis e dos dirigentes locais.
 
 
É certo que a cidade progrediu lentamente. Imobilizou-a a carência de ligações rodoviárias com os centros consumidores e fornecedores. São Paulo era o polo magnético do comércio local. E a cidade dele se afastava em consequência de suas péssimas estradas de rodagem.
 
 
A pouco e pouco, no entanto, o progresso foi abrindo caminho em sua direção. Casas comerciais varejistas e atacadistas, empórios, centros de abastecimento de várias espécie, bancos, fábricas, artesanato de apurado gosto, farmácias, drogarias, pequenas indústrias, casas de saúde, laboratórios, colégios, oficinas diversas, hospitais - tudo isso, a passos lentos, é verdade, foi-se instalando e produzindo, de modo que, na hora presente, a cidade se impõe entre suas co-irmãs da região, consolidando a fama de seu progresso e de suas dimensões de beleza e encantamento. A Praça Coronel Justiniano, à frente de uma Igreja deveras imponente, é dotada de jardim bem planejado, cheio de árvores, flores e perfume. Nada lhe falta, porque aos domingos a Banda de Música "Santa Terezinha", sob a regência de José Francisco do Nascimento ou de Ismael de Paiva, enche os ares, ali, com velhos dobrados e langorosas valsas, que são o enredo romântico de novelas amorosas, revivendo a lembrança de tempos idos-e-vividos...
 
 
Por outro lado, as ruas da cidade, calçadas a paralelepípedos, molduradas por edifícios modernos, se espicham e se esparramam pelas várzeas e encostas circunvizinhas, formando, alargando o perímetro urbano, novos bairros e aglomerados, desafiando problemas complicados ao trânsito e ao urbanismo, e oferecendo ao visitante a imagem realista da coragem e do bom gosto do cambuiense: Bairro do Matadouro, Bairro do Zé Caixeiro, Bairro do Candoca, ruas alinhadas construídas por Sebastião Meyer e Olímpio Nogueira, enchem-se de casas novas e estilizadas. Logradouros novos, praças novas, ruas novas, conglomerados novos dizem bem do alto espírito inovador de um povo votado ao trabalho e à paz. E assim Cambuí cresce!
 
 
 
=== Da administração municipal ===
 
=== Da administração municipal ===
 
Há quatro fases na história da administração municipal de Cambuí.
 
 
Na primeira, se expressa o Conselho de Intendência incumbido de servir de elo entre a freguesia que findava e o município que nascia. Durou pouco mais de dois anos.
 
 
Na segunda, que vai de 1892 a 1930, têm exercício os Presidentes da Câmara, que tinham a função ambígua de administrar a comuna e presidir o legislativo.
 
 
A terceira fase se abriu com a revolução de 1930, em que foi quebrada a autonomia municipal em consequência da supressão das garantias constitucionais e os dirigentes municipais nomeados pelo governo estadual. Criou-se o cargo de "Prefeito". Vai de 1930 a 1945, quando então se inicia a quarta fase, em que. os Prefeitos e Vereadores são eleitos.
 
 
Dentro dessa longa caminhada, encontram-se os seguintes chefes da administração municipal:
 
 
1892 — Antônio José de Brito Lambert, Presidente, Antônio de Mello Afonso, Secretário, João Lopes Pacífico, Joaquim Firmino
 
  Lopes, Justiniano Quintino da Fonseca e José Luiz Tavares da Silveira, Vereadores.
 
1894 — José Luiz Tavares da Silveira, Presidente, e Antônio Joaquim Vilhena  Granado,  Secretário.
 
1895 e 1896 - Padre José da Silva Figueiredo Caramuru, Presidente, e José Antônio Eiras, Secretário.
 
1897 — Major Antônio Marques  de  Figueiredo, Presidente, e José Luiz Tavares da Silveira, Secretário.
 
1898 — Padre José da Silva Figueiredo  Caramuru,  Presidente, e José Luiz Tavares da Silveira, Secretário.
 
1899 — Antônio Evaristo de  Brito, Presidente, Padre José da Silva Figueiredo Caramuru, Vice-Presidente e Antônio Alexandre
 
  de Moraes, Secretário.
 
1900 — Antônio Evaristo de Brito, Presidente, Padre Figueiredo Caramuru, Vice-Presidente e Antônio Alexandre de Moraes, Secretário.
 
1901 - Justiniano  Quintino  da  Fonseca,  Presidente,  Padre Figueiredo Caramuru, Vice-Presidente e Osório Guimarães, Secretário.
 
1902 a 1905 — Justiniano Quintino da Fonseca, Presidente, Padre Figueiredo Caramuru, Vice-Presidente e Antônio Alexandre
 
  de Moraes, Secretário.
 
1906 — Justiniano Quintino da Fonseca, Presidente, Adriano Colli, Vice-Presidente Antônio Alexandre de Moraes, Secretário.
 
1908 - Justiniano Quintino da Fonseca, Presidente, Silvério Bento da Silva, Vice-Presidente e Antônio Alexandre  de 
 
  Moraes, Secretário.
 
1909 - Justiniano Quintino da Fonseca, Presidente, Silvério Bento  da  Silva,  Vice-Presidente  e  Francisco Terra
 
  Vargas, Secretário.
 
1910 e 1911 - Silvério Bento da Silva, Vice-Presidente em exercício e Francisco Terra Vargas, Secretário.
 
1912 — Silvério Bento  da Silva, Presidente, Francisco José Pereira dos Reis, Vice-Presidente e Francisco Terra Vargas,  Secretário.
 
1913 — Silvério Bento da Silva, Presidente e Antônio Leopoldo Marques, Secretário.
 
1914 e 1915 — Silvério Bento da Silva, Presidente e Francisco Terra Vargas, Secretário.
 
1916 - 1917 - 1918 -- José Alexandre de Moraes, Presidente e Adolfo Ferreira da Silva, Secretário.
 
1919 — Herculano Afonso Duarte, Presidente e Antônio Leopoldo Marques, Vice-Presidente, e Sidney Amaral Meneses, Secretário.
 
1920 - Herculano  Afonso  Duarte,  Presidente,  David  Herculano Bueno,  Vice-Presidente  e  Sidney  Amaral
 
  Meneses, Secretário.
 
1921 a 1922 — David Herculano Bueno, Vice-Presidente em exercício e Sidney Amaral Menezes, Secretário.
 
1923 - 1924 - 1925 — Avelino Cândido de Brito, Presidente, José Corrêa da Conceição, Vice-Presidente e Adolfo Ferreira da
 
  Silva, Secretário.
 
1926 - Silvério Bento da Silva, Presidente, José Corrêa da Conceição, Vice-Presidente e Adolfo Ferreira da Silva, Secretário.
 
 
=== Prefeitos nomeados ===
 
 
1930 — David Herculano Bueno, substituído por Alfredo Eugênio de Carvalho.
 
1935 — José Barbosa de Oliveira Júnior.
 
1936 — Dr. Halley Lopes Bello, Prefeito, e Alfredo Eugênio de  Carvalho, Vice-Prefeito.
 
1937 — Dr. Halley Lopes Bello, Prefeito, e Alfredo Eugênio de  Carvalho, Vice-Prefeito.
 
1938 — João Batista Corrêa.
 
1940 — José Francisco do Nascimento.
 
1947 — João Batista Duarte (em comissão) .
 
1947 — Benedito Salles (em comissão) .
 
 
===Prefeitos eleitos ===
 
 
1947 — João Batista Lopes.
 
1949 — Alcino de Oliveira Salomon  (Vice-Prefeito em exercício) .
 
1950 — José Francisco do Nascimento.
 
1955 — Alcino  de  Oliveira  Salomon (até  1957).
 
1957 — Álvaro de Moraes Navarro, Vice-Prefeito  em  exercício .
 
1959 — Benedito Carvalho, Prefeito,  Mário  Ribeiro, Vice-Prefeito.
 
1963 — José Francisco do Nascimento, Prefeito, Benedito Delfino Machado, Vice-Prefeito.
 
1967 — Dr. Braz  Meyer, Prefeito,  José  Adolfo  da  Silva, Vice-Prefeito.
 
1971 — Luiz Evangelista Rangel Padilha, Prefeito, e  Dr. Bruno Capossoli, Vice-Prefeito.
 
 
 
=== Vereadores ===
 
=== Vereadores ===
 
A relação dos Vereadores, de 1892 a 1972 (oitenta anos) é excessiva, mas é justo que se lhes perpetue os nomes em livro destinado à história e à posteridade, como homenagem silenciosa aos bons serviços prestados à comunidade:
 
 
Alfredo de Brito, Francisco Paulino de Araújo, Antônio Lopes Sobrinho, Francisco Lopes dos Santos, Higino de Oliveira Cesar, Francisco Antônio de Brito Lambert, José Luiz Brandão, Antônio Luiz de Cantuária, João Garcia de Andrade, Vicente Marques da Silva, Modesto Bueno de Moraes, Elias Belisário dos Santos, João Pedro Gomes do Nascimento, Antônio Cândido Ferreira, José Marques da Silva, Afonso Finamor, José Lopes Pacífico, José Honório da Silva, José Silvério Pereira, Salustiano Marques Padilha, José Guilherme Eiras, Antônio Rodrigues Ferreira, José Vanulhi, Adriano Colli, Alfredo Fanuchi, Levindo Furquim Lambert, Virgílio da Silva Lopes, Luiz Garcia de Andrade, Milton Salomon Sales, Miguel Chiaradia, Antônio Raimundo do Nascimento, José Batista da Silva, Fausto da Silva Oliveira, João Rodrigues do Paraíso, José Luiz de Souza, Dr. Sebastião Meyer, João Toledo, Waldomiro Bueno, Adolfo Jonas da Silva, Francisco Júlio Pereira, Edgard Siqueira, Ângelo Bernardo Faccio, Antônio Luiz Gonçalves, Joaquim Augusto da Cunha, José Egídio Barbosa, Benedito Sales, José Bueno da Silva, Elias da Silva de Oliveira, João Gonçalves da Fonseca, Teruiaki Yamamoto, Dr. José Barbosa, Benedito Artur de Melo, Dr. Benedito de Carvalho Lopes, Jorge Antônio Dias, Simeão Manuel Dias, Lourenço Filho, João Rangel Fancuchi, Dr. Rui Ferrer de Oliveira, Waldemir de Oliveira, José Honorato Marques, Geraldo Pereira da Rosa, Waldemir Silvério Rodrigues, Dr. José Faustino da Cunha, Anardino Ribeiro da Costa, Abílio da Silva Oliveira, Ildeu Lessa de Moura, Dr. Bruno Capossoli, João Ferreira da Fonseca Resende, Dr. José Francisco Bueno, Raul Célio de Moraes, José Tertuliano de Brito, Francisco Pedroso de Oliveira, Antônio Marques de Oliveira, José Francisco Bueno, João Correia da Silva, João Evangelista Galvão, Eduardo Crispim Mariano, João Alfredo de Magalhães, Manuel Pedro da Rosa, Alfredo da Costa Magalhães, João Marques da Fonseca, João Batista de Moraes, Júlio Marques Moreira, Messias Cândido de Alvarenga, José Francisco de Faria, Antônio de Paiva Cardoso Júnior, João Antônio do Nascimento, Benedito José Andrade e Dr. Eunápio Hardman Castelo Branco.
 
 
 
=== Assembléia Municipal ===
 
=== Assembléia Municipal ===
 
Criada por lei com o objetivo salutar de interessar a comunidade local, por seus representantes qualificados, classes sociais, comerciantes e contribuintes, na orientação econômica e no exame dos atos administrativos municipais — a Assembleia Municipal reuniu-se anualmente de 1900 a 1908, sob a presidência da Mesa da Câmara.
 
 
Estabelecia a lei pesada multa, aos membros da Assembleia regularmente convocados que não comparecessem à sessão. E a presidência da mesa fazia cumprir rigorosa mente a determinação legal, consignando em ata a imposição das respectivas penalidades.
 
 
Discutiam-se os orçamentos e sua aplicação, e, no sentido econômico, apresentavam-se sugestões para o posterior exame da edilidade.
 
 
Era imperativa a presença dos vereadores.
 
 
Cessou  em  1908  a  atribuição  da  Assembleia  Municipal.
 
 
 
=== Ainda a Guarda Nacional ===
 
=== Ainda a Guarda Nacional ===
 
Registrou-se em capítulo anterior que a Guarda Nacional, criada para fins específicos, em época profunda¬mente conturbada por agitações políticas (1831), devia extinguir-se por si mesma logo também se extinguisse o regime que a instituiu. Proclamada a República, era razoável a sua perempção, dadas as suas características tipicamente monárquicas.
 
 
Todavia, isso não se deu. Ao contrário até: brotaram à mancheia patentes de todos os naipes e matizes, e era de ver a pletora de batalhões e companhias esparramados por todos os centros urbanos da província. Veja-se, por exemplo, o que publica o "MINAS GERAIS", órgão Oficial do Governo Mineiro, em 14 de julho de 1899: ''Por decretos de 20 de maio findo foram nomeados para a Guarda Nacional da Comarca de Cambuhy, neste Estado, os seguintes officiais:''
 
 
89º Brigada de Infanteria — Estado Maior:
 
Coronel-comandante  —  Justiniano  Quintino  da Fonseca;
 
Capitães-assistentes — Alfredo de Brito e Olegário José de Brito Lambert;
 
Capitães-ajudantes-de-ordens:  Herculano  Afonso Duarte  e Antônio Alexandre  de Moraes;
 
Major-cirurgião — José Luiz Tavares da Silveira.
 
 
265º — Batalhão de Infanteria — Estado Maior:
 
Tenente-Coronel - Cândido  Gabriel  de  Brito Lambert;
 
Major-Fiscal - José Luiz Padilha; Capitão-ajudante -Joaquim Francisco de Paula; Tenente quartel mestre -
 
Antônio Lopes Sobrinho; Tenente secretário — José Guilherme Eiras; Capitão cirurgião — Sebastião Marques da Silva.
 
 
l.º Companhia:
 
Capitão Avelino Cândido de Brito; Tenente — José Terluliano de Brito;
 
Alferes — Manoel Gonçalves de Menezes e Alfre¬do Fannuchi.
 
 
2º Companhia:
 
Capitão — José Antônio Eiras; Tenente José Luiz Ferreira;
 
Alferes -    José da  Silva  Figueiredo  e  Francisco Fannuchi.
 
 
3º Companhia:
 
Capitão -- José Silvério Pereira; Tenente - - Paulino Frederico;
 
Alferes — Osório Marques  e Bernardino  Furtado do  Nascimento.
 
 
4º Companhia:
 
Capitão — José Marques Victor; Tenente — Vicente Siecola;
 
Alferes — José Roque de Resende Júnior e Francisco Gonçalves Menezes.
 
 
266º — Batalhão de Infantaria — Estado Maior:
 
Tenente Coronel Comandante — Antônio Evaristo de Brito;
 
Major Fiscal — Ricardo José Pereira; Capitão Ajudante — Antônio Luiz de Manticarpo; Tenente Secretário — Lúcio Marques da Silva;
 
Tenente Quartel Mestre — José Ferreira de Brito; Capitão Cirurgião — José Amâncio de Salles.
 
 
20º Brigada de Cavalaria — Estado Maior:
 
Coronel Comandante João Correia da Silva;
 
Capitães Assistentes — Antônio Victoriano de Sousa e Vicente Marques da Silva;
 
Capitães Ajudantes de Ordens — Maximiano José de Brito Lambert e Fernando Carlos Pereira Guimarães;
 
Major Cirurgião — Antônio Luiz de Brito Lambert.
 
 
E outros nomes aparecem ainda no citado diploma legal, oferecendo patentes a vários cambuienses, a saber: Higino de Oliveira César, Major Fiscal; Antônio de Paiva Cardoso, Capitão; José Lopes Pacífico Sobrinho, Capitão; José Alexandre de Moraes, Capitão-Ajudante; José Maximiano de Brito Lambert, Capitão; Manoel Pedro da Rosa, Tenente; Benedito Alves de Toledo, Tenente-Secretário; Joaquim Xavier de Salles, Tenente-Quartel-Mestre; Silvério Bento da Silva, Tenente; Américo Antero de Salles, Tenente; Salustiano Marques Padilha, Tenente; Antônio Felipe de Salles Sobrinho, Tenente-Secretário; José Corrêa da Conceição, Tenente; Francisco Antônio de Brito Lambert, Alferes; Francisco Paulino de Araújo, Capitão.
 
 
Como se vê, ao contrário do que as instituições republicanas podiam exigir, a Guarda Nacional, honorífica e específica, ensejava a dádiva graciosa de galardões e dragonas, numa féerie. de patentes a encher e ornamentar a ombreira de cidadãos de todos os quilates da sociedade local...
 
 
 
=== Sede da Prefeitura Municipal ===
 
=== Sede da Prefeitura Municipal ===
 
Os serviços burocráticos e administrativos da Prefeitura estão instalados em prédio adrede construído para o Jardim de Infância que se criou na cidade, obra devida ao Prefeito José Francisco do Nascimento.
 
 
O Prefeito Dr. Braz Meyer, tendo em vista a precariedade quase que absoluta do edifício em que funcionava a Prefeitura, perambulando os seus serviços daqui para acolá, transferiu para esse prédio inadequado, em caráter de emergência, os serviços municipais, resolvendo assim, provisoriamente, as deficiências de que padecia o Executivo Municipal.
 
 
Situa-se na Praça Professor Maximiano Lambert, no centro de uma área bem ajardinada. É encarregado da Secretaria, da Contadoria e do Serviço Militar da Prefeitura Luiz Marques Ribeiro.
 
 
 
=== Prefeitura e Câmara Municipal ===
 
=== Prefeitura e Câmara Municipal ===
 
Os Poderes Executivo e Legislativo do Município, nos últimos períodos, estiveram assim constituídos:
 
 
'''1971-1972:'''
 
 
Prefeito:  Luiz Evangelista  Rangel  Padilha,
 
 
Vice-Prefeito:  Dr.  Bruno Capossoli,
 
 
Presidente  da  Câmara:  José  Adolfo  da  Silva
 
 
Vereadores: José Faustino da Cunha, Dr. Ruy Ferrer de Oliveira, Waldomiro Silvério Rodrigues, Anardino Ribeiro da Costa, Geraldo Pereira da Rosa, João Rangel Fanuchi, João Honorato Marques e José Adolfo da Silva.
 
 
'''1973-1976:'''
 
 
Prefeito:  Aristeu  Bueno,
 
 
Vice-Prefeito:  Elpídio Marques Ferraz,
 
 
Presidente  da  Câmara:  José Honorato Marques,
 
 
Vice-Presidente: Antônio Silvério de  Castro,  Vereadores: José Adolfo da Silva, José Faustino da Cunha, Dr. Ruy Ferrer de Oliveira, Ildeu Lessa de Moura, Antônio Paulino de Abreu, João Gonçalves da Fonseca e Elias Pedro da Silva.
 
  
 
== Capítulo IV - Como é exercida a justiça ==
 
== Capítulo IV - Como é exercida a justiça ==
 
=== Juízes de direito ===
 
=== Juízes de direito ===
 
Vários  diplomas  legais  dão  foros  de  cidadania  a Cambuí.
 
 
Assim é que o Decreto nº 239, de 13 de setembro de 1890,  determina:
 
 
''Art. 1º - Ficam criadas as seguintes comarcas:''
 
''§ 2º - de Cambuí, composta do termo de Jaguari e, do de Cambuí, desmembrado do de S. José do Paraíso, sendo a sede naquele.''
 
''(a)  Chrispim Jacques Bias Fortes.''
 
 
No ano seguinte é sancionada a Lei nº II, de 13 de novembro de 1891, dispondo:
 
 
''Art. 1º — A divisão judiciária e administrativa do Estado de Minas Gerais fica estabelecida pela designação das''
 
''comarcas e municípios da tabela anexa.''
 
 
E dessa tabela sobressai  Cambuí no número 27, sancionada a Lei pelo Presidente Cesário Alvim.
 
 
Por fim, é dada publicidade à Lei nº 23, de 24 de maio de 1892, que dispõe:
 
 
''Art. 1º — Ficam elevadas à categoria de cidade todas as atuais vilas sedes de comarca.''
 
''(a) — Eduardo Ernesto da Gama Cerqueira.''
 
 
Encerrava-se aí o ciclo de ordem legislativa que dava foros de independência judiciária à novel comuna mineira, desmembrada totalmente de suas coirmãs que a precederam. Sua instalação, de acordo com os respectivos assentamentos no Tribunal de Justiça do Estado, se deu dia 20 de março de 1892, conforme se verifica da seguinte ata:
 
 
"Aos vinte dias do mês de março de mil e oitocentos e noventa e dois, à uma hora da tarde, no Paço da Câmara Municipal, perante os cidadãos Vigário José da Silva Figueiredo Caramuru, presidente, e os vereadores Alfredo de Brito, João Lopes Pacífico, Antônio de Melo Afonso, Higino de Oliveira César, Justiniano Quintino da Fonseca e José Vilhena Granado, pelo cidadão Presidente foi aber¬ta a sessão. Lida e posta em discussão a ata da sessão precedente foi aprovada e assinada. Em seguida, o Vigário Figueiredo Caramuru fez sentir, como presidente da Câmara, que ia se efetuar a instalação da comarca de Cambuí, e para esse fim convidou as autoridades do município, câmara e povo, a fim de assistirem no Paço da Câmara ao ato solene da nova Comarca acima referida. Preenchidas as formalidades do estilo, tomou assento o Doutor José Moreira Brandão Castelo Branco Filho, que, depois de ler o decreto de sua nomeação e outras comunicações oficiais, convidou para exercer o cargo de Promotor interino da Comarca o cidadão Antônio Lambert, que não se fizera esperar na aceitação do honroso cargo, 110 qual o distinguia a primeira autoridade da Comarca de Cambuí. Em ato contínuo, o Doutor Moreira Filho, em arroubos de entusiasmo, declarou instalada a Comarca de Cambuí. Falou em seguida o Promotor interino da Comarca congratulando-se com a população de Cambuí pela aquisição de um juiz que havia de fazer a felicidade deste município, não só por sua ilustração como também
 
pelo seu caráter honesto e probo. Falou depois o Vigário Caramuru, que fez a apologia da justiça e pediu ao distinto Juiz de Direito que jamais se deixasse levar pelo coração, quando sentado na cadeira de julgador, que as expansões da alma não podem sobrepujar a razão, que estava sempre fora do alcance das emoções, filhas do sentimentalismo, e que o povo ansioso espera muito do seu talento e ilustração, e findou dando vivas ao Dr. Juiz de Direito. Logo depois nomeou o cidadão Ricardo José Pereira para exercer interinamente o cargo de escrivão do Registro de Hipotecas. Foi logo depois lavrada a ata especial de instalação pelos tabeliães deste juízo, escrivão de órfãos e de Paz num livro para esse fim destinado, conforme as determinações expressas do Doutor Juiz de Direito. Findo o ato de instalação o Vigário Caramuru convidou o Doutor Juiz de Direito, Câmara, autoridades e povo para um Te-Deum em ação de graças pelo ato que acabavam de assistir. Nada mais havendo a declarar foi encerrada a sessão. E para constar lavrou-se a presente ata. Eu, Antônio Lambert, Secretário, a escrevi, (aa) Padre José da Silva Figueiredo Caramuru, Dr. Moreira Brandão, João Lopes Pacífico, Antônio de Melo Afonso, Justiniano Quintino da Fonseca, José Vilhena Granado, Joaquim Mariano Froes e Alfredo de Brito."
 
 
Essa a ata lavrada em livro próprio da Câmara Municipal, tendo sido, porém, cumpridas fielmente as recomendações do magistrado, no sentido da lavratura de iguais termos e assentamentos em cada cartório, registrando-se o mesmo cerimonial, mas acrescentando-se, em cada tabelionato, a nomeação, feita, no momento, de José Alves de Moraes e Eduardo das Chagas Pinto para oficiais de justiça.
 
Assinaram então a ata existente nos referidos cartórios, além dos membros da Câmara Municipal, Antônio José de Brito Lambert, Joaquim Quintino da Fonseca, João Correia da Silva, 1º Juiz de Paz; José Luiz Padilha, João Ferreira da Silva, Firmino Lopes dos Santos, 2º Juiz de Paz; Emiliano Quintino da Fonseca, José Braz Lopes, Manoel Pedro da Silva, Antônio Marques de Figueiredo, José Alves de Moraes, Oficial de Justiça; Eduardo das Chagas Pinto, Oficial de Justiça; Joaquim Antônio da Costa Sousa, porteiro; e José Quintino da Fonseca.
 
Desfeitos os laços que prendiam Cambuí às cidades e comarcas a que se subordinava judiciária e administrativamente, alargam o passo o seu povo e suas instituições em busca de cada vez mais acentuada prosperidade.
 
E são nomeados, então, para jurisdição na comarca, os seguintes magistrados:
 
 
# Dr. José Moreira  Brandão  Castelo  Branco  Filho,  em 1892,
 
# Dr. João Capistrano Ribeiro de Alkimim, em 1893,
 
# Dr. Carlos Francisco d'Assunção Cavalcanti de Albuquerque, em 1900,
 
# Dr. José Porfírio Álvares Machado, em 1923,
 
# Dr. Alexandre Silviano Brandão, nomeado que não tomou posse,
 
# Dr. Olímpio Tito Ribeiro, em 1929,
 
# Dr. Estevam  José  Pereira, em 1930, mas esteve em exercício dois dias,
 
# Dr. José Maria de Vilhena, em 1932,
 
# Dr. João  Tavares  Corrêa  Beraldo,  em  1939,
 
# Dr. Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos, em 1942,
 
# Dr. Augusto Vilhena Valadão, em 1949,
 
# Dr. Wagner Brandão Bueno, em 1949,
 
# Dr. Luiz Renault Apocalipse, em 1961,
 
# Dr. Zorocastro de Paiva Ferreira, em 1965, e
 
# Dr. Paulo Sebastião Guimarães, a partir de 1967.
 
 
Observação: Vários juízes estiveram afastados no gozo de licença, substituídos por juízes de paz, entre os quais Ma¬noel Pedro da Rosa, Antônio Alexandre de Moraes, Antônio Luiz de Brito Lambert, Silvério Bento da Silva e Waldomiro Bueno.
 
 
 
=== Juízes municipais ===
 
=== Juízes municipais ===
 
Exerceram a magistratura nas funções de juízes municipais os seguintes cidadãos:
 
 
# Dr. Afonso da Silva Brandão, em 1892,
 
# Dr. Augusto de Albuquerque Cabral, em 1895,
 
# Dr. Francisco Antônio Camarano, em 1899,
 
# Dr. Pedro Leão de Souza Guaracy, em 1901,
 
# Francisco Pereira dos Reis, interinamente em 1904,
 
# Major José Luiz Tavares  da  Silveira,  interinamente em 1904,
 
# Dr. Caetano Ferreira Pinto Malheiros, em 1908,
 
# Dr. Alfredo Henriques Vidigal, em 1908,
 
# Dr. Drauzio Vilhena de Alcântara, em 1910
 
# Dr. Carlos Vicente de Carvalho, em 1913,
 
# Dr. Teodoreto Ribeiro de Paiva, em 1914,
 
# Dr. José Corgulho Nogueira, em 1916,
 
# Dr. Leonel Costa, em 1917, e
 
# Dr. Romualdo Horta de Araújo Feio, em 1918.
 
 
Observações: Os juízes municipais foram substituídos em suas ausências e impedimentos por juízes de paz, entre os quais Antônio Evaristo de Brito e José Luiz Tavares da Silveira.
 
 
 
=== Promotores de justiça ===
 
=== Promotores de justiça ===
 
O cargo de Promotor de Justiça, ocupado inicialmente, em caráter interino, por Antônio Lambert, no ato da instalação da comarca, foi desempenhado posteriormente pelos seguintes cidadãos:
 
 
# Capitão Antônio Felipe de Sales, em 1892,
 
# Dr. Aristides de Lima  Castelo Branco, cm 1893,
 
# Dr. Alípio  Benjamim  Gonçalves  Ferreira, em  1894,
 
# Dr. Odilon Augusto Ribeiro, em 1894,
 
# José de Almeida Prata, em 1895,
 
# José Eufrásio de Toledo, em 1899,
 
# Dr. Joaquim Nogueira, em 1903,
 
# Dr. Francisco  de Moura Brandão, em 1904,
 
# Antônio Cândido Reno, em  1906,
 
# Dr. José Godofredo de Moura Rangel, em 1907,
 
# Dr. Ulysses de Medeiros Corrêa, não aceitou a nomeação,
 
# Dr. Oscar Pedmante  (sem efeito a  nomeação),
 
# Dr. Drauzio VilheNa de Alcântara, em 1908,
 
# Dr. Romualdo Horta de Araújo Feio, em 1911,
 
# Dr. Raphael Fleury da Rocha, nomeação tornada sem efeito,
 
# Dr. José Olyntho de Magalhães, em 1913,
 
# Dr. Orosimbo Nonato  da  Silva, não tomou  posse,
 
# Dr. Alfredo Serra Júnior, cm 1914,
 
# Dr. Adolfo Pope Bastos  de  Castro, em 1915,
 
# Dr. Armando Santos, nomeação tornada sem efeito,
 
# Dr. Manuel de Oliveira Andrade Filho, nomeação sem efeito,
 
# Dr. Christino de  Albuquerque  Lage, nomeação sem efeito,
 
# Dr. Bronsilber Lopes Lage, em 1918,
 
# Dr. Brotero Antônio do Pilar Cobra, em 1919,
 
# Dr. Antônio Ribeiro de Andrada Sobrinho, nomeação sem efeito,
 
# Dr. Múcio de Abreu e Lima, em 1921,
 
# Dr. Genésio de Faria Ribeiro, não tomou posse,
 
# Dr. Eunápio Hardman  Castelo Branco, em 1923,
 
# Dr. Erasto  da  Silveira Fortes,  em 1924,
 
# Dr. Guttemberg Fernandes, em 1928,
 
# Dr. Lívio de Vasconcelos César, em 1929,
 
# Dr. Waldemiro de Almeida Mota, em 1929,
 
# Dr. Valporé de Castro Caiado, em 1932,
 
# Dr. Halley Lopes Bello, em 1932,
 
# Dr. José  Maria  da  Anunciação  Cavalcanti,  em  1936,
 
# Dr. Victor Machado de Carvalho, em 1944,
 
# Dr. Brasilino de Moura Cardoso, em 1945,
 
# Dr. Abelardo  Cabral Mota, em 1945,
 
# Dr. Alberto Pires, em 1947,
 
# Dr. Dino Macheroni, em 1948,
 
# Dr. Eugênio Carlos de Magalhães Vale, em 1949,
 
# Dr. Sinésio  Luiz  de  Paiva  Sapucaí,  nomeação  sem efeito,
 
# Dr. Rubem Miranda, em 1953,
 
# Dr. Paulo Tinoco, em 1954,
 
# Dr. Luiz Fernando Mendes Salomon, em 1956,
 
# Dr. Antônio Pinto da Silva, em 1956,
 
# Dr. William Cruz, em 1957,
 
# Dr. Pedro Carlos Junqueira Ferraz, em 1957,
 
# Dr. José Costa, em 1967.
 
 
 
=== Adjuntos de promotores de justiça ===
 
=== Adjuntos de promotores de justiça ===
 
Exerceram funções temporárias de Adjunto de Promotor de Justiça os seguintes cidadãos: Armando Alves Franco, José Herculano de Moraes, Dr. Sebastião Meyer, Pedro Ferreira, José Benedito de Sales Cortes, Antônio Paulino de Abreu e Dra. Neila do Carmo Fanuchi, e, interinamente, nas funções de Promotor de Justiça: Possidônio Tavares Paes, Manuel Francisco Lopes, Manuel Francisco de Oliveira Bressane, Osório Guimarães, Antônio Cardoso de Paiva Júnior, Alfredo de Carvalho Agueda, Dr. Sebastião Meyer, Levindo Furquim Lambert e Dr. José Ferreira da Silva Júnior.
 
 
 
=== Serventuários da justiça ===
 
=== Serventuários da justiça ===
 
No decorrer dos anos, os serviços da Justiça foram desempenhados pelos seguintes cidadãos:
 
 
''Escrivães de órfãos:''
 
 
Fernando Carlos Pereira Guimarães, 1º ofício    1890
 
Ricardo José Pereira, 1º ofício,         1890
 
 
''Escrivães de Judicial e Notas:''
 
 
Ricardo José Pereira lº ofício         1890
 
José Alexandre de Moraes, 2º ofício         1895
 
Joaquim Eugênio de Carvalho Júnior, 1º ofício  1906
 
José Manoel da Fonseca, 1º ofício 1917
 
Reinaldo Vieira, 2.9 ofício         1924
 
Antônio Felipe  de  Salles, 1º  ofício  1924
 
Alencar  Garcia  Machado,  2º  ofício 1930
 
Benedito Delfino Machado, 2º ofício 1936
 
Benedito Salles, l.9 ofício         1937
 
José Márcio Salomon, 3º  ofício                1956
 
 
''Escrivães dos Processos e Execuções Criminais:''
 
 
Demétrio Ribeiro e Silva                 1901
 
Astolfo Hermógenes de Moraes                 1913
 
João Batista  Corrêa                         1924
 
Guilherme Fróis de  Carvalho                 1938
 
Benedito  Carvalho Lopes                 1954
 
Ivo Edgar Eiras                                1960
 
 
''Escrivães do Registro Civil;''
 
 
Antônio  Cândido  Duarte                 1880
 
Guilherme  Spilborghs                         1886
 
Astolfo Hermógenes de Moraes                 1898
 
Osório Marques                                 1902
 
Francisco de Salles Fanuchi                 1915
 
Sebastião Rangel Fanuchi                 1956
 
 
''Distribuidor, Contador e Partidor:''
 
 
José Alexandre de Moraes                 ?
 
Antônio Felipe de Salles                 1908
 
Francisco de Salles Fanuchi                 1913
 
Joaquim Augusto da  Cunha                 1933
 
José Faustino da Cunha                         1957 
 
                   
 
Observação: A lista dos que ocuparam o cargo de ''Contador, Distribuidor e Partidor'' não é completa, porque o serviço, hoje, por demais movimentado, trabalhoso e difícil, não possibilitou ao seu titular colaborar com o autor desta obra, fornecendo-lhe os nomes de seus antecessores. É de se lamentar a lacuna aberta nesta obra destinada à história e à perenidade de sua organização burocrática e política. Mas, se não foi possível a cobertura da lacuna, que se há de fazer senão exclamar: ''si no é vero é bene trovato''...
 
 
''Avaliador Judicial:''
 
 
Avelino Cândido de Brito, Adolfo Ferreira da Silva, José Porfírio Marques, Alfredo de Salles Magalhães, Francisco Pedroso de Oliveira, Lacides Bayeux da Silva e José Patrício de Moraes.
 
 
''Oficiais de Justiça:''
 
 
Joaquim Firmiano Cardoso, Joaquim Antônio de Souza, João Evangelista da Silva, José Aureliano de Lima, José Alves de Moraes, Eduardo das Chagas Pinto, João Aureliano Padilha, Manuel Teixeira de Carvalho, José Gomes Moreira, Laudelino Sálvio Eiras, José Dardis Filho, João Teixeira de Carvalho, Wilson de Carvalho e Joaquim Firmino.
 
 
''Carcereiros:''
 
 
João Aureliano Padilha, Francisco Rangel Padilha, Geraldo Salles e José do Carmo Salles.
 
 
 
=== Juízes de paz ===
 
=== Juízes de paz ===
 
A função desempenhada pelos juízes de paz hoje não se integra bem no capitulo referente à Magistratura, porque suas atribuições não são realmente judicantes mas específicas na organização política do País. Aqui ficam, no entanto, os juízes de paz, uma vez que lhes cabe a substituição dos juízes de direito.
 
 
Lembre-se que o '''Capítulo II''' desta obra já registra o exercício de juízes de paz no período de 1850 a 1880, em que Cambuí era apenas freguesia de Jaguari. Elevado a município, foram juízes de paz os seguintes cidadãos:
 
 
1890 — Joaquim Quintino da Fonseca, Antônio Luiz de Brito Lambert e José Luiz Padilha;
 
1892 — João Corrêa da Silva e Antônio Marques Figueiredo;
 
1893 — Antônio Evaristo de Brito e Zeferino José de Brito Lambert;
 
1894 — Francisco Antônio de Brito Lambert;
 
1895 — José Luiz Tavares da Silveira.  Justiniano Quintino da Fonseca c João Lopes Pacífico;
 
1896 — José Luiz Tavares da Silveira;
 
1898 e 1899 — Alfredo de Brito.
 
 
A partir de 1900 é irregular e anacrônica, nesta obra, a relação dos referidos servidores, de vez que a pesquisa dos respectivos nomes, ao pé de cada termo de casamento, representava grande sacrifício e trabalho exaustivo ao titular do Cartório de Registro Civil. E por causa disso, a relação é falha.
 
 
De oitiva ou segundo informações esparsas, registrem-se os seguintes nomes:
 
 
Cândido Gabriel de Brito Lambert, José Lopes Pacífico Sobrinho, José Antônio Eiras, Joaquim de Paiva Cardoso, Egídio Paula da Silva, Antônio Luiz de Brito Lambert, Bento José Pereira, Silvério Bento da Silva, Manuel Pedro da Rosa, Simão da Silva Maia, Herculano Afonso Duarte, Benedito Alves de Toledo, Antônio Alexandre de Moraes, Waldomiro Bueiio, Atílio D'Onófrio, José da Silva Bento e Onésio An¬tônio de Souza.
 
 
É deveras lamentável a lacuna apontada. Mas, ''fiat voluntas tua...''
 
 
 
=== Delegados de polícia ===
 
=== Delegados de polícia ===
 
Por igual, os itens em que se arrolam os Delegados de Polícia devia de ocupar Capítulo destacado. São autoridades incumbidas e responsáveis pela ordem social, sem atribuições judicantes. Mas tais servidores são como que corolários cia distribuição da justiça, suportes da ordem social, ressonância da paz e da tranquilidade públicas.
 
 
No Império exerceram o cargo Manuel Marques de Oliveira e Antônio José de Brito Lambert e, já na República, Francisco José Pereira dos Reis, Antônio Luiz de Brito Lambert, José Bernardes da Fonseca, Atanásio José de Oliveira, Francisco Amâncio Eiras, Dr. Fábio Alves Franco, Dr. Adolfo Gonçalves do Nascimento, Álvaro de Moraes Navarro, Antônio Toledo, Antônio Ferreira Neto, Tenente José Quirino, Capitão João Batista Soares, Capitão José Machado Bragança, Elias Fanuchi Lombardi, Mário Dias Ribeiro, José Dardis Neto, Tenente Antônio Franco Thimoteo, Dr. Mauro Ladislau Campeio e Afonso Silva Oliveira.
 
 
Também o titular do Cartório das Execuções Criminais se exime de colaborar eficientemente na feitura desta obra, deixando de relacionar os Delegados de Polícia que atuaram na cidade ao longo do regime republicano. Seria excelente para a história de Cambuí que tal coisa não se desse. Mas...''quid est quod?''
 
 
 
=== Fórum ''Paiva Júnior'' ===
 
=== Fórum ''Paiva Júnior'' ===
 
A solução do grave problema suscitado pelas instalações do foro merece página à parte, dada a sua complexidade e a sua gravidade no decurso do tempo. Instalada a comarca, os serviços forenses audiências do juiz e sessão do júri — eram realizados no salão nobre da Câmara Municipal, prédio que aos poucos foi-se desgastando e se tornando impróprio até mesmo para a edilidade. Situava-se na esquina das Ruas Coronel Lambert e Capitão Soares.
 
 
Cumprindo resolução dos vereadores, ornavam-lhe a parede principal os retratos ampliados do Coronel Francisco Cândido de Brito Lambert e do Padre Figueiredo Caramuru, tendo ao centro um daguerreótipo de Tiradentes.
 
 
Teve que ser demolido, e o Fórum perambulou por ceca-e-meca, sem encontrar abrigo condigno. As sessões do júri funcionavam no Grupo Escolar, que se via forçado, por isso, a interromper suas aulas. E as audiências do juiz se faziam em saletas acanhadas e lôbregas, quando não se realizavam na residência dos magistrados ou nos gabinetes dos respectivos escrivães.
 
 
Coube ao Prefeito José Francisco do Nascimento abrir caminho para a solução do problema, depois de obter apoio do Governador Juscelino Kubitscheck. Adquiriu então parte da área junto à sede dos escritórios da Empresa Força e Luz (Rua Coronel Lambert) e desapropriou terrenos pertencentes a Antônio Pereira Duarte, enfrentando forte oposição de seus proprietários.
 
 
Chegou a iniciar a construção do prédio, abrindo-lhe alicerces e começando o levantamento das paredes, havendo, para tanto, obtido medições oportunas do empreiteiro do Estado.
 
 
Não levou a cabo o empreendimento por implemento de mandato. E a construção não foi então avante.
 
 
Tempos depois, no entanto, reeleito o mesmo Prefeito, dessa vez com a colaboração prestigiosa do Deputado Milton Salles, já no governo Magalhães Pinto, alcançou êxito no empreendimento, resolvendo em definitivo o angustioso problema.
 
 
O edifício então construído, embora hoje já deficiente para as práticas judiciais, atende magnificamente às necessidades da Justiça, na sua majestade e na sua pluralidade, pois que nele estão instalados todos os serventuários, e repartições conexas, além de amplo salão de júri, confortáveis gabinetes do juiz e do promotor.
 
 
Foi acertada a homenagem prestada à memória do Advogado Antônio de Paiva Cardoso Júnior, dando-lhe o nome honrado ao edifício do pretório cambuiense.
 
 
 
=== Achegas históricas ===
 
=== Achegas históricas ===
 
Ao ser criada a Comarca de Cambuí, sua sede foi trans-ferida de S. José do Paraíso para Camanducaia, face o Decreto nº 239, de 13 de setembro de 1890, e só alcançou foros de independência judiciária pela Lei nº 23, de 24 de maio de 1892, quando então se fez cidade.
 
 
A comarca foi elevada a segunda entrância pela Lei nº 1.906, de 23 de janeiro de 1959, mas a Resolução nº 46, do Tribunal de Justiça do Estado, reconsiderou essa promoção, determinando sua volta à primeira instância logo se afastasse o respectivo titular. Essa mesma Resolução anexou a Cidade de Estiva à Comarca de Cambuí.
 
 
Lembre-se que, já em 19 de setembro de 1908, pela Lei nº 375, a comarca esteve ameaçada de supressão se seu Juiz de Direito se afastasse do cargo, o que não se deu.
 
  
 
== Capítulo V - Organizações político-partidárias ==
 
== Capítulo V - Organizações político-partidárias ==
Linha 1 331: Linha 405:
 
Levindo Furquim Lambert.
 
Levindo Furquim Lambert.
  
Na realidade, findou aí a existência demorada do grande partido que deu vida e saúde à república. Vieram as eleições e, em conseqüência  
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Na realidade, findou aí a existência demorada do gran¬de partido que deu vida e saúde à república. Vieram as eleições e, em conseqüência  
 
da prepotência do governo federal, explode a Revolução de 1930, chefiada por Getúlio Vargas. Triunfante o movimento militar  
 
da prepotência do governo federal, explode a Revolução de 1930, chefiada por Getúlio Vargas. Triunfante o movimento militar  
 
revolucionário, recebe-se, em Cambuí, caloroso telegrama expedido por Oswaldo Aranha, Ministro da Justiça; General Leite de Castro,  
 
revolucionário, recebe-se, em Cambuí, caloroso telegrama expedido por Oswaldo Aranha, Ministro da Justiça; General Leite de Castro,  
Linha 1 364: Linha 438:
 
de elite.
 
de elite.
  
Em Cambuí somente o PSD e a UDN lograram êxito — aquele chefiado por José Francisco do Nascimento e este por Milton Salles, várias vezes  
+
Em Cambuí somente o PSD e a UDN lograram êxito — aquele crefiado por José Francisco do Nascimento e este por Milton Salles, várias vezes  
 
eleito deputado estadual. O PSD saiu vitorioso na maioria das vezes.
 
eleito deputado estadual. O PSD saiu vitorioso na maioria das vezes.
  
Linha 1 473: Linha 547:
  
 
=== O ensino primário ===
 
=== O ensino primário ===
 
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=== O ensino primário pela municipalidade ===
O ensino primário na segunda metade do Século XIX caminhou lentamente, sem possibilidade de desenvolvimento, em virtude de vários fatores
+
negativos. De modo geral, basta lembrar que em 1827, pouco antes de ser Cambuí elevado a Curato, só havia em toda a província trinta e
+
três (33) es¬colas primárias, percebendo o professor cento e cinqüenta mil réis por ano...
+
 
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Em 1835 se deu a publicação da primeira lei regulando o ensino primário público, que era, aliás, ministrado quase que exclusivamente a
+
alunos do sexo masculino, sendo vedado ainda a escravos.
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+
Em 1842, a população escolar, no País não ia além de 6.869 alunos, dos quais 637 apenas eram do sexo feminino. Decresceu em virtude das
+
lutas políticas revolucionárias, que redundaram em árdua perseguição aos elementos filiados ao partido liberal, entre os quais se
+
encontrava grande número de professores.
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Já em 1861 a situação se modificava: entre 12.815 alunos, 10.383 eram do sexo masculino e 1.543 apenas eram meninas. E em 1889, ano da
+
Proclamação da República, os dados referentes aos alunos matriculados eram estes (1):
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meninos 28.418
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meninas 15.168
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total 43.568
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''(1)Apud "O ensino em Minas Gerais no tempo do Império", de Paulo Krugger Mourão de Miranda.''
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Verifica-se uma grande diferença entre meninos e meninas .
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A explicação está na mentalidade dominante na época, quanto à instrução a ser dada aos filhos do sexo feminino. Nenhum interesse dos
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chefes-de-família nesse particular. O ensino primário era ministrado quase que exclusivamente a alunos do sexo masculino.
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No período de 1850 a 1889 em que Cambuí foi simplesmente freguesia ou paróquia, havia em funcionamento ape¬nas uma escola primária
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pública, para meninos, de que era titular, inicialmente, o Professor Tristão Francisco Godoy Leite, substituído, em 1860, pelo Professor
+
Joaquim José de Moraes, irmão de Alexandre José de Moraes, que teve atuação distinta em Cambuí. Nenhuma escola para alunos de sexo
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feminino.
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O ensino era supervisionado por Delegado de Instrução, que detinha uma soma bastante ampla de atribuições, aliás, justificadas, dadas as
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dificuldades de comunicações entre localidades longínquas e a sede do governo provincial. Uma notícia de Cambuí a Ouro Preto, a cavalo,
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levava meses a fio, sem o pronunciamento das autoridades superiores. Nesse caso, o Delegado de Instrução agia de maneira de¬cisiva na sua
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circunscrição .
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Cambuí pertencia ao 15º Círculo Literário, com sede em Camanducaia, sendo Delegado na freguesia o Capitão Antônio José de Brito Lambert.
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Os requisitos exigidos para a contratação de profes¬sor público de curatos e freguesias se restringiam, apenas, à comprovaçãe de
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idoneidade moral (Paulo Krugger Mourão de Miranda, obr. cit.).
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Em l.9 de setembro de 1888 entrou em exercício o Professor Maximiano José de Brito Lambert, filho cia localidade, então recentemente
+
formada pela famosa Escola Normal de Campanha. Trazendo idéias e práticas novas, oriundas de um meio do mais alto teor cultural e
+
social, iniciou o jovem mestre um tirocínio magisterial revolucionário para a época, colhendo resultados que o tornaram querido de muitas
+
gerações, pois que seu apostolado se encerrou em 1920, depois de 32 anos de exercício.
+
 
+
Removida de Cabo Verde por ato de 12 de outubro de 1892, toma posse da classe primária feminina a normalista Ana de Sales Magalhães, na
+
data de 24 de dezembro de 1892.
+
 
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<nowiki>* * *</nowiki>
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O ensino, que era inicialmente individual, passou a ser feito pelo sistema misto, em que, enquanto um grupo de alunos preparava
+
exercícios escritos, outro grupo recebia aulas de Linguagem e Leitura ou de Aritmética Elementar.
+
 
+
Havia, por isso, um "decurião", aluno mais adiantado prestando ajuda ao mestre e que, entre 1903 e 1904, era João Moreira Salles, tempos
+
depois magnata do comércio nacional e grande benfeitor de sua cidade natal. Cabia ao "decurião" auxiliar o professor no controle de
+
leitura individual do estudante, passando-lhe ao mesmo tempo exercícios e colhendo-lhe resultados.
+
 
+
A escola funcionava numa dependência do prédio do Paço Municipal, na Rua Capitão Soares, esquina com a Rua Coronel Lambert.
+
 
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Não havia mobiliário adequado nem mesmo quadro--negro, mas "pedras" ou "lousas" individviais, nas quais os alunos faziam exercícios e
+
resolviam problemas nas quatro operações fundamentais. No centro da sala, uma grande mesa em torno da qual, nos seus três lados, porque
+
na cabeceira se punha o Mestre, aboletavam-se os alunos, acotovelados, para os exercícios escritos. Encostados às três paredes da sala, bancos compridos em que os alunos, em adiantamentos
+
heterogêneos, sem qualquer classificação por série, sentavam-se lado-a-lado e ombro-a-ombro.
+
 
+
Dava-se ênfase especial à leitura manuscrita, para a qual havia livros especiais trazendo os mais variados tipos de caligrafia,
+
desafiando a capacidade mnemônico-visual dos alunos.
+
 
+
Abolira-se a palmatória. Não havia instalações nem mesmo fossas sanitárias. As necessidades fisiológicas dos estudantes eram feitas em
+
matagal próximo à escola, nos fundos da casa de José Antônio Eiras, e a saída dos alunos era controlada por dois caramujos postos sobre a
+
mesa, ao lado do Mestre. Só era permitida a saída de dois alunos por vez, carregando cada qual seu "caramujo." Cantavam-se nos últimos
+
tempos, a "Marselhesa" (em francês) e um '''Hino a Minas Gerais''', já que, por esse tempo, o '''Hino Nacional Brasileiro''' ainda não recebera a bela poesia de Duque Estrada.
+
 
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O período escolar, diário, era de quatro horas, inclusive aos sábados.
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No Governo João Pinheiro, o então Secretário Carvalho de Brito, fez despachar para as escolas da cidade farto e magnífico material
+
 
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didático. As carteiras duplas, novidade nas escolas mineiras, fizeram sensação. As salas-de-aulas, de meninos e meninas, foram
+
totalmente cheias desse mobiliário, ao mesmo tempo que quadros-negros, globos terrestres, mapas diversos cobriam as paredes internas da
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sala. E o professor recebia, por seu turno, livros didáticos e instrumentos diversos que o capacitavam para o melhor desempenho de seu
+
magistério. Abria-se, de fato, uma era nova para o ensino mineiro.
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Na última década do século passado instalou-se nova escola pública feminina, a cargo de Dona Nicota Eufrázio de Toledo. Professora de
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raras qualidades e notáveis métodos didáticos, inaugurou também em Cambuí um tipo de escola em que, às exigências da instrução, propriamente dita, juntavam-se as particularidades da educação, edulcorada em técnica de requintes de delicadeza e finura de trato social. Por essa escola passou um grande número de alunas que são hoje venerandas matronas de nossa sociedade. Funcionava 110 prédio da Rua Coronel Lambert onde hoje reside a Professora Dolores Padilha Lambert.
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Com a transferência de Dona Nicota veio a substituí-la a Professora Mariana Silva Oliveira, em 1906, removida de Brasópolis. A sala-de-
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aulas continuou no mesmo prédio, à Bua Coronel Lambert, até que, em 1912, criado o primeiro grupo escolar na cidade, foi essa classe
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integrada no novo educandário.
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=== Do ensino primário pela municipalidade ===
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Foi verdadeiramente notável a atuação da Câmara Municipal, após sua instalação, nos domínios da instrução. Na data de 26 de janeiro de
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1892 baixava Lei regulamentando o ensino primário na órbita municipal. Essas instruções imprimiam um cunho revolucionário ao regime
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escolar. Diziam assim alguns de seus dispositivos:
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Art. l - Criar-se-ão em cada paróquia tantas escolas quantas forem necessárias à população.
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Art. 2 — Na impossibilidade de criarem-se cadeiras para um e outro sexo, serão criadas escolas mistas, regidas por professoras.
+
Parágrafo único — É proibida a frequência de alunos maiores de 12 anos nas escolas mistas.
+
Art. 4 — Nas escolas cuja frequência de alunos for superior a sessenta, a professora poderá requisitar da Câmara um ajudante
+
mediante retribuição mensal.
+
Art. 6 — Todos os utensílios da escola serão fornecidos pela Câmara.
+
Art. 7 — A sala-de-aula será espaçosa, vasta e bem arejada.
+
Art. 8 — O edifício da escola será constituído pela Câmara em lugar por ela determinado, tendo cômodo à freqüência dos alunos e
+
residência do professor.
+
Art. 10 — O fornecimento de livros renovar-se-á toda a vez que o professor julgar necessário."
+
 
+
E fixando as disciplinas  a  serem ministradas, assim dispõe:
+
 
+
Art. 32 — Constará o ensino das seguintes matérias:
+
 
+
1º - Instrução Moral e Cívica;
+
2º - Leitura e escrita;
+
3º - Noções de gramática portuguesa;
+
4º - Rudimentos de aritmética  até frações decimais, inclusive sistema métrico decimal;
+
5º - Noções de geografia geral e do Brasil;
+
6º - Noções de História do Brasil;
+
7º - Noções práticas de desenho linear e geométrico;
+
8º - Nas escolas mistas, haverá trabalho de agulha e de economia doméstica."
+
 
+
Como se vê, nascia a Câmara Municipal de Cambuí — há 80 anos passados — bem orientada, trazendo nas suas leis aquilo que de melhor se
+
apurava no tempo, observando-se que exigindo, em 1892, obrigatoriamente, no currículo escolar, "Instrução Moral e Cívica", só agora, em
+
1972, as leis federais e estaduais estão a dar caráter obrigatório a essa disciplina nas escolas de lº e 2º graus.
+
 
+
Registre-se ainda o alto espírito de amor à causa do ensino o seguinte dispositivo do regime tributário do novo Município, aprovado também pela Lei Municipal  de 20 de setembro de 1892:
+
 
+
Art. 2º — Fica criada mais a tabela B de impostos que serão destinados ao fundo escolar de instrução primária que denominar-se-á Taxa
+
Escolar. A quota líquida destinada ao fundo escolar não poderá ser aplicada em negócios estranhos à instrução."
+
 
+
E, por fim, tabela B assim  discriminada:
+
 
+
''Taxa Escolar''
+
Imposto anual
+
Por cada agricultor que plantar milho, feijão, arroz ou fumo 2$000
+
Por cada comprador e exportador de fumo                40$000
+
Dito de café                                                 40$000
+
Dito de galinhas, milho, feijão e arroz                        40$000
+
 
+
Nascia, pois, o município bastante avançado no tempo.
+
 
+
 
=== O primeiro grupo escolar de Cambuí ===
 
=== O primeiro grupo escolar de Cambuí ===
 
O primeiro grupo escolar de Cambuí foi criado pelo Decreto nº 2.813, de 24 de abril de 1910, e instalado em 1º de fevereiro de 1912,
 
recebendo o nome de '''Dr. Carlos Cavalcanti''' por ato de 28 de outubro de 1911. Por ato de 17 de junho de 1910 foi o Professor Maximiniano José de Brito Lambert nomeado seu primeiro diretor. A classe feminina da Professora Mariana Silva Oliveira, já em funcionamento na cidade, foi incorporada ao novo estabelecimento, nomeadas ainda as Normalistas Lucrécia Vilhena de Alcântara e Ana Silva. Foi nomeado porteiro José Pedro Vieira da Silva, pouco depois substituído por João Evangelista de Salles.
 
 
A instalação foi feita com grandes solenidades, falando na ocasião diversos oradores.
 
 
Nascia assim o novo educandário sob os melhores auspícios, quer pelo alto gabarito de seu corpo docente, quer pelo entusiasmo com que o
 
acolheu a população da cidade. Abria-se para a educação da infância cambuiense uma era nova.
 
 
Vem dai a boa notícia que o jornal '''O Correio do Sul''', de Jaguari, em 1913, publicava cheio de entusiasmo.
 
 
A festa da Bandeira realizada no dia 19 do corrente na vizinha Cidade de Cambuí veio pôr em relevo o quanto os cambuienses
 
são patriotas, amantes da instrução e do progresso de sua terra: tal o brilhantismo, entusiasmo e harmonia que reinaram em todas
 
as solenidades efetuadas no '''Grupo Escolar Dr. Carlos Cavalcanti'''.
 
O Professor Maximiano José de Brito Lambert, operoso, inteligente e dedicado Diretor do Grupo Escolar não poupou esforços
 
nem  sacrifícios para o maior realce dessa festa cívica em honra ao nosso Pavilhão em homenagem ao símbolo de nossa adorada
 
Pátria. Para isso concorreram  as distintas professoras Lucrécia Alcântara Moreira Salles e Ana Silva, que chegam a ponto de
 
vestirem, à custa própria, algumas de suas alunas pobres.
 
Início da Festa: às 11 horas da manhã do dia 19 do corrente, ao som do Hino Nacional, a Bandeira foi hasteada na porta do
 
edifício do Grupo, sendo delirantemente saudada pelos alunos do estabelecimento, os quais, devidamente uniformiza-dos de
 
branco com faixas auriverdes à tiracolo, mostravam a boa ordem e disciplina que sempre predominavam naquele templo do saber.
 
Às 4 horas da tarde, em frente ao majestoso edifício, reuniu-se novamente o povo com a formatura, em alas, dos alunos,
 
fazendo-se a saudação à Bandeira. Nessa ocasião, inúmeros "Vivas" foram levantados aos Exmos. Srs. Presidente
 
do Estado, Dr. Delfim Moreira, e à República. Em seguida, precedido da Corporação Musical "Carlos Gomes", formou-se um
 
imponente préstio conduzindo em triunfo pelas ruas o Pavilhão Nacional.
 
Essa procissão cívica em que figurava o infatígável diretor do grupo, suas distintas auxiliares, o Sr. Inspetor Escolar,
 
alunos, Corporação Musical e povo, foi cumprimentar ao Exmo. Sr. Dr. Carlos Cavalcanti, Juiz-de-Direito da Comarca, polo
 
muito que tem leito em prol da instrução naquela cidade.
 
Ao chegar o préstito à sua residência, o Exmo. Sr. Dr. Carlos Cavalcanti incorporou-se ao mesmo, levantando vivas à
 
Bandeira Nacional, ao Exmo. Sr. Cel. Júlio Bueno Brandão, ao Exmo. Sr. Secretário do Interior, ao Grupo Escolar e ao povo de Cambuí.
 
'''À Noite''' -  Ao anoitecer já o "Recreio Cinema" (Prédio  hoje  ocupado  pelo  Mercado  Municipal.), caprichosamente
 
iluminado, atraía as visitas de todos que convergiam para  aquela casa de diversão, a fim de assistirem à continuação das
 
festas, cujo programa foi fielmente observado.
 
O palco estava deslumbrante e o seu conjunto era de um efeito surpreendente e admirável bom gosto que presidiu a colocação
 
de cortinas, bandei-rolas e flores artisticamente manufaturadas.
 
As Professoras Lucrécia Moreira Salles e Ana Silva são dignas dos maiores elogios pelo auxílio que prestaram ao Diretor do Grupo
 
na realização do magnífico programa que abaixo transcrevemos:
 
 
Primeira Parte:
 
 
I - "Pátria" — poesia por Natália Moraes.
 
II -"A Bandeira Nacional" — cena escolar em verso tendo por personagens Maria' José Duarte, Dolores Padilha, Maria José Lambert,
 
Maria Amélia dos Santos, lolanda Bianchi e Orziela Tavares.
 
III - "Amanhã", poesia por Antônio Marques de Souza, e "Marechal Floriano", declamação por Waldomiro Lambert.
 
IV - "Caridade" — comédia com as personagens:  Professora,  Natália  Moraes,  Dona  Maria, por Isabel de Oliveira;
 
José, aluna Cora Pereira; e Alzira, aluna Maria Amélia dos Santos.
 
V - "Lavandeiras" — coral pelas alunas Natália Moraes, Dolores Padilha, Maria Duarte, Maria Marques, Maria Magalhães,
 
Otília Tavares, Maria Lambert, Maria Amélia dos Santos, Iria Tavares, Maria da Conceição  Fonseca, Conceição  Salles,
 
Sebastiana  Marques, Maria Lopes, Maria E.dos Santos, Conceição Cavalcanti, lolanda Bianchi, Ana Duarte, Isabel  Oliveira,
 
Maria  Felipe,  Damásia Padilha e Cora Pereira.
 
 
Segunda Parte:
 
 
I - "O meu Dever"  — recitativo por Maria Porfírio  Marques.
 
II - "Se dependesse de mim" -- monólogo por Iria Tavares.
 
III -"Ramos de Flores" — comédia com as seguintes personagens: Euflozina — por Dolores Padilha; Gabriela — por Otitia Tavares;
 
Luiza — por Maria José  Duarte; Sidonia — por Maria Porfírio  Marques;  Augusta  —  por  Natália  Moraes; Maricota - 
 
por  Ana  Duarte;  Rosinha  - por lolanda Bianchi.
 
IV - "Dia dos Anos" — monólogo por Maria Lambert.
 
V - "As duas colegiais" — diálogo por Maria Porfírio Marques e Maria do Espírito Santo Lambert .
 
VI - "Mamãe não deixa" — canção por Maria  José  Lambert,  Maria  Amélia  dos  Santos  e Conceição Salles.
 
VII - "Discurso"  — por João  Sebastião  de Salles Fanuchi.
 
VIII - "Bailado" — por um  grupo de alunos.
 
IX -"Hino Nacional" — coral por Idalina de Oliveira, Orziela Tavares, Iracema Lambert, Ana Conceição, Rosinha Moraes,
 
Conceição    Cavalcanti, lolanda    Bianchi,  Izaira  Lopes,  Maria  Lambert, Cora  Pereira,  Manoela  Marques,
 
Francisca    Pereira, Diva  Tavares,  Maria  Conceição  Fonseca, Maria E.    do Santos, Maria Amélia Santos,
 
Maria José  Lambert,  Iria  Tavares,  Maria  Magalhães, Maria  Porfírio  Marques,  Maria  José  Duarte,  Dolores Padilha,
 
Natália Moraes e Otilia Tavares.
 
Terminando esta descrição cumpre-nos agradecer o honroso convite que recebemos do professor Maximiano José de Brito Lambert,
 
ao grupo escolar que proficientemente dirige, às respectivas Professoras e ao povo de Cambuí.
 
 
Essa reportagem longa e minuciosa, publicada há sessenta anos passados, comprova o alto nível do ensino ministrado no grupo escolar da
 
cidade. A notícia tem agora o sabor de lembrar nomes queridos de quem já não está entre os vivos e de outras venerandas matronas ainda
 
atuantes na sociedade local.
 
 
Em 21 de março de 1920, o Professor Maximiano José de Brito Lambert transmitiu a diretoria do Grupo Escolar - professora  Estefania  Ribeiro  de  Menezes,  após  32  anos de serviço público no  magistério.  Aposentava-se.
 
 
A nova diretora, inteligente e esforçada, seguindo as pegadas de seu  antecessor,  procurou manter o  impulso inicial dado ao organismo educacional que lhe foi confiado. Foi  eficiente.
 
 
Não sendo professor normalista, mas efetivada, foi substituída na direção do estabelecimento pelo professor Francisco Amaral de Menezes,
 
em 21 de junho de 1921, que, aliás, entrou logo em licença por motivo de saúde, sendo exonerado, a pedido, em 3 de abril de 1929. Nesta
 
mesma data foi nomeado para o cargo o professor Francisco de Melo Franco, que se removeu também poucos meses depois. O Professor Pedro
 
Brant Filho nomeado em seguida não tomou posse.
 
 
Em 26 de agosto de 1923, veio de Aiuruoca, removido, o Professor Antônio Hormisdas de Magalhães, que teve atuação destacada no exercício
 
do cargo, fazendo mesmo excelente administração. Foi aposentado em 17 de outubro de 1930.
 
 
Sucede-o na diretoria, removida de Cristina, a professora Francisca Gomes de Barros, empossada em 22 de novembro de 1930 e, finalmente,
 
aposentada em 4 de outubro de 1937.
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
Com o falecimento do porteiro João Evangelista de Salles foi nomeada para o cargo Isabel Praxedes de Salles, sendo, no entanto,
 
substituída eventualmente por Olímpio Leite Nogueira. Em 18 de agosto de 1923, é nomeada Ana Salles para o cargo de Porteiro, de que se
 
exonerou para ser substituída por João Batista de Salles, em 31 de outubro de 1929, ao mesmo tempo que Maria do Carmo Duarte era nomeada
 
servente.
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
No período de gestão do Professor Hormisdas constituía o corpo docente do estabelecimento as Professoras Carmen Pereira Fanuchi, Elinira
 
Silva Pereira, Alzira de Melo Alvim, Maria da Glória Ferrer, Déa de Moraes, Dolores Padilha e Aurora Lambert.
 
 
Da instalação do educandário até 1930, em classes vagas ou em períodos de licenças dos respectivos titulares, tiveram exercício
 
interinamente ou mediante contrato: José Pedro Vieira da Silva, Maria José Furquim Lambert, Helena de Montreuil Mineiro, Maria Aparecida
 
Nascimento, Maria da Conceição Oliveira, Efigênia Lambert, Hosina Moraes, João Sebastião de Salles Faiuichi, Jovina de Montreuil, Maria
 
da Conceição Moraes, Brasilina Ferrer, Isaura da Silva Pereira e Alice de Salles Fanuchi.
 
 
Da sua instalação, em 1912, até 1972, o estabelecimento teve a seguinte direção:
 
 
# Maximiano José de Brito Lambert, de 1912 a 1920,
 
# Estefania Ribeiro de Menezes, de 1920 a 1922.
 
# Antônio Hormisdas de Magalhães, de 1923 a 1930,
 
# Francisca Gomes de  Barros, de 1931 a 1937,
 
# Carmen Pereira Fanuchi, de 1937  a 1915,
 
# Déa de Moraes, em 1915 e 1916,
 
# Maria do Nascimento Lambert  de Oliveira, de 1946 a 1967, e
 
# Nilta D'Onofrio de Carvalho, exercício a contar de 1968.
 
 
Em todo esse período tiveram exercício no estabelecimento as seguintes professoras titulares: Dolores Padilha, Elimira Silva Pereira,
 
Ana Bueno (I), Aurora Lambert (removida para Belo Horizonte) Dulce de Carvalho, Maria da Glória Ferrer, Amélia Lambert, Euflausina
 
Tereza de Moraes, Maria de Lourdes Magalhães, Maria Luiza Lima, Ma¬ria do Nascimento Lambert. Maria José de Carvalho, Ana Bueno (II)
 
Maria Imaculada Magalhães, Lucy do Carmo Moraes, Luiza Ramos, Maria Aparecida de Paiva Bueno, Marialva Alves de Carvalho, Mariana Amaral, Maria Aparecida de Carvalho Ferraz, Maria Virgínia Lambert, Maria Cecília Lambert, Ana Romano Bueno Ferreira, Faina Divina Ferreira, Adair Pereira Borges, Maria José Medeiros, Rosalina Medeiros Borges, Ivone Stela Bueno e Neusa Maria de Oliveira.
 
 
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
 
Na data de 8 de fevereiro de 1946 foi nomeada para o Grupo sua primeira diretora técnica, a Professora Maria do Nascimento Lambert de
 
Oliveira, após conclusão de curso realizado na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico do Estado, em Belo Horizonte. A partir de então,
 
passou o estabelecimento por profundas modificações no seu sistema pedagógico, pois que sua diretora pôs em prática métodos, técnicas e
 
processos auridos no renomado instituto padrão do Estado, quiçá do País, na esteira da pedagogia moderna .
 
 
Ao encerrar sua brilhante gestão, deixou a Professora Maria do Nascimento Lambert de Oliveira um lastro de serviços que a recomendam à
 
gratidão do povo de sua terra.
 
 
Depois de aposentada a excelente diretora, o Grupo Escolar ficou assim constituído:
 
 
Nilta  D'0nofrio  Carvalho,  diretora,
 
Terezinha de Jesus Fanuchi Ferreira, auxiliar de diretoria,
 
Alice de Jesus Fanuchi Oliveira, auxiliar do curso supletivo,
 
Lúcia de Salles Nascimento  Carvalho, auxiliar de escrita,
 
Elza Maria Lambert, substituições eventuais,
 
Neusa de Melo Venturelli, artes plásticas,
 
Denise Aparecida de Moraes Marques, bibliotecária,
 
Maria tia Conceição Moraes, canto orfeônico.
 
 
''Professoras regentes de classe:''
 
 
Maria Edina Marques Moraes, Maria Heloísa de Moraes, Maria Cecília Barbosa Ferreira, Maria Aparecida Cavalcanti Franco, Maria Benedita
 
de Oliveira, Maria Luzia Medeiros Cunha, Aurora Medeiros de Faria, Marialva Alves de Carvalho, Rosalina Medeiros Borges, Maria de Lourdes
 
Lambert Duarte, Hedy Maria Bueno Cruz, Adair Medeiros Ramos, Maria do Carmo Lambert Duarte, Célia Benedita de Oliveira, e Mercedes
 
Teixeira Di Lorenzo.
 
 
''Professoras substitutas:''
 
 
Nita Marques Chagas, Celina Presciliana de Toledo, Helena Maria de Carvalho, Maria José Dias, Célia Dalagnoli, Aracy Conrado da
 
Silva, Maria Letieia Figueiredo, Ana Ferreira e Terezinha Míriam Lambert dos Santos.
 
 
''Servidores Administrativos:''
 
 
Expedita Alves da Cunha, Conceição Moreira da Silveira, Maria Aparecida de Paiva, Maria Aparecida Brandão dos Santos e Rita Lopes
 
Padilha.
 
 
Biblioteca: 4.500 livros, homenagem ao Dr. José Guilherme Eiras.
 
 
 
=== O segundo grupo escolar da cidade ===
 
=== O segundo grupo escolar da cidade ===
 
O segundo Grupo Escolar da cidade foi criado pelo Decreto nº 6.907, de 29 de março de 1963 e instalado dia 12 de junho de 1964. A Lei
 
nº 2.707, de 21 de dezembro de 1962, deu a esse estabelecimento a denominação de "Juca Pinto". Sua direção e seu corpo docente estão
 
assim constituídos:
 
 
Luiza Ramos, diretora,
 
Laine Divina Ferreira, auxiliar de diretoria,
 
Noemia Aparecida de Almeida, substituições eventuais.
 
 
''Professoras'':
 
 
Maria Antonia Louzada, Maria Ferreira da Silva, Ivete Martins Faria, Aracy (Piorado da Silva, Maria da Conceição Martins, Vera Lúcia Ferreira Dias, Carmelina Aparecida Lambert, Tereza Sônia Ribeiro Mercedes de Almeida Costa, Ondina Lopes Bello, Ruth de Oliveira Tavares e Marilda Aparecida Borges.
 
 
''Serventes:'' Maria de Lourdes Simões, Maria Aparecida Froes, Maria Conceição Roque e Afaria Conceição de -Jesus Teodoro.
 
 
 
=== O terceiro grupo escolar da cidade ===
 
=== O terceiro grupo escolar da cidade ===
 
+
=== O ensino rural ===
Com a denominação de '''João Lopes''', dada polo Decreto nº 8.710, de 17 de setembro de 1965, foi criado o terceiro Grupo Escolar da
+
=== O ensino secundário e o ensino particular ===
cidade, Decreto nº 8.679, de 9 de setembro de 1965, instalação realizada dia 16 de agosto de 1967. Sua direção, seu corpo docente e
+
=== Inspecção e assistência técnica escolar ===
seus servidores administrativos estão assim constituídos:
+
=== Pioneiros ===
 
+
Maria  Virgínia Lambert, diretora técnica,
+
Maria  Aparecida  de  Paiva  Bueno,  auxiliar  de  diretoria,
+
Neyde  Nascimento Veulurelli,  substituições  eventuais,
+
Vera Lúcia Ribeiro da  Silva, substituições eventuais.
+
 
+
''Professoras:''
+
 
+
Amélia Maria de Paiva Fanuchi, Maria Cecília Lambert Pereira, Iara Maria de Oliveira Ribeiro, Eliana Maria Lambert de Oliveira, Nancy
+
Aparecida de Moraes, Maria Aparecida da Silva, Neuza Marí de Oliveira Tatero, Maria das Graças Brito Marques, Maria Alves Pereira 
+
Camargos, Maria Elizabclh dos Santos, Marina Marques Nascimento, Marilene Salles, Maria Lctícia Ferreira, Benedita Aparecida de Souza,
+
Palmira do Carmo Paiva Fanuchi, Isabel Duarte Bueno, Ivone Stela Bueuno e Célia Dalagnolli.
+
 
+
''Biblioteca:''Dona Ana Bueno - 619 livro.
+
 
+
''Serventes :''Maria da Conceição Nunes Paiva e Tereza Ferreira Lima.
+
 
+
=== Ensino rural ===
+
 
+
No período imperial não havia qualquer interesse da província pelo ensino rural. Era mesmo inexistente, salvo em caráter privado, mantido
+
por fazendeiros, que se cotizavam para a remuneração do mestre. Dadas aos alunos, quase sempre só meninos, as quatro operações fundamentais, e conseguidos os garranchos da assinatura - lá ia o professor para outro reduto, mascateando a sua sabença...
+
 
+
Já na República, mal instalada a Câmara Municipal, são fixadas normas para a criação e o funcionamento do ensino rural, criando-se
+
escolas em vários bairros, assim dispondo a Lei Municipal em 7 de abril de 1895:
+
 
+
Art. 1º Ficão creadas três escolas primárias ruraes no distrito da cidade, sendo as mesmas pela seguinte forma:
+
A primeira denominada Tenente Coronel Fonseca no Bairro da Serra,
+
A segunda denominada Capitão Soares na Fazenda do Bom Sucesso,
+
A terceira denominada Coronel Lambert no Bairro da Roseta.
+
Art. 2º - O ensino será o mesmo estatuído no Regulamento Escolar da Lei nº 10.
+
Art. 3º - As cadeiras serão postas em concurso e não aparecendo opositores às mesmas serão estas mantidas por pessoas habilitada à
+
juízo da Câmara, independente de prestar exame, os quais exercerão esse cargo interinamente."
+
 
+
E dentro desse diploma legal, são nomeados Domingos Cláudio Afonso, em 3 de janeiro de 1896, para as cadeiras de Portão e Rio do
+
Peixe, e José Laudelino, em 4 de abril de 1898, para o Bairro dos Vazes.
+
 
+
Enquanto o governo provincial primava, na ocasião, em negar à população rural os benefícios do ensino — a municipalidade incipiente, mal
+
nascia, estabelecia regime avançado no atendimento ao grande problema. E somente depois de trinta e tantos anos — em 1927 — o Estado
+
toma a si, no governo Antônio Carlos, o encargo de instruir a população rural.
+
 
+
Foram então instaladas, em 1927, escolas públicas nos seguintes bairros:
+
 
+
''Vazes'' - Professora Maria da Silveira Lambert,
+
''
+
S. Sebastião dos Campos'' - Professoras Maria Vitorino de Souza e Magnólia de Melo.
+
 
+
''Portão'' — Professora Ana Bueno,
+
 
+
''Água Comprida'' - Professora Lázara Pereira Coutinho,
+
 
+
''Lambert'' - Professora Eugênia Lambert,
+
 
+
''Bom Sucesso'' - Professora  Maria  da Conceição Ferreira,
+
 
+
''S. Domingos'' - Professoras Benedita Carvalho e Edith Magalhães,
+
 
+
''Cachoeira'' -  Professora Syria Guimarães,
+
 
+
''Nunes'' - Professora Amélia Lambert,
+
 
+
''Serra do Cabral'' - Professora Floripes Nascimento Bueno,
+
 
+
''Braço-das-Antas'' - Professora Maria do Espírito Santo Duarte,
+
 
+
''Vargem-dos-Ilhéus'' - Professora Maria da Conceição Moraes,
+
 
+
''Cemitério'' - Professora Agueda  de Moraes,
+
 
+
''Boa Vereda'' -Professora Maria José de Assis, e
+
 
+
''Brandões'' - Professora Sebastiana de Andrade.
+
 
+
Todas essas escolas foram mantidas pelo Governo Estadual e fiscalizadas pelo Diretor do Grupo Escolar da cidade.
+
 
+
Coroando essa bela obra, o Governo Federal, tempos depois, fez construir prédios típicos em Água Comprida, Rio-do-Peixe,
+
Serra do Cabral e Vazes. Mas ''mirabite dictu'' — são todas essas escolas suprimidas em conseqüência dos transtornos financeiros   
+
criados pela Revolução de 1930...
+
 
+
O interregno de ausência de escola pública estadual foi longo, só preenchida a grave lacuna pela interferência oportuna da Prefeitura
+
Municipal, que instalou, por verbas próprias, escolas em vários bairros do município.
+
 
+
O registro de escolas rurais na Secretaria de Estado da Educação acusa, em 1972, as seguintes escolas primárias instaladas em bairros do
+
Município de Cambuí:
+
 
+
''Mantidas pelo Estado:''
+
 
+
#Água Comprida - Professoras  Maria  José  Marques, Conceição  Almeida  e  Maria  do  Carmo  Dias.
+
#Rio-do-Peixe - Professoras  Benedita Doleste  Almeida, Terezinha  Sônia  de  Jesus,  Olinda  de  Almeida  e Mariana  Aparecida  do  Nascimento.
+
 
+
''Mantidas pela Prefeitura Municipal:''
+
 
+
# Vazes - Professora Ivalquíria Aparecida Bueno Lambert
+
# Anhumas - Professoras Rosana Aparecida  Bueno  e Benedita  Cândida Brandão
+
# Congonhal — Professoras Ana Silvério Almeida e Benedita Doleste Almeida
+
# Lopes — Professoras Terezinha Resende  de  Souza  e Ana Maria    Tavares
+
# Portão — Professoras Nair Marques Ferreira  e Aparecida Clorado da Silva
+
#Vargem-dos-Ilhéos - Professoras Cacilda Aparecida de Souza e Bernardina  Gonçalves de Souza
+
#Bom Sucesso - Professora Ana Almeida Borges
+
#Braço-das-Antas - Professora  Ana  Maria  de  Faria
+
#Cachoeirinha — Professora  Maria  Antonia  do Prado
+
# Caxambu - Professora Benedita Rosa  de  Jesus
+
#Fonsecas - Professora Rosa Maria Bertolaccini
+
#Lambert - Professora Aracy Clorado da Silva
+
#Manoel - Professora  lolanda  da  Silveira  Ferreira
+
#Mata - Professora Conceição dos Santos    Almeida
+
#Meia Légua - Professora Luzia Moraes
+
# Nunes-de-Baixo - Professora Marlene Aparecida Marques
+
# Nunes-de-Cima —- Professora Sebastiana de Jesus Barroso
+
# Pessegueiros —- Professora  Conceição Dias da Silva
+
# Rosas I -Professora  Nilta  Marques  Lambert
+
# Rosas II -- Professora  Rosa Maria  da Silva Marques
+
# São Manoel -    Professora Carmelina  Aparecida Lambcrt
+
# Serro — Professora  Rosa  Sabino  Dias.
+
 
+
''Distrito de Senador Amaral'' (sede): Escolas Combinadas :
+
 
+
Adail Bueno (diretora), Professoras Maria da Conceição Cor-rietta, Salete Cândida de Resende, Dulcineia Santana Veiga Resende, Benedita
+
Aparecida de Faria, Aracy de Oliveira Rodrigues, e na função de Servente, Maria José de Souza.
+
Escola*  Rurais  Distritais,  mantidas  pela  Prefeitura:
+
 
+
# Serra do Cabral - Professoras Olivia Cabral Moreira e Nair Maria  da Fonseca
+
# Ponte  Segura - Professoras  Maria José da Silva e Ovidia  Maria  da  Silva
+
#Três Saltos - Professora  Inês Marculina das Chagas
+
 
+
''Observação:'' As Escolas Combinadas da Sede do Distrito de Senador Amaral, mantidas pelo Estado, funcionam em prédio próprio, construído pelo Prefeito José Francisco do Nascimento.
+
 
+
O '''Minas Gerais''',  de 19 de novembro de 1965 publicou a criação de Escola Infantil Combinada na Cidade de Cambuí, não sendo, porém,
+
instalada por falta de acomodações próprias, embora provida do melhor mobiliário especializado.
+
 
+
=== Ensino secundário e ensino particular ===
+
 
+
Foi quase nula a intervenção oficial, antes da República, em favor do Ensino Secundário. As populações do interior da província,
+
notadamente, estavam privadas de institutos de grau médio, destinados à educação e à cultura dos adolescentes.
+
 
+
Em Cambuí chegou a funcionar, no entanto, em 1884, um colégio objetivando a instrução primária e secundária, sob a direção do Professor
+
José Villa Maria, que prestou relevantes serviços à mocidade de então.
+
 
+
Proclamada a República, instalou-se na cidade um externato dirigido pelo notável educador José Guilherme Cristiano, de pouca duração,
+
pois seu dirigente foi atraído por Bragança, ocde se fez estimado por seus predicados pessoais e pela obra desenvolvida em beneficio do
+
ensino e da cultura.
+
 
+
Em 1905, o Padre Agostinho Martell cria um externa-to em Cambuí, fazendo funcionar o 1º ano equivalente ao curso ginasial. São
+
Professores: José Alexandre de Moraes, de Português; Dr. Caetano Ferreira Pinto Malheiros, de Geo¬grafia e História; Maximiano José de
+
Brito Lambert, de Aritmética; Dr. Carlos Cavalcanti, de Francês; e Padre Agostinho Martell, de Religião e Moral e Cívica. Com o falecimento do Dr. Malheiros, grande animador do estabelecimento, o Padre Martell desloca-se para o interior de S. Paulo, e o novel educandário encerra suas atividades.
+
 
+
Na primeira década desde século, a Professora Analia de Brito Lambert mantinha superlotada classe de ensino primário particular,
+
desenvolvendo aí excelente ensino, cumpridas as exigências do programa oficial fixado por Lei da Câmara Municipal.
+
 
+
Mas é somente em 30 de janeiro de 1956, pela Lei Estadual nº 1.439, que, por iniciativa do Deputado Milton Salles, é criado o Colégio
+
Estadual de Cambuí, com a denominação de '''Antônio Felipe de Salles''', dada pelo Decreto nº 5.101, de 6 de dezembro de 1968.
+
 
+
Abriam-se para a população local e seus vizinhos perspectivas novas e alvissareiras no tocante ao desenvolvimento da cultura c das
+
possibilidades que o ensino de segundo grau oferecia aos pretendentes a cursos universitários. Por igual, incorporava-se ao novo
+
instituto curso especializado para a formação de professores de ensino primário, aspiração acalentada principalmente pelos estudantes do
+
sexo feminino .
+
 
+
Sua direção, seu corpo docente e seus servidores administrativos, em 1972, são os seguintes:
+
 
+
Dr. Ayrton Lívio  Salomon,  diretor;
+
Dr. João  Carlos Figueiredo, vice-diretor;
+
Ruth Aparecida  de  Oliveira,  secretária;
+
Prof.ª Anísia Medeiros Ferrer, bibliotecária;
+
Prof. Waldomiro Ferreira da Silva, bibliotecário;
+
Tito Eiras, inspetor-de-alunos;
+
Terezinha Capozzoli, inspetora-de-alunos;
+
Terezinha Lagatta, inspetora-de-alunos;
+
Niva D'Onofrio Marques, inspetora-de-alunos;
+
Geraldo Salles, porteiro;
+
Hélio Lúcio da Silva, servente;
+
Rosa Fróis, servente;
+
Maria José Figueiredo, servente; e
+
Luiza Maria  de Jesus, servente.
+
 
+
''Professores:''
+
 
+
Maria José Alvarenga, Matemática; Áureo Faria Macedo, Matemática; Lázara Pereira, Matemática; Alcindo Santos, Matemática; Benedito de
+
Carvalho Lopes, Português; José Pereira, Português; Sebastiana Pereira, Português; Vera Lúcia Meyer, Desenho; Lázara Stella Pereira,
+
Desenho; Celina Aparecida Toledo, Desenho; Alcides Del Agnolo, Inglês; Pedro Carlos Junqueira Ferraz, Geografia; Maria Rita Vilela
+
Figueiredo, Inglês; Alair Pereira Borges, Francês; Anunziata Isabel Marques, Geografia; Maria Antônia de Souza, Ciências; Maria do
+
Carmo Lambert Duarte, Ciências; Neusa Nascimento, História; Neila do Carmo Fanuchi, Educação Moral e Cívica; Neusa Aparecida Finamor,
+
Educação Moral e Cívica; José Aparecido Mello, Química; José Moraes, Física; Antônio Marmo, Física; Francisco Mendonça, Biologia; Maria
+
Paula B. de Oliveira, Biologia; Maria Virgínia Lambert, Didática; Carmelina Aparecida Lambert, Psicologia, Sociologia e Filosofia; Olga
+
Andrade Cruz, Educação Musical; Fernando Leão Jório, Educação Física; Henrique Pereira de Moraes, Educação Física; e Maria Edna de
+
Moraes Marques, Educação Física.
+
 
+
''Diretores do Estabelecimento por ordem cronológica:''
+
 
+
Dr. Pedro Carlos Junqueira Ferraz        1960
+
Prof. Wanderley Meyer               1961
+
Dr. Ayrton Lívio  Salomon               1962
+
 
+
''Primeiros professores:''
+
 
+
Dr. Pedro Carlos Junqueira Ferraz, Dr. Nilton Dias Fróis, Prof.ª Anísia Medeiros Ferrer, Dr. João Carlos Figueiredo, Dr. Benedito
+
Carvalho Lopes, Prof. Wanderley Meyer, Prof. José Pereira e Prof.ª Heloísa Moraes.
+
 
+
''Dados demonstrativo* da evolução do estabelecimento:''
+
 
+
Alunos matriculados em 1968   68
+
Idem em 1972                       940
+
 
+
''Observação:'' Em virtude do grande aumento de matrículas, a CARPE está, em 1972, realizando substancial acréscimo de salas, possibilitando matrículas superiores a 500 alunos novos.
+
 
+
=== Inspeção e assistência técnica escolar ===
+
 
+
Cambuí é sede de Inspetoria Seccional de Ensino Primário Estadual, a cargo da Dra. Antônia Diva Ferraz de Araújo, compreendendo os
+
municípios de Cambuí (sede), Camanducaia, Córrego do Bom Jesus, Bom Repouso, Estiva, Itapeva, Extrema, Toledo e Munhoz.
+
 
+
A inspeção às escolas rurais estaduais é feita pela Prof." Maria Aparecida Carvalho Ferraz, designada pela Secretaria de Estado da
+
Educação. E a inspeção às escolas rurais mantidas pela Prefeitura cabe à Profª Dulce Aparecida Ramos.
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A chefia do ensino primário municipal está entregue a Cláudio do Nascimento Magalhães, que acumula ainda as funções de  encarregado  da  Carteira  do Trabalho e NAOF da Prefeitura.
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Os prédios escolares das zonas rural e urbana foram, em grande  parte,  construídos  pelos seguintes Prefeitos:
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# por Álvaro de Moraes Navarro, o do bairro Água Branca;
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# por Aristeu Bueno, ampliação e reconstrução do das  Escolas  Combinadas  de  Senador Amaral;
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# por Braz Meyer, os dos bairros Caxambu, Ponte Segura II, Rosas I e Rosas III;
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# por Benedito  Carvalho, os dos bairros Fonseca, Serro e Três Saltos;
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# por Luiz Evangelista Rangel Padilha, o do bairro Bom Sucesso;
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# por  José  Francisco  Nascimento,  os  dos  bairros Braço das Antas, Cachoeirinha, Congonhal, Lambert, Tônico Manoel,  Meia  Légua,  Nunes  de  Baixo,  Pessegueiros,  Ponte Segura I, Portão, São Miguel e Vargem dos Ilhéos, além do prédio do Grupo Escolar '''Dr.  Carlos Cavalcante''', da cidade;
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# o prédio das Escolas Combinadas de  Senador Amaral foi,  inicialmente, construído por José Francisco  do Nascimento  mas  reconstruído  pelo  Prefeito Aristeu Bueno, e o prédio  do bairro  das Anhumas também adquirido por José Francisco do Nascimento foi reconstruído pelo Prefeito Braz Meyer.  O  prédio  do bairro  dos Lopes foi  construído pelo Prefeito José  Francisco  do Nascimento  e  reconstruído pelo Prefeito Benedito  Carvalho;
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# os  prédios  dos  bairros  Vazes,  Água  Comprida, Serra do Cabral e Rio do Peixe foram construídos pelo Prefeito José Francisco do Nascimento em convênio com o governo federal.
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=== Os pioneiros ===
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Os primeiros cambuienses a alcançarem a conclusão de curso superior ou especializado, foram os seguintes:
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#Belas-Artes: Inês Moraes
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#Biblioteconomia: Neyde Lambert Oréfice
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#Ciências Econômicas: João Moreira Salles
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#Direito: Antônio Lambert
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#Engenharia: Nib Lambert
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#Farmácia: Levindo Furquim Lambert
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#Filosofia: Neusa Maria Lambert de Morales
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#Medicina: Ney Lambert
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#Música: João Lambert Ribeiro
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#Normalista: Maximiano José de Brito Lambert
+
#Odontologia: Sylvio Lambert de Brito
+
#Ortóptica: Neyde Lambert Oréfice
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#Pedagogia: Márcia Moraes
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#Química: Francisco da Silveira Lambert
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#Sacerdócio: Monsenhor Aristeu Lopes
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#Veterinária: Sylvio Lambert de Brito
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== Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas ==
 
== Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas ==
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<nowiki>* * *</nowiki>  
 
<nowiki>* * *</nowiki>  
  
É longa a relação dos párocos que, além dos já lembrados em capítulo anterior, exerceram ''munus'' sacerdotais na cidade, após o falecimento do Padre José da Silva Figueiredo Caramuru, ocorrido em 8 de junho de 1905, paroquiato iniciado em 1871, a saber: Pe. José Gomes da Conceição (1905), Pe. Agostinho Martell (1906), Pé. Alberto Nunes de Melo Brigagão (1907), Pe. Isidoro Guilmein (1908), Pe. Melchíades Augusto de Matos (1909), Pe. Oscar Sampaio de Maria Auxiliadora (1910), Pe. Waldomiro Braz do Amaral (1910), Pé. Edmundo Augusto de Castro (1910), Pe. Saturnino de Paula Conceição (1911), Frei Marcelino Dorelli (1913), Frei Mauro de São José (1914), Frei Brocardo Colonnelli (1918), Frei Nicolau de São José (1920), Frei Anselmo da Beata Virgem (1922), Pe. Lauro de Castro (1922), Cônego Leopoldo Peyronne (19215), Pe. Joaquim de Oliveira Noronha (1927), Pe. Antônio Pascoal (1948), Pe. Vicente Marques Ribeiro (1950) e Pe. José Avelino Magalhães, estes últimos a serviço de cooperadores do titular, Pé. Antônio Pascoal, seguindo-se Pe. Jorge Nogueira, Pe. Antônio Noronha (de 1957 a 1959), Pe. Jair Ferreira, Cônego Paulo Hermógenes Monteiro e Cônego Foch Morais Teixeira, ora titular da paróquia, realizando devotada obra apostólica na cidade e fora dela.
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É longa a relação dos párocos que, além dos já lembrados em capítulo anterior, exerceram ''munus'' sacerdotais na cidade, após o falecimento do Padre José da Silva Figueiredo Caramuru, ocorrido em 8 de junho de 1905, paroquiato iniciado em 1871, a saber: Pe. José Gomes da Conceição (1905), . Agostinho Martell (1906), Pé. Alberto Nunes de Melo Brigagão (1907), Pe. Isidoro Guilmein (1908), . Melchíades Augusto de Matos (1909), Pe. Oscar Sampaio de Maria Auxiliadora (1910), Pe. Waldomiro Braz do Amaral (1910), Pé. Edmundo Augusto de Castro (1910), Pe. Saturnino de Paula Conceição (1911), Frei Marcelino Dorelli (1913), Frei Mauro de São José (1914), Frei Brocardo Colonnelli (1918), Frei Nicolau de São José (1920), Frei Anselmo da Beata Virgem (1922), Pe. Lauro de Castro (1922), Cônego Leopoldo Peyronne (19215), Pe. Joaquim de Oliveira Noronha (1927), Pe. Antônio Pascoal (1948), Pe. Vicente Marques Ribeiro (1950) e Pe. José Avelino Magalhães, estes últimos a serviço de cooperadores do titular, Pé. Antônio Pascoal, seguindo-se Pe. Jorge Nogueira, . Antônio Noronha (de 1957 a 1959), Pe. Jair Ferreira, Cônego Paulo Hermógenes Monteiro e Cônego Foch Morais Teixeira, ora titular da paróquia, realizando devotada obra apostólica na cidade e fora dela.
  
São cambuienses de nascimento os seguintes sacerdotes: Monsenhor Aristeu Lopes, integrando a sede arqui-episcopal de Pouso Alegre, mas prestando excelentes serviços sacerdotais à paróquia de sua terra natal; Pe. Afonso Ligório Rosa, Pe. Afonso Carvalho e Pe. Vicente Marques. O atual Vigário de Cambuí exerce seu ministério, também, na Cidade de Córrego do Bom Jesus e na Vila de Senador Amaral. Há, espalhadas pelo município, dezesseis capelas.
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São cambuienses de nascimento os seguintes sacerdotes: Monsenhor Aristeu Lopes, integrando a sede arqui-episcopal de Pouso Alegre, mas prestando excelentes serviços sacerdotais à paróquia de sua terra natal; . Afonso Ligório Rosa, . Afonso Carvalho e Pe. Vicente Marques. O atual Vigário de Cambuí exerce seu ministério, também, na Cidade de Córrego do Bom Jesus e na Vila de Senador Amaral. Há, espalhadas pelo município, dezesseis capelas.
  
 
=== Igreja Presbiteriana ===
 
=== Igreja Presbiteriana ===
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Iniciaram-na com uma prática evangélica realizada na casa de Salustiano Padilha, presentes aproximadamente dez pessoas. Foi o grão-de-mostarda de que falam os Evangelhos.
 
Iniciaram-na com uma prática evangélica realizada na casa de Salustiano Padilha, presentes aproximadamente dez pessoas. Foi o grão-de-mostarda de que falam os Evangelhos.
  
Dez anos mais tarde veio a Cambuí, para visita pastoral, o missionário Rev. Gastão Boyle, que, além de pregações, distribuía Bíblias e as interpretava para o povo. Deram-se, em conseqüência, as primeiras conversões: Salustiano Marques Padilha, Sabino Marques Padilha, José Carneiro da Silveira, Bento Lopes Pacífico e outros.
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Dez anos mais tarde veio a Cambuí, para visita pas¬toral, o missionário Rev. Gastão Boyle, que, além de pregações, distribuía Bíblias e as interpretava para o povo. Deram-se, em conseqüência, as primeiras conversões: Salustiano Marques Padilha, Sabino Marques Padilha, José Carneiro da Silveira, Bento Lopes Pacífico e outros.
  
 
O vasto salão da casa residencial de Salustiano Marques Padilha era átrio sagrado que dava nascimento à nova Igreja na cidade. E não foram poucos os reveses, porque, como todas as idéias novas, veio a passar o credo evangélico, até mesmo a política interferindo e exercendo o enteio de suas perseguições. C,orno a história ensina, essas perseguições não bastaram para cortar cerce a árvore nascente: a palavra dos evangelizadores foi levada a Camanducaia e a vários bairros populosos do município, distendendo tentáculos para a conquista de adeptos c crentes, num dos quais, aliás, o Bairro "Sertão dos Lopes", pelo número vultoso de crentes, se instalou a sede dos trabalhos evangélicos, tempos depois, no entanto, transferida para Cambuí, cumprindo ordem do Concilio Superior de São Paulo.
 
O vasto salão da casa residencial de Salustiano Marques Padilha era átrio sagrado que dava nascimento à nova Igreja na cidade. E não foram poucos os reveses, porque, como todas as idéias novas, veio a passar o credo evangélico, até mesmo a política interferindo e exercendo o enteio de suas perseguições. C,orno a história ensina, essas perseguições não bastaram para cortar cerce a árvore nascente: a palavra dos evangelizadores foi levada a Camanducaia e a vários bairros populosos do município, distendendo tentáculos para a conquista de adeptos c crentes, num dos quais, aliás, o Bairro "Sertão dos Lopes", pelo número vultoso de crentes, se instalou a sede dos trabalhos evangélicos, tempos depois, no entanto, transferida para Cambuí, cumprindo ordem do Concilio Superior de São Paulo.
Linha 2 092: Linha 602:
 
Muitos foram os grandes pregadores que estiveram em Cambuí, entre os quais cabe citar: Rev. Gastão Boyle, Rev. Jorge Host, Rev. Noé Vey, Rev. Henrique de Camargo, Rev. João Paulo de Camargo, Rev. Avelino Boamorte, Rev. José Ferraz, Rev. Walério M. Silva, Rev. Marco Cerqueira Leite, Rev. Paulo Wilon, Rev. Benedito Manuel de Carvalho, Rev. Delfino José Corrêa, Rev. Humberto Xavier Lene César, Rev. Astrogildo de Oliveira Godoy, Rev. Josias Rosa, Rev. Elias Marques Ferreira e Rev. Osias Costa. Entre esses, fez-se notar como grande músico o Rev. Humberto Lene César.
 
Muitos foram os grandes pregadores que estiveram em Cambuí, entre os quais cabe citar: Rev. Gastão Boyle, Rev. Jorge Host, Rev. Noé Vey, Rev. Henrique de Camargo, Rev. João Paulo de Camargo, Rev. Avelino Boamorte, Rev. José Ferraz, Rev. Walério M. Silva, Rev. Marco Cerqueira Leite, Rev. Paulo Wilon, Rev. Benedito Manuel de Carvalho, Rev. Delfino José Corrêa, Rev. Humberto Xavier Lene César, Rev. Astrogildo de Oliveira Godoy, Rev. Josias Rosa, Rev. Elias Marques Ferreira e Rev. Osias Costa. Entre esses, fez-se notar como grande músico o Rev. Humberto Lene César.
  
A comunidade presbiteriana tem organização e personalidade jurídicas, possui dois templos amplos e bem mo-biliados, bem como salas-de-aulas c casa pastoral. Mantém em Cambuí uma escola dominical para o ensino religioso e para atividades da UMP (União dos Moços Presbiterianos) da Liga Juvenil para as crianças, da Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF), bem como mantém ainda programa da União Presbiteriana de Homens (UPH) e cultos com palestras, pregações e estudos bíblicos.
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A comunidade presbiteriana tem organização e per-sonalidade jurídicas, possui dois templos amplos e bem mo-biliados, bem como salas-de-aulas c casa pastoral. Mantém em Cambuí uma escola dominical para o ensino religioso e para atividades da UMP (União dos Moços Presbiterianos) da Liga Juvenil para as crianças, da Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF), bem como mantém ainda programa da União Presbiteriana de Homens (UPH) e cultos com palestras, pregações e estudos bíblicos.
  
 
Realiza assim, a Igreja Presbiteriana de Cambuí, uma fecunda obra de propagação da Fé Cristã.
 
Realiza assim, a Igreja Presbiteriana de Cambuí, uma fecunda obra de propagação da Fé Cristã.
Linha 2 100: Linha 610:
 
Teve sua fundação em 22 de janeiro de 1959, realizando cultos em praça pública e, posteriormente, cm sala alugada até 1963.
 
Teve sua fundação em 22 de janeiro de 1959, realizando cultos em praça pública e, posteriormente, cm sala alugada até 1963.
  
Em 12 de abril de 1963 instalou-se em sede própria, contando, então, grande número de irmãos, festejando solenemente o acontecimento.
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Em 12 de abril de 196,'í instalou-se em sede própria, contando, então, grande número de irmãos, festejando solenemente o acontecimento.
  
 
Respeitadas as exigências do Código Civil Brasileiro (art. 18) e art. 141, § 1º, da Constituição Federal, exerce suas atividades congregacionistas também em Camanducaia e Estiva.
 
Respeitadas as exigências do Código Civil Brasileiro (art. 18) e art. 141, § 1º, da Constituição Federal, exerce suas atividades congregacionistas também em Camanducaia e Estiva.
Linha 2 165: Linha 675:
  
 
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  1 - a Belo Horizonte                           421
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  1 - a Belo Horizonte                 421
  2 - a São Paulo                                 151
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  2 - a São Paulo                       151
  3 - a Pouso Alegre (via Estiva )           59
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  3 - a Pouso Alegre (via Estiva)       59
  4 - a Paraisópolis (via Consolação)     36
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  4 - a Paraisópolis (via Consolação)   36
  5 - a Camanducaia                             21
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  5 - a Camanducaia                     21
  6 - a Bom Repouso                             24
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  6 - a Bom Repouso                     24
  7 - a Córrego do Bom Jesus                 7
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  7 - a Córrego do Bom Jesus             7
  8 - a Distrito de Senador Amaral       18
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  8 - a Distrito de Senador Amaral       18
  
 
== Capítulo IX - Serviços de utilidade pública ==
 
== Capítulo IX - Serviços de utilidade pública ==
Linha 2 462: Linha 972:
 
===Atividades agropecuárias===
 
===Atividades agropecuárias===
  
O escritório da Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR) vem desenvolvendo intenso trabalho de orientação agropecuária, bem como estudando tecnicamente as condições ecológicas do município, de maneira a possibilitar melhor aproveitamento e maior desenvolvimento da economia rural. Vem dando prioridade a tudo quanto se refere à exploração da batata, que, por isso mesmo, alcançou índices de relevância nacional.
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O escritório da Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR) vem desenvolvendo intenso trabalho de orien¬tação agropecuária, bem como estudando tecnicamente as condições ecológicas do município, de maneira a possibilitar melhor aproveitamento e maior desenvolvimento da eco¬nomia rural. Vem dando prioridade a tudo quanto se re¬fere à exploração da batata, que, por isso mesmo, alcançou índices de relevância nacional.
 
   
 
   
 
A preferência dos agricultores tem repousado na batata das águas, com a colheita total de 1.015.000 sacas de 60 kg, usadas para isso as variedades Bintje holandesa, Bintje sueca e Rodosa. A batata das secas, importada da Holanda, serve para o aproveitamento de sementes. O preço por saca varia de Cr$ 15,00 a Cr$ 80,00.
 
A preferência dos agricultores tem repousado na batata das águas, com a colheita total de 1.015.000 sacas de 60 kg, usadas para isso as variedades Bintje holandesa, Bintje sueca e Rodosa. A batata das secas, importada da Holanda, serve para o aproveitamento de sementes. O preço por saca varia de Cr$ 15,00 a Cr$ 80,00.
Linha 2 468: Linha 978:
 
Outros produtos agrícolas estão sendo explorados sob os cuidados técnicos da ACAR, nos termos do quadro abaixo:
 
Outros produtos agrícolas estão sendo explorados sob os cuidados técnicos da ACAR, nos termos do quadro abaixo:
  
  '''Cultura'''                   '''Área plantada ha'''       '''Rendimento ha'''         '''Produção'''  
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  '''Cultura'''           '''Área plantada ha'''   '''Rendimento ha'''     '''Produção'''  
  Feijão das águas                     130                           12                     1.560
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  Feijão das águas     130             12         1.560
  Feijão da seca                         250                           11                     2.750
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  Feijão da seca       250             11         2.750
  Milho                       2.300                           20                   46.000
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  Milho   2.300             20         46.000
  Café                         320                           40                   12.000
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  Café     320             40         12.000
  Arroz (ano de 71)                 1.800 ha                 740 kg/ha   51.000
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  Arroz (ano de 71) 1.800 ha           740 kg/ha 51.000
 
  ''Observação: A produção do arroz é considerada como o produto em casca.''
 
  ''Observação: A produção do arroz é considerada como o produto em casca.''
  
Linha 2 556: Linha 1 066:
 
Suas condições mesológicas, bem como a liberdade de suas terras, em que a batata o colocou em primeiro plano da produção nacional, vem atraindo forasteiros, agricultores e comerciantes vindos de toda a região, dando-lhe, por isso, inusitado  movimento  e  impressionante  prosperidade.
 
Suas condições mesológicas, bem como a liberdade de suas terras, em que a batata o colocou em primeiro plano da produção nacional, vem atraindo forasteiros, agricultores e comerciantes vindos de toda a região, dando-lhe, por isso, inusitado  movimento  e  impressionante  prosperidade.
  
Sua área é de 138 km² e sua sede é dotada de luz elétrica fornecida pela Empresa Elétrica Bragantina S.A., de água encanada e esgoto domiciliário em andamento progressivo. Tem serviço regular de correio e duas linhas de ônibus ligando à sede do município e ao Arraial de Ponte Segura.
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Sua área é de 138 km2 e sua sede é dotada de luz elétrica fornecida pela Empresa Elétrica Bragantina S.A., de água encanada e esgoto domiciliário em andamento progressivo. Tem serviço regular de correio e duas linhas de ônibus ligando à sede do município e ao Arraial de Ponte Segura.
  
 
Uma queda d'água de regulares proporções, dentro da urbs, proporciona espetáculo agradável à vista.
 
Uma queda d'água de regulares proporções, dentro da urbs, proporciona espetáculo agradável à vista.
Linha 2 573: Linha 1 083:
 
Não é de mais que se repita aqui a decadência do Rio das Antas. Merece ele página especial pela importância que teve na vida da cidade. Seu esvaziamento se deve à devastação das matas nas suas cabeceiras. Seus afluentes vão, a pouco e pouco, se esgotando sem que os moradores ribeirinhos tomem conta do seu definhamento e dos prejuízos que seu desgaste traz.
 
Não é de mais que se repita aqui a decadência do Rio das Antas. Merece ele página especial pela importância que teve na vida da cidade. Seu esvaziamento se deve à devastação das matas nas suas cabeceiras. Seus afluentes vão, a pouco e pouco, se esgotando sem que os moradores ribeirinhos tomem conta do seu definhamento e dos prejuízos que seu desgaste traz.
  
Era outrora caudaloso e, nas chuvas demoradas, turbulento e bravo. Uma ponte extensa, toda coberta de folhas de zinco, ligava a cidade às  
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Era outrora caudaloso e, nas chuvas demoradas, turbulento e bravo. Uma ponte extensa, toda coberta de folhas de zinco, ligava a Cidade às  
 
Chácaras do Zeca Correia e do Tota, abrindo passagem para Estiva e Vazes. As aberturas laterais não ofereciam vau à travessia livre de  
 
Chácaras do Zeca Correia e do Tota, abrindo passagem para Estiva e Vazes. As aberturas laterais não ofereciam vau à travessia livre de  
 
pedestres ou animais, salvo se a nado.
 
pedestres ou animais, salvo se a nado.
Linha 2 585: Linha 1 095:
 
Hoje, não se dá isso. O Deputado Ulisses Escobar, representante de Camanducaia na Assembléia Legislativa do Estado, quando no exercício de Secretário de Estado da Viação, mandou para ali uma draga, deu ao rio retificação acertada e pôs fim às inundações periódicas. Ao mesmo tempo, ensejou a exploração rizícola das suas terras fecundas.
 
Hoje, não se dá isso. O Deputado Ulisses Escobar, representante de Camanducaia na Assembléia Legislativa do Estado, quando no exercício de Secretário de Estado da Viação, mandou para ali uma draga, deu ao rio retificação acertada e pôs fim às inundações periódicas. Ao mesmo tempo, ensejou a exploração rizícola das suas terras fecundas.
  
Na época própria, o vargedo extenso que margeia a '''Fernão Dias''' cobre-se de amarelo farfalhante, oferecendo à vista dos passageiros uma  
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Na época própria, o vargedo extenso que margeia a "Fernão Dias" cobre-se de amarelo farfalhante, oferecendo à vista dos passageiros uma  
 
paisagem animadora e sugestiva.
 
paisagem animadora e sugestiva.
  
Linha 2 658: Linha 1 168:
 
É razoável que se registre- aqui a implantação dos meios de recepção televisionada em Cambuí. Inicialmente, dado o vultoso número de aparelhos televisores instalados, foi organizada uma empresa que, acertadamente, plantou nas alturas do Pico de São Domingos (2.056 m) uma possante antena receptora, capaz mesmo de receber irradiações províncias de estações longínquas.
 
É razoável que se registre- aqui a implantação dos meios de recepção televisionada em Cambuí. Inicialmente, dado o vultoso número de aparelhos televisores instalados, foi organizada uma empresa que, acertadamente, plantou nas alturas do Pico de São Domingos (2.056 m) uma possante antena receptora, capaz mesmo de receber irradiações províncias de estações longínquas.
 
   
 
   
Fracassada, tempos depois, a inteligente iniciativa, o "ponto de escuta" passou à ''Empresa de Transportes Cometa'', poderosa e de abrangentes ligações interestaduais, que dele se serve para a constante interligação de seus inúmeros ônibus em trânsito rodoviário.
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Fracassada, tempos depois, a inteligente iniciativa, o "ponto de escuta" passou à Empresa de Transportes "Cometa", poderosa e de abrangentes ligações interestaduais, que dele se serve para a constante interligação de seus inúmeros ônibus em trânsito rodoviário.
  
 
Mas, recentemente, beneficiando de pronto os inúmeros usuários da cidade e da circunvizinhança, foi instalada uma antena no chamado antigamente "Morro do Maneco Moreira", hoje de propriedade de Benedito Carvalho, de onde se descortina toda a cidade e seus arrabaldes.
 
Mas, recentemente, beneficiando de pronto os inúmeros usuários da cidade e da circunvizinhança, foi instalada uma antena no chamado antigamente "Morro do Maneco Moreira", hoje de propriedade de Benedito Carvalho, de onde se descortina toda a cidade e seus arrabaldes.
Linha 2 873: Linha 1 383:
  
 
  "Se é verdade que tudo é Brasil, na expressão corriqueira da literatura unitária, também é certo que, se Minas Gerais  
 
  "Se é verdade que tudo é Brasil, na expressão corriqueira da literatura unitária, também é certo que, se Minas Gerais  
  proporcionar melhores meios de transporte à malsinada região extremo-sul, abrirá, inquestionavelmente, maiores fontes  
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  proporcionar melhores meios de transporte à malsinada região extremo--sul, abrirá, inquestionavelmente, maiores fontes  
  econômicas ao já poderoso Estado de São Paulo. Se tudo é Brasil - que impede São Paulo procurar resolver então esse  
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  econômicas ao já poderoso Estado de São Paulo. Se tudo é Brasil - que impede São Paulo procurar resolver então esse  
 
  problema relevante para seu próprio interesse?"
 
  problema relevante para seu próprio interesse?"
  
Linha 2 887: Linha 1 397:
  
 
Muito antes do Dr. José Guilherme Eiras, um batalhador incansável pela redenção do chamado "apêndice mineiro", o Sr. Mineiro Júnior  
 
Muito antes do Dr. José Guilherme Eiras, um batalhador incansável pela redenção do chamado "apêndice mineiro", o Sr. Mineiro Júnior  
publicava no "O Imparcial", de Pouso Alegre, em junho de 1923, extensa e bem lançada "carta-aberta" ao Dr. Raul Soares, então Presidente  
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publicava no "O Imparcial", de Pouso Alegre, em junho de 1923, extensa c bem lançada "carta-aberta" ao Dr. Raul Soares, então Presidente  
do Estado, pleiteando com vigor e razões concludentes a ligação Paraisópolis (RMV) à Estação de Vargem ou Bandeirantes (SPR).
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do Estado, pleiteando com vigor e razões concludentes a liga¬ção Paraisópolis (RMV) à Estação de Vargem ou Bandeirantes (SPR).
  
 
Embora já se houvesse versado esse assunto em outro capítulo desta obra, repita-se que o Governo de então havia constituído comissão de  
 
Embora já se houvesse versado esse assunto em outro capítulo desta obra, repita-se que o Governo de então havia constituído comissão de  
 
engenheiros, entre os quais o Sr. Olegário Maciel, incumbida de oferecer-lhe estudo integral de todas as estradas por que Minas ansiava.  
 
engenheiros, entre os quais o Sr. Olegário Maciel, incumbida de oferecer-lhe estudo integral de todas as estradas por que Minas ansiava.  
E do relatório extenso em que figuravam até mesmo sub-estradas, vias hipotéticas, destinadas a futuro remoto, não constava a estrada
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E do relatório extenso em que figuravam até mesmo subestradas, vias hipotéticas, destinadas a futuro remoto, não constava a estra¬da
 
destinada a favorecer o rincão de Cambuí, Camanducaia e Extrema. Mineiro Júnior, então, protesta com veemência e calor, acusando a  
 
destinada a favorecer o rincão de Cambuí, Camanducaia e Extrema. Mineiro Júnior, então, protesta com veemência e calor, acusando a  
comissão de agir sob influências políticas, desprezando os interesses regionais das respectivas populações. E tudo ficou assim...
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comissão de agir sob influências políticas, desprezando os interesses regionais das respectivas populações. E tudo ficou assim. . .
  
 
A "carta-aberta" redundou inócua, mas, com ou sem a interferência da política, tudo se resolveu a contento. Tudo se resolveu a contento,  
 
A "carta-aberta" redundou inócua, mas, com ou sem a interferência da política, tudo se resolveu a contento. Tudo se resolveu a contento,  
 
porque tudo pode ser mudado, menos a geografia.
 
porque tudo pode ser mudado, menos a geografia.
 
<nowiki>* * *</nowiki>
 
  
 
E, para bem demonstrar a profunda alteração que se processou nos serviços de transporte na Região Extremo--Sul do Estado, transcreve-se,  
 
E, para bem demonstrar a profunda alteração que se processou nos serviços de transporte na Região Extremo--Sul do Estado, transcreve-se,  
Linha 2 906: Linha 1 414:
 
====Santa Rita dos Pastéis====
 
====Santa Rita dos Pastéis====
  
Um dos divertimentos preferidos pelos que visitavam o Parque de Diversões da '''Feira Permanente de Amostras''', de Belo Horizonte,  
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Um dos divertimentos preferidos pelos que visitavam o Parque de Diversões da '''Feira Permanente de Amostras''', de Belo Horizonte, era, sem  
era, sem dúvida, a pitoresca jardineira denominada ''Santa Rita dos Pastéis''. Com os eixos propositadamente entortados,  
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dúvida, a pitoresca jardineira denominada ''Santa Rita dos Pastéis''. Com os eixos propositadamente entortados, proporcionava a seus pas-
proporcionava a seus passageiros, pagando dez tostões a corrida, solavancos capazes de arrancar vísceras e amassar ossos e músculos.
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sageiros, pagando dez tostões a corrida, solavancos capazes de arrancar vísceras e amassar ossos e músculos.
Pois bem, fui experimentar ''Santa Rita dos Pastéis'' no percurso de Estiva a Cambuí. A jardineira que faz o serviço de transporte de  
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Pouso Alegre a Cambuí, passando pela Vila de Estiva, não tem, é claro, as características da que desopilava o fígado dos alegres  
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Pois bem, fui experimentar ''Santa Rita dos Pastéis'' no percurso de Estiva a Cambuí. A jardineira que faz o serviço de transporte de  
visitantes da Feira de Amostras. Ao contrário, até: presta relevantes serviços e atende bem às necessidades sociais.
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Pouso Alegre a Cambuí, passando pela Vila de Estiva, não tem, é claro, as características da que deso-pilava o fígado dos alegres  
Mas, ''Santa Rita dos Pastéis'' toma, entre Estiva e Cambuí, um caráter diferente: não são os eixos propositadamente entortados,  
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visitantes da Feira de Amostras. Ao contrário, até: presta relevantes serviços e atende bem às necessidades sociais.
não é o veículo em si mesmo que põe em pandarecos os bofes da gente. É a estrada esburacada e imprópria que nos mói as carnes  
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e a alma. Porque também a alma, ao término da viagem, se sente conturbada e doente à vista do espetáculo triste que se suportou."
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Mas, ''Santa Rita dos Pastéis'' toma, entre Estiva e Cambuí, um caráter diferente: não são os eixos propositadamente entortados, não é o  
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veículo em si mesmo que põe em pandarecos os bofes da gente. É a estrada esburacada e impró-pria que nos mói as carnes e a alma. Porque  
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também a alma, ao término da viagem, se sente conturbada e doente à vista do espetáculo triste que se suportou."
  
 
O reverso da medalha agora impressiona: aí está a '''Fernão Dias''' magnífica, esplêndida, perfeita, larga, linda, ligando as duas capitais e as terras que o desbravador ligou com o tacão de suas botas e o suor de seu rosto. ..
 
O reverso da medalha agora impressiona: aí está a '''Fernão Dias''' magnífica, esplêndida, perfeita, larga, linda, ligando as duas capitais e as terras que o desbravador ligou com o tacão de suas botas e o suor de seu rosto. ..
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=== Imprensa===
 
=== Imprensa===
 
O primeiro jornal de que se tem notícia, editado em Cambuí, veio a lume nos primeiros tempos deste século. Denominava-se "O Itahim", étimo tomado ao principal rio do município, nascido ao pé da Pedra de São Domingos.
 
Bem lançado, bem redigido e, sobretudo, orientado com elegância e independência. Redatoriava-o o Coronel Lázaro Silva, que, ao mesmo tempo, advogava e dirigia hotel. Gerente: Clementino Azevedo.
 
O exemplar de 16 de junho de 1901, nº 18, publica veemente editorial de crítica a Cesário Alvim, que renunciara a Presidência do Estado, medrosamente, só porque em Campanha houve uma tentativa de rebelião popular, prontamente debelada. A crítica e causticante e severa, e o articulista assume atitude corajosa e altiva diante do impasse.
 
Vale a pena transcrever, desse mesmo número, o seu interessantíssimo
 
 
'''''Expediente'''''
 
 
''Publica-se aos domingos.''
 
 
''São nossos correspondentes:''
 
 
'''Rio de Janeiro:''''' M..J.  Gonçalves Pereira - Rua de São Bento nº 11, Monsenhor João Evangelista Braga
 
'''Inhaúma.''' - A. J.  Souza Botafogo
 
'''Pernambuco:''' Alfredo  Câmara  -  Administração-Geral  dos  Correios .
 
'''Minas:''' Dr. Alfredo  Pinto – Bello Horizonte.
 
'''Jaguary:''' Major  Bazilio  Ribeiro  de  Sá.
 
'''São  Paulo:''' Dr.  Antônio Braga - Largo 7 de Setembro n.9 7.
 
'''São Bento do Sapucahy''': Professor J.  Badaró.
 
'''São José dos Campos:''' Manuel  Teixeira  de  Souza.
 
'''Extrangeiro:'''
 
'''França:''' Dr.  F.  Germain,  engenheiro - Paris.
 
'''Itália:'''  Dr.  A.  Emiliani, médico - Montegiorgio.
 
'''Ilha de Malta:''' Cav.  Giuseppe Miller - Malta.
 
'''Japão:''' J.F.  Collaço  -  Chinese  -  Bank  Yokohama.
 
'''China:''' Álvaro  Antônio  Álvares  -  Hong-Kong.
 
'''Beytouth, Syria:'''  Gregoire Audi.
 
'''Ilha de Cuba:'''  Biagio Torrielli - Cônsul  em  Havana.
 
 
Como se vê, o pequeno hebdomadário cambuiense varava o mundo e espalhava-se vitoriosamente por todos os quadrantes da terra. Aos mais
 
longínquos países de lín-guas estranhas: China, Japão, Malta, Síria, onde os jornaleiros por certo apregoavam pelas ruas: "O Itahim! O
 
Itahim! Chegou O Itahim!"
 
 
Está isso na primeira página do jornal nº 18, de 16 de junho de 1901...
 
 
O prelo pertencia a seus dirigentes, motivo porque, transferindo-se o Coronel Lázaro Silva, cm razão de desaven¬ça política com os
 
dirigentes de Cambuí, instalou a máquina impressora em Jaguari, onde, aliás, veio a ocupar posição de destaque, clcgendo-se Presidente da
 
Câmara.
 
 
"O Itahim" teve o condão de despertar o interesse da cidade por um jornal que lhe acompanhasse os passos e levasse aos quatro ventos a
 
onda de progresso que a ia impulsionar. Providenciou-se a aquisição de prelo, o que foi feito mediante "ação entre amigos" e, em
 
consequência, instalada a oficina no prédio em que hoje funciona o Clube Recreativo, em salas próximas à casa do Tabelião Benedito
 
Salles.
 
 
Nesse mesmo local se instalou também a primeira mesa de bilhar que a cidade teve. Ali se reuniam elementos de prol da sociedade
 
cambuiense para o novo "passa tempo" de boa qualidade.
 
 
A tipografia era dirigida por João Batista Corrêa, cuja habilidade o fez aperfeiçoar-se logo na técnica da composição. Tinha por auxiliar
 
Achiles Frederighi.
 
 
Nasceu então, ali, o jornal "O Município", redatoriado por José Alexandre de Moraes, uma cultura bem de¬senvolvida, revestida de grande
 
modéstia. No exemplar de 6 de setembro de 1904 lançou vibrante editorial defendendo i ligação ferroviária Pouso Alegre a Bragança.
 
 
Era realmente um semanário bem feito. Conteúdo e continente. A sua apresentação gráfica excelente, como excelentes eram seus editoriais.
 
 
Cessadas as atividades de "O Município", outro jornal, ''A Propaganda", veio a defender as aspirações e os anseios de progresso da
 
comunidade local. Era dirigido pelo Dr. Drauzio Vilhena de Alcântara e assessorado também por José Alexandre de Moraes, em 1908, de curta
 
duração.
 
 
Depois desses bem feitos periódicos há um hiato pro-longado sem qualquer publicação jornalística, até que, em 1922, por ocasião da grave
 
luta política travada no município, surgem dois jornais combativos: "O Rebate", saído em primeiro lugar, defendendo a posição do partido
 
situa¬cionista, e "O Democrata", publicação iniciada em seguida, dando apoio às ideias deflagradas pela oposição. Terça¬ram armas por
 
algum tempo, atacando-se reciprocamente. Jornais de cunho partidário, trazendo, cada qual, interesses diferentes, tiveram resultados
 
negativos no desenvolvimento da campanha que defendiam.
 
 
Cessada a pugna com a vitória do situacionismo, extinguiram-se também os dois defensores partidários. E não foi sem tempo. . .
 
 
Mais tarde, em 1929, surge "O Progresso", dirigido por Levindo Lambert, tendo Waldir Lambert na orientação administrativa e no trabalho
 
gráfico. Durou pouco. Prestou bons serviços, defendendo as ligações rodoviárias interestaduais na Região do Sul de Minas.
 
 
Em 1930 é a vez da "Gazeta de Cambuí". Vai até 1931. São vários os seus redatores, entre os quais o Dr. I.ívio César, o Dr. Guttemberg
 
Fernandes e Levindo Lambert. Em sua última fase é redatoriado pelo Dr. Halley Lopes Bello, que lhe empresta grande brilho e o orienta
 
superiormente.
 
 
O Dr. José Ferreira da Silva Júnior funda "O Expositor Municipal", bem impresso e de bom conteúdo lite¬rário .
 
 
Encerrada essa fase de publicações periódicas, o Deputado Milton Salles, cm 1949, findo o ciclo ditatorial
 
 
cm que viveu o País, põe a lume o "A Montanha", destinado a uma bela posição no cenário jornalístico do Estado. Jornal bem feito.
 
Intérprete da União Democrática Nacional. Teve vida curta, mas semeou boa semente na seara oposicionista do Estado.
 
 
Recentemente um grupa de jovens fez publicar o "Atalaia", que chegou a expedir poucos exemplares, sem jeito de prosseguimento efetivo — o
 
que foi deveras lamentável. Tratava-se de uma publicação embebida de boas intenções e fundamentada no interesse de divulgar a marcha do
 
progresso na cidade e de fazer cultura no sentido mo¬derno e eficiente da palavra.
 
 
Conserva-se ainda a lembrança de um pequeno jornal, "A Flecha", de cunho humorístico, de que era redator Levy de Laert, pseudônimo de
 
Levindo Lambert, tendo como gerente Xandó, apelido de Alexandre de Salles Fanuchi, de saudosa memória. Viveu pouco. Morreu cedo...
 
 
 
=== Bibliotecas ===
 
=== Bibliotecas ===
 
Há na cidade três boas bibliotecas: a "José Alexandre de Moraes", da Prefeitura, com 2.301 volumes; a do Clube Recreativo "Rui Barbosa",
 
com 968 volumes e a do Colégio Estadual, somando já 3.600 obras especializadas, denominada "Dr. Halley Lopes Bello".
 
 
A biblioteca da Prefeitura, aberta ao público, padece a falta de classificação adequada, obedecendo apenas a uma catalogação empírica.
 
Mas a do Clube Recreativo mantém classificação decimal, Sistema Dewey, instalada em sala adrede preparada para o mister, bem equipada e
 
simpática. A biblioteca do Colégio Estadual — a melhor da cidade — é privativa do estabelecimento e suas obras se completam em torno
 
das disciplinas em que se desdobra o currículo escolar.
 
 
A frequência das bibliotecas públicas é compensadora e satisfatória.
 
 
 
=== Cinema ===
 
=== Cinema ===
 
Lá pelos anos de 1912 ou 1911.5 é que se instalou o cinema na cidade. Funcionava no prédio onde hoje se acha o mercado, que, por sua vez,
 
em virtude de tremenda manta passada pelo Sr. Ricardo José Pereira à Câmara Municipal, quando presidente o Sr. Silvério Bento da Silva,
 
funcionava onde hoje está o cinema, na Praça da Matriz.
 
 
A inauguração do cinema foi um acontecimento de grande repercussão em Cambuí e seus arredores. Instalara--o uma empresa de que era
 
presidente o saudoso farmacêutico José Luiz Tavares da Silveira.
 
 
Os trabalhos técnicos foram feitos pela inteligência biilhante de João Batista Corrêa, mais tarde substituído pelo também inteligente
 
Lázaro Silva.
 
 
Não havia luz elétrica na cidade. Um gerador a gasolina produzia tanto a energia necessária como a luz in-terna e externa. A Banda de
 
Música do Zeca Pedro rompia um dobrado nos confins da Rua Coronel Lambert e marchava para o cinema, arrastando já um punhado de
 
assistentes. A igreja se esvaziava e Frei Marcelino Dorelli, carmelita descalço, pregava zangado:
 
 
''- Calígula  tinha    um    cavalo  chamado Incitatus. Elegeu  o  cavalo  Senador  de  Roma  e  lhe  dava  banquetes, comidaria''
 
''fina e bebidas gostosas. Mas o cavalo relinchava e pateava desesperado quando via um feixe de alfafa.'' 
 
 
E concluía, cheio  de humor:
 
 
'' - O povo de Cambuí é como o cavalo de Calígula: deixa a igreja para procurar o cinema.''
 
 
Não adiantava a arenga do frade ingênuo e bom. O povo largava a reza e acompanhava a banda de música, a caminho do cinema...
 
 
A projeção era feita por trás da tela, e o Abel Guimarães se incumbia de, em cada intervalo de filmes, molhá-la intensamente. E é
 
justamente  por causa do Abel  Guimarães, um português fino c astuto, que surgem agora estas notas ligeiras. Porque o Abel Guimarães pode
 
ser considerado precursor do cinema falado. Ficava ele por trás da tela, de martelo em punho, bigorna e outros petrechos ruidosos e
 
sonoros, para, no momento exato, produzir o som ou o ruído que o drama ou a comédia representavam. Às vezes o estampido da garrucha do
 
Abel não coincidia com a detonação do drama, mas a valsa langorosa do Cornélio desviava a atenção dos espectadores. E tudo ia bem, afinal
 
de contas, magnificamente bem mesmo, lá pelos bancos compridos que enchiam a pequena sala, toda às escuras...Tontollini arrancava
 
grossas gargalhadas, Teda Bara deitava olhares cobiçosos, e o Abel teria lançado seu nome na história, se se previsse a extensão que a
 
técnica, a ciência e a arte fariam ao cinema moderno...
 
 
Atualmente a Empresa de Wanderley Meyer atende perfeitamente às exigências de seus usuários. Além de proporcionar-lhes conforto interno,
 
poltronas amplas e distintas, preocupa-se em exibir filmes de longa-metragem e de alta qualidade.
 
 
Não contente, a empresa constrói agora uma nova sala de exibições dotada de todos os requisitos modernos de beleza e conforto. Oferece
 
sessões diárias, às 20 horas, e aos sábados e domingos três sessões intervaladas.
 
 
 
=== Teatro ===
 
=== Teatro ===
 
De longa data foram bem cultivados em Cambuí o gosto e a técnica teatrais. A arte dramática tinha aí apaixonados cultores. Fundara-se o
 
''Grêmio Artur Azevedo''.
 
 
Não havia prédio próprio, e os amadores da arte serviam-se de um pavilhão outrora existente mais ou menos onde está boje a casa nº 358,
 
da Rua Coronel Lambert. Era propriedade do Major João Correia da Silva. Tudo simples. Piso de terra socada. Palco improvisado ao fundo.
 
 
Cada assistente levava consigo, na noite da representação, cadeira, tamborete ou banco em que se aboletava e que reconduzia para sua casa
 
logo que encerrasse a peca. A criançada assistia o espetáculo gostosamente espalhada pelo chão...
 
 
O grande animador do teatro era João José Pereira o João Pedreiro, como era conhecido. Quase analfabeto, mas dotado de memória prodigiosa, linha, como quase todos os portugueses, pendor razoável para a interpretação de personagens importantes nos dramalhões sentimentais da época. Seus filhos Nico Pedreiro e Aquilino tomavam parte. Os demais comparsas João Tota, Lindolfo Sales, Zé Fidélis, Zeca Pedro, Anália Lambert, João Gato, serviam sofrivelmente na comparsaria da peça. Silvino José Ferreira vinha de Jaguari
 
para completar o elenco. E nessas idas-e-vindas acabou casando-se com Aquilina.
 
 
Tempos depois, já em prédio próprio, onde está hoje. o cinema, construído por Ricardo José Pereira e passado por barganha à Câmara
 
Municipal, que ali pretendia insta¬lar mercado, foram levadas algumas pecas representadas por Alfredo da Costa Magalhães, Antônio Omelas
 
e João Pedreiro, três bons portugueses, e outros. O dramalhão "Ghigi" foi encenado ali.
 
 
Bem mais tarde, em 7 de setembro de 1918, Levindo Lambert interpreta o personagem principal do drama "Artur, o Jogador", e Chiquito
 
Fanuchi e Quincas Duarte fazem-se admirar por suas boas qualidades de cômicos em comédia levada a efeito no final do espetáculo.
 
 
Há, depois, um hiato demorado nos bastidores modestos do palco e, em 1925, vai à cena a Revista Musicada ''Cambuí por dentro e por fora'', de autoria, letra e música de Levindo Lambert, sobre costumes locais. A peça foi as¬sim levada, personagens e quadros:
 
 
Nhô Belarmino - Alfredo Magalhães;
 
Trancoso - Duílio  Capossoli .
 
 
Quadros:
 
 
I — "As Árvores" — Edith Magalhães, Ana Salles, Josephina Magalhães, Floripes Nascimento e Arminda Silva.
 
II - "O Ford" — Sálvio Magalhães. Coro: Alice Fanuchi, Filomena Silva, Olinda Magalhães e Maria Joana Eiras.
 
III - "As Estradas" — Efigênia Lambert, Mariinha Lambert e Benedita Carvalho.
 
IV - "O  Trabalho" - Francisco  Capossoli.  Coro:  Maria Joana  Eiras, Alice Fanuchi  e  Olinda  Magalhães.
 
V - "Câmara  Municipal"  - Edith  Magalhães.
 
VI - "Capitão Soares" — Antenor  Ramos.
 
VII - "Gratidão" - - Filomena  Silva.
 
VIII -  "Os Cacoetes" - José de Barros Duarte, Francisco Capossoli,  Antenor Ramos e  Duílio  Capossoli.
 
IX - "Os Piraquaras" - Mariinha    Lambert, Benedito Moraes  e Duílio Frederighi.
 
X - "O Poeta" - Mariinha Lambert.
 
XI - "O Amor" - Nenete Lambert e Tereza Nascimento.
 
XII - "A  Serenata" - Francisco Capossoli.
 
XIII - "A  Pinga" - Edith  Magalhães, Efigênia Lambert, Ana Salles, Alice Fanuchi e Antenor Ramos.
 
XIV - "A  Saudade" - Filomena  Silva.
 
XV —  "Hino a Cambuí" — por todo o elenco.
 
Segunda parte:
 
"Uma  Troça  de  Estudantes" —  comédia.
 
Personagens:
 
Nhô Jucá (caipira): Antenor  liamos;
 
Augusto: José de  Barros Duarte;
 
Luiz: Duílio Capossoli;
 
Alfredo: Benedito Moraes;
 
Curiós: José Nascimento  (estudantes).
 
 
A parte musical ficou sob a regência do escultor italiano Agostinho Odísio e a orquestra se constituiu dos seguintes músicos: João de
 
Salles Fanuchi, Elias Fanuchi, Coniélio Lambcrt, Zico do Tota, José dos Heis, José Hilário e João Lagata.
 
 
Na reprise foi oferecido ao autor, festivamente, seu busto em tamanho natural, esculpido pelo artista italiano Agostinho Odísio.
 
 
Dois anos mais tarde, em 1927, o mesmo autor encenou nova revista teatral musicada: ''Cambuí etc. e tal'', com os seguintes personagens e
 
quadros:
 
 
Cel. Manduca (fazendeiro) - José  Nascimento
 
Nhá Vevá, sua mulher - Edith  Magalhães
 
Tolentino - Duílio Capossoli
 
Chofer - Antônio  Salles Oliveira
 
Transeunte I - Conceição Moisés
 
Transeunte II - Aparecida Salles
 
Leiteiro - João Nascimento
 
Melindrosa - Maria Nascimento
 
Almofadinha - Donana Salles
 
Dona Língua - Maria  Joana  Eiras
 
Menina A -  Aparecida Moraes
 
Menina B - Conceição Lambert
 
Menino I - Nenete Lambert
 
Bilheteiro - Waldyr Lambert
 
Bilheteiro II -João Nascimento
 
 
Quadros:
 
 
I - "Alvorada" — solo de Alice Fanuchi e coral feminino.
 
II - "Jardim" — solo de Antônio Salles Oliveira e coro de vozes femininas.
 
III - "Transeuntes" — solo de Ana Salles.
 
IV - "Mercado" —  solo  de  Francisco  Capossoli  e  coral feminino.
 
V - "Os  Distritos"  — ''Bom  Retiro'',  por  Antônio  Salles Oliveira; ''Córrego'', por Tereza Nascimento e ''Cidade,'' por Filhinha Oliveira.
 
VI - "O Leiteiro" — solo por João Nascimento.
 
VII - "Almofadinha" — por Ana  Salles.
 
VIII - "Amor  na  Roça"  —  dueto  por  Filomena  Silva    e Efigênia Lambert.
 
IX - "Dona língua" — por Maria Joana Eiras.
 
X - "O Jogo" — solo por Déa Moraes e coral feminino.
 
XI - "As Rifas" - meninos João Nascimento, Waldir Lambert, Aparecida Salles, Conceição Lambert e Tereza Nascimento.
 
XII — "A Caridade" — solo de Alice Fanuchi e coro de Déa Moraes, Benedita Carvalho, Maria Joana Eiras e Clarisse Moraes.
 
XIII - "Hino de  Cambuí" — coro misto.
 
 
Na primeira parte do programa:
 
 
#"O Meu Sertão" — coral por Alice Fanuchi, Edith Magalhães, Maria Nascimento, Efigênia Lambert, Ana Salles e Filomena Silva.
 
#"As Borboletas" — pelas meninas Filhinha  Oliveira, Aparecida Salles, Mércia Moraes e Carmen Venturelli.
 
#"A Sertaneja" — por Efigênia Lambert, Clarisse Moraes,  Déa Moraes  e  Filomena  Silva.
 
#"Saudade do Meu Sertão" — solo por Edith Magalhães.
 
#"Vivo Feliz" - solo  por Maria  Nascimento.
 
#"Canção da Mocidade" - dueto por Benedita Carvalho e Ana Salles e coral misto.
 
 
Coube ao autor da peça reger a parte musical, orquestra constituída dos mesmos elementos da revista anteriormente encenada.
 
 
Estiveram presentes neste festival o Jazz-Band de Estiva e a Banda de Música de Vargem-do-Paiol, bairro do distrito da cidade.
 
 
Cabe aqui encarecer a colaboração prestada, sempre, desde os primeiros tempos das apresentações da Rua Cel. Lambert nº 358, por Antônio
 
da Silveira Lambert (Toniquinho Coletor), na qualidade de "ponto".
 
 
O teatro decaiu em Cambuí, a partir dessa última apresentação, como, aliás, por todas as cidades do interior, com o advento do cinema e,
 
por último, da televisão.
 
 
Nos últimos tempos, entretanto, Sérgio Cardoso, o grande intérprete de "Antônio Maria", tão cedo arrebatado pela morte, frequentando
 
assiduamente Cambuí, preparou um grupo de moços e encenou duas peças clássicas: '''Júlio César''', de Shakespeare, e "Armadilha Para Um Homem Só", de Robert Thomas. A apresentação teve o patrocínio do Teatro do Estudante Cambuiense (TECA). A municipalidade conferiu por sua vez a Sérgio Cardoso, o título de "Cidadão Cambuiense".
 
 
 
=== Bandas de música ===
 
=== Bandas de música ===
 
Madrugaram na inteligência do cambuiense o pendor e o gosto devotados à música.
 
 
Entre 1870 e 1880 floresceram na freguesia duas excelentes bandas de música, alimentadas pelas duas maiores famílias da localidade:
 
Lambert e Quintino.
 
 
Da banda dos Lamberts conserva-se, ainda hoje, nítida fotografia em que figuram, entre outros, Antônio Luiz de Brito Lambert (Tota),
 
Maximiano José de Brito Lambert, que veio a ser professor primário de muitas gerações, Francisco Antônio de Brito Lambert (Chico de
 
Brito). Olegário de Brito Lambert e Francisco Crisóstomo da Silveira, casado na mesma família. Os demais figurantes da histórica
 
fotografia não são reconhecidos mesmo por cambuienses de avançada idade.
 
 
Da banda de música dos Quintinos pouco se sabe, lembrando-se apenas que era requintista o Cel. Justiniano Quintino da Fonseca, tempos
 
depois querido e acatado chefe da política local.
 
 
Extintas essas corporações, veio, bem mais tarde, para a cidade, o Maestro Marceliano Braga, que pôde organizar uma banda de música da
 
qual, aliás, faziam parte Cornélio Lambert, Bastico Moraes, João Tota, Alvico, José Figueiredo, João Astolfo, Lindolfo Salles, João
 
Batista Corrêa e muitos outros que, com o passar dos tempos, permaneceram na ribalta, integrando a banda reorganizada pelo maestro José
 
Pedro Vieira da Silva, após a retirada de Marceliano Braga para Varginha.
 
 
Zeca Pedro, membro de uma família de bons musicistas, natural de Paraisópolis, prestou grandes serviços a Cambuí, que lhe deve ainda seus
 
melhores músicos. Era artista de notáveis qualidades, dotado de uma intuição musical verdadeiramente invulgar e de capacidade rara na
 
execução de vários instrumentos. Se Zeca Pedro tivesse vivido em meios cultos e se posto em contato com a música acadêmica, sem nenhuma
 
dúvida seria um de nossos grandes virtuosos. Formou ele uma plêiade de músicos aos quais possibilitou conhecimentos e técnicas capazes de
 
prosseguirem, na sua ausência, a tarefa da divulgação musical.
 
 
Foram seus discípulos: João Lambert Ribeiro, posteriormente Catedrático da Escola Nacional de Música; José dos Reis, regente e
 
compositor; Zé Hilário, Sílvio Lambert, Chiquito Fanuchi, Aquiles e Pilado Frederighi, Palazio Padilha, Benjamim de Paiva, Levindo
 
Lambert, Maximiano Lambert e outros. A banda que então organizou ficou assim constituída: José Figueiredo e João Astolfo, baixos; Cornélio, clarineta; Bastico Moraes, requinta; João Tota, bom-bardino; Chiquito Moraes, pistão; João Grilo, sax mi-bemol; Palazio, Zé Hilário, Chiquito Fanuchi, Sílvio Lambert e Pílade, sax si-bemol; Aquiles, pistão; João Lagata, bumbo; e Zé Fidélis, rufo.
 
 
Essa banda, denominada "Carlos Gomes", foi, a pouco e pouco, perdendo e ganhando elementos, até que João Lambert Ribeiro fundou a sua
 
banda, abrindo-se então uma competição musical verdadeiramente notável. Dê-se a palavra, neste ponto, ao jornalista José dos Reis,
 
autodidata de fino quilate, também musicista, compositor e regente, que, sob a epígrafe "Sapos e Curiangos", assim se expressa, em
 
artigo publicado na "Gazeta de Cambuí", de 3 de outubro de 1948:
 
 
''"Não estou bem certo, mas parece-me que foi em 1911 ou 1912 que o jovem Joãozinho Ribeiro organizou a Corporação Musical "12 de Outubro",''
 
''sob sua competente batuta. Organizada a banda nova, outro jovem, Levindo Lambert, reorganizou a banda velha com elementos da antiga''
 
''corporação regida pelo competente professor-de-música, Maestro José Pedro Vieira da Silva, na ocasião residente em Inconfidentes, de Ouro Fino."
 
 
''A banda de Joãozinbo Ribeiro era composta dos seguintes músicos: Aquiles Frederighi, pistão; Avelino Modesto, requinta; Joãozinho''
 
''Ribeiro, Elias Fanuchi e Pílade Frederighi. clarinetas; João Telefone, trombone ''cantabile''; Palazio, bombardino; Chiquitão, baixo;''
 
''Afonso Guimarães, 1º si-bemol; Nico Quirino, 2º si-bemol; Antônio Casemiro, 1º si-bemol; Chiquitinho, 2º si-bemol, depois pistão;''
 
''José da Elisa, 1º mi-bemol; Benedito Maria, bumbeiro; José Cecília, prateleiro; e João Fanuchi, rufeiro, depois bombardino e,''
 
''por último, compositor.''
 
 
''Da banda velha faziam parte os seguintes elementos: João Tota, requinta; Cornélio, Totônio Marques, Zorico e Benjamim Paiva,''
 
''clarinetas; José Hilário, trombone-de-canto; Levindo Lambert, bombardino; Zé dos Reis, Alvico e Maximianinho, pistão; Zé Figueiredo e''
 
''João Astolfo, baixos; Dudu e Waldomiro Lambert, 1º si-bemol; Laudelino Pedreiro, João do Neco, Zequinha do Astolfo e Deodato, 2º si-"
 
''bemol; João Grilo, 1º mi-bemol; João Lagala, 2º mi-bemol; Nico Zorico, 3º mi-bemol; José Israel, bumbeiro; José da Chica, prateleiro; e" ''Horário do Neco, rufeiro.''
 
 
''Logo que Joãozinho iniciou os ensaios de sua filarmônica em casa de seu velho genitor, Cap. João Ribeiro, de saudosa memória, onde''
 
''atualmente reside o Sr. Candoca, o pessoal da outra banda apelida os músicos da banda nova de "sapos", pelo fato de ensaiarem à beira''
 
''do brejo. Em represália, os rapazes do Joãozinho apelidam os moços da banda velha de "curiangos", pássaro de olhos reluzentes e que é''
 
''encontrado à noite voando pelas estradas, à frente dos viajantes.''
 
 
''Surgiu daí forte animosidade entre os com¬ponentes das corporações. Se uma tocava o "Silvino Rodrigues", a outra parodiava-o e o batizava ''de "Tira-Prosa". ''A outra parodiava a mesma música e crismava-a de "Cala-a-Boca", como quem diz: comigo ninguém pode. Mas a música que''
 
''ambas tocavam com gosto, entusiasmo e imponência, era o dobrado "Quinze", cujo arranjo, harmonia e melodia encantavam e prendiam a''
 
''atenção da gente. Ambas uniformizadas, disciplinadas e bem ensaiadas, sempre faziam "bonito" onde quer que tocassem. Os dois jovens de''
 
''1912 tiveram as respectivas situações totalmente mudadas: Levindo Lambert é Diretor do Conservatório de Música de Minas Gerais e''
 
''Joãozinho Ribeiro é Catedrático de Violino da Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro”''
 
 
Não completou o saudoso articulista o posfácio dos acontecimentos. É que o aperfeiçoamento e a competição dessas duas bandas despertaram
 
as preferências populares, ficando a cidade dividida em duas facções, apoiando ou repelindo uma e outra.
 
 
Os ânimos se exaltaram tremendamente. Velhas amizades se desfizeram.
 
 
E, para evitar maiores consequências, o Dr. Carlos Cavalcanti, Juiz de Direito da comarca, convocou elementos representativos da cidade
 
para uma reunião a realizar-se no salão nobre da Câmara Municipal. Abertos os trabalhos, expôs a situação, dando-lhe colorido realista e
 
dramático, ressaltando ao mesmo tempo os perigos que se delineavam para a paz cambuiense, caso persistisse a divisão da população em duas
 
facções distintas, apoiando "sapos" e "curiangos". Sugeriu, por fim, que uma das bandas encerrasse suas atividades, decidindo-se que a
 
mais antiga, com direi-los adquiridos, se mantivesse ativa.
 
 
Por essa forma, morreu a Banda "12 de Outubro", a dos "sapos", regida por João Lambert Ribeiro.
 
 
Aconteceu, porém, que, encerrada a emulação, a banda remanescente perdeu seu interesse e declinou em qualidade...
 
 
Por outro lado - como foi dito por José dos Reis - João Lambert Ribeiro matriculou-se no Conservatório de São Paulo e, depois de
 
concluído o respectivo curso, disputou, por concurso, a Cátedra de Violino na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, logrando
 
êxito; e Levindo Lambert, por igual, seguiu para Pouso Alegre e Ouro Fino, formando-se em Farmácia e, posteriormente, em Direito, pela Universidade de Minas Gerais, sendo nomeado Professor-Catedrático de Dicção do Conservatório de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, cuja diretoria também exerceu por muitos anos.
 
 
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Passada essa fase, nova etapa se abre para a música local. Tempos depois, em que o recesso das corporações concorreu para a sua
 
decadência, Levindo Lambert, quando estudante de Farmácia, organizou uma banda-mirim, constituída de meninos e rapazolas. Muitos desses
 
elementos aperfeiçoaram suas técnicas e qualidades, persistindo no ofício e mantendo-se, até hoje, em atividade.
 
 
Outra fase, no entanto, se abriu para a música em Cambuí, quando, em 1922, deflagrou-se apaixonada luta política, em cujo desdobrar fatos
 
desabonadores para os foros de civilização de seu povo vieram perturbar a tranquilidade local. Nessa ocasião, o Partido Democrata, que
 
fazia oposição à política dominante, organizou banda de música para seus festejos e propaganda.
 
 
Foi a Banda "Santa Cecília", que teve a duração das rosas de Malherbe...Regia-a Levindo Lambert.
 
 
Encerrada a luta, de duração curta, também ela se dissolveu, indo seu instrumental a constituir o acervo inicial da Banda "Santa
 
Terezinha", organizada por José Francisco do Nascimento, grande lidador e grande músico, a quem a cidade e seu povo muito devem nesse e
 
em outros setores de sua atividade e de seu bem-estar.
 
 
Essa banda ficou assim constituída : Isaú Dias Marques, Antônio Padilha de Moraes (Sancré), João Batista do Nascimento, Benedito Salles,
 
João Batista Salles (João Ros-cão), Geraldo Salles (Ganzela), Lázaro Teixeira de Carva-iho (Fio do Neco), José Moacir Lambert, Geraldo
 
Cipriano (Tatita), José Lambert (Zico do Tota), Waldir Lambert, Geraldo Lagata, José Francisco do Nascimento, Sebastião Moraes  (Tião), 
 
José  Ferreira  da  Silva  (Dê  do  Adolfo)    e Adolfo Bento da Silva  (Picuma).
 
 
A regência de José Nascimento, a partir de então, foi frutuosa, não só pelos atributos artísticos que exortam a personalidade do grande
 
cambuiense, como também pelo prestígio que seu cargo (Prefeito) emprestava à corporação. Substituiu-o na direção da banda Ismael de
 
Paiva, que recebeu de seu sogro, José Nascimento, o mesmo espírito desportivo de amor à música e de desprendimento por resultados
 
financeiros.
 
 
Atualmente, a Banda "Santa Terezinha", com a colaboração do grande pistonista Altino de Souza Bom, vem procurando melhorar cada vez mais
 
suas condições técnicas e artísticas, realizando retreta, aos domingos, na Praça Gel. Justiniano. Concorre sobremodo para a difusão
 
cultural de seu povo e para o maior encantamento das tardes domingueiras de Cambuí.
 
  
 
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''Sentados, da esquerda para a direita: José dos Reis, Maximiano Lambert, José Hilário Lambert, advogado Paiva Júnior (diretor), João''
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''Sentados, da esquerda para a direita: José dos Reis, Maximiano Lambert, José Hilário Lambert, advogado Paiva Júnior (diretor), João Lambert, Osório Marques, Antônio Leopoldo Marques e Benjamin de Paiva Cardoso. Em pé, da esquerda para a direita: Horácio Teixeira de Carvalho, José Figueiredo, João Batista Duarte, João Lagatta, Florduardo Lambert, Waldomiro Lambert, Adelino Carvalho, Antônio Marques, João Astolfo de Moraes, José Brasilino e José Miguel Padilha. No centro, em pé, Levindo Lambert, regente (1914).''
''Lambert, Osório Marques, Antônio Leopoldo Marques e Benjamin de Paiva Cardoso. Em pé, da esquerda para a direita: Horácio Teixeira de''
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''Carvalho, José Figueiredo, João Batista Duarte, João Lagatta, Florduardo Lambert, Waldomiro Lambert, Adelino Carvalho, Antônio Marques'',  
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''João Astolfo de Moraes, José Brasilino e José Miguel Padilha. No centro, em pé, Levindo Lambert, regente (1914).''
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''Sentados, da esquerda para a direita: Francisco Pereira Lambert, Elias Fanuchi Lombardi, Avelino Caetano, Francisco de Salles Famiehi,''
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''Sentados, da esquerda para a direita: Francisco Pereira Lambert, Elias Fanuchi Lombardi, Avelino Caetano, Francisco de Salles Famiehi, Pilade Frederighi, Palazio Pudilha, João de Salles Fanuchi e "não identificado". Em pé, da esquerda para a direita: "não identificado", Joaquim Salomão, Justiniano Padilha, Osório Guimarães, Antônio Casemiro, "não identificado" e José Bernardino. O maestro João Lambert Ribeiro, regente, não figura na fotografia.''
''Pilade Frederighi, Palazio Pudilha, João de Salles Fanuchi e "não identificado". Em pé, da esquerda para a direita: "não identificado",''
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''Joaquim Salomão, Justiniano Padilha, Osório Guimarães, Antônio Casemiro, "não identificado" e José Bernardino. O maestro João Lambert''
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''Ribeiro, regente, não figura na fotografia.''
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''Sentados, da esquerda para a direita: José Lambert, Waldyr Lambert, Geraldo Lagarta, José Francisco do Nascimento (regente), Sebastião''  
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''Sentados, da esquerda para a direita: José Lambert, Waldyr Lambert, Geraldo Lagarta, José Francisco do Nascimento (regente), Sebastião  Moraes, José Ferreira da Silva e Adolfo Bento  da Silva. Em pé, da esquerda para a direita: Isaú Dias Marques, Antônio Padilha de Moraes, João Batista do Nascimento, Benedito Salles, João Batista Salles, Geraldo Salles (Ganzela), Lázaro Teixeira de Carvalho, José Moacir Lambert e Geraldo Cupriano de Moraes.''
''Moraes, José Ferreira da Silva e Adolfo Bento  da Silva. Em pé, da esquerda para a direita: Isaú Dias Marques, Antônio Padilha de Moraes,''
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''João Batista do Nascimento, Benedito Salles, João Batista Salles, Geraldo Salles (Ganzela), Lázaro Teixeira de Carvalho, José Moacir''
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''Lambert e Geraldo Cupriano de Moraes.''
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== Capítulo XIV - Personalidades ilustres ==
 
== Capítulo XIV - Personalidades ilustres ==
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== Capítulo XIX - Minha terra ==
 
== Capítulo XIX - Minha terra ==
 
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''Levindo Lambert''
 
''Levindo Lambert''
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  És bela, és boa, és rica e abençoada,
 
  És bela, és boa, és rica e abençoada,
 
  E tens o encanto das regiões divinas.
 
  E tens o encanto das regiões divinas.
    Salve, Cambuí,
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  Salve, Cambuí,
    Terra querida !
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  Terra querida !
    A nossa vida
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  A nossa vida
    Será por ti !
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  Será por ti !
 
  O solo teu, fecundo, em farta messe,
 
  O solo teu, fecundo, em farta messe,
 
  Nos dá conforto e paz, nos dá riqueza,
 
  Nos dá conforto e paz, nos dá riqueza,
 
  E vigorosa e ardente a natureza
 
  E vigorosa e ardente a natureza
 
  Em frondes, flores, frutos se enriquece.
 
  Em frondes, flores, frutos se enriquece.
    Os filhos teus são bons e laboriosos
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  Os filhos teus são bons e laboriosos
    - E são assim na vida - honrando a ti -
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  - E são assim na vida - honrando a ti -
    O Pátria de nomes tão formosos:
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  O Pátria de nomes tão formosos:
    - Brasil, Minas Gerais e Cambuí !
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  - Brasil, Minas Gerais e Cambuí !
  
 
(Oficializado pela Lei Municipal nº 542, de 15-01-1973).
 
(Oficializado pela Lei Municipal nº 542, de 15-01-1973).
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Edição para a Wikipédia: Luís Carlos Silva Eiras
 
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''Dedicatória''
 
  
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''Levindo reclama da revisão do livro impresso''
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''As palavras mais citadas no livro:''
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